“Psicotrópico, eu preciso?” – Uma campanha pelo uso racional de psicofármacos.

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Trabalho realizado pelos estudantes de medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Flora Tamires Moura Bandeira, Gabriella Fernandes Soares e Rodolpho Pinto de Mendonça), em parceria com os profissionais da Unidade Básica do Amarante sob a precepetoria da professora Ana Tânia Sampaio.

1. Introdução
Psicofármacos, também conhecidos como psicotrópicos são substancias que atuam no sistema nervoso central e que são usadas no tratamento de distúrbios psíquicos. Cerca de 400 milhões de pessoas sofre atualmente de desordens mentais ou de problemas psicossociais relacionados ao abuso de drogas ou de álcool. Historicamente o homem utiliza substâncias químicas que geram mudanças em seu nível de consciência ou que produzem reações físicas ou mentais temporariamente prazerosas e é nesse contexto que o consumo de psicofármacos ganha destaque. Estima-se que 50 milhões de pessoas façam uso diário dessas substâncias e que um em cada 10 adultos recebe prescrição de benzodiazepínicos a cada ano. Dentre as classes mais prescritas estão os antidepressivos e os ansiolíticos, e a depressão, insônia e ansiedade são as condições mais citadas que justificam o uso dos psicofármacos.

2. Problema
A partir dos atendimentos, da territorialização realizada na microárea 04 da Unidade Básica do Amarante (UBS – Amarante) e de rodas temáticas se identificou uso abusivo, sem identificação e irracional de psicotrópicos pela população da comunidade do Amarante.

3. Justificativa
O uso prolongado de psicofármacos leva a quadros de dependência, além de trazer graves efeitos colaterais como diminuição da atividade psicomotora, prejuízo da memória, provocar demência a longo prazo e constituir um fator de risco para quedas nos idosos.

4. Público alvo
Profissionais da área de saúde da Unidade Básica do Amarante (médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionista, agentes comunitários de saúde), bem como usuários de psicofármacos da comunidade adstrita no Amarante.

5. Objetivos
Conscientizar os profissionais da saúde e população local sobre os efeitos adversos do uso indiscriminado de psicofármacos;
Criação do grupo terapêutico do Amarante sobre uso de psicofármacos;
Desestimular o uso irracional de psicofármacos.

6. Metodologia da Intervenção
Inicialmente, foi feita uma capacitação com exposição dialogada do problema com os profissionais da UBS – Amarante buscando conscientizar os profissionais sobre a gravidade do problema e a importância em desestimular o uso abusivo das medicações, convidando-os a juntos tentar diminuir essa prática.
Em um segundo momento, após convite prévio pelos Agentes Comunitários de Sáude, realizou-se nova exposição dialogada, com a população usuária de psicofármacos conscientizando-os sobre os riscos trazidos pelo uso errôneo e sem indicação desse tipo de medicação. Posteriormente foi realizada uma vivência com os participantes presentes na tentativa de fazê-los interagir e expor quais os motivos que os levaram ao uso da medicação. Por fim, a população foi convidada a formar um grupo terapêutico com os profissionais da UBS para auxiliar no desmame das medicações e foi realizado um lanche de confraternização ao final da reunião.

7. Resultados e conclusões
A intervenção ocorreu nos dias 25/11/13 e 27/11/13, totalizando mais de 50 participantes nos dois momentos, divididos entre profissionais e estudantes de medicina e enfermagem atuantes na UBS, além da população usuária dos psicotrópicos.
Ambos os grupos, mostraram-se bastante interessados em diminuir o uso irracional das medicações, entendendo os riscos que seu uso traz. A população expôs os problemas que levaram a iniciar o uso e, predominantemente, se tornaram conscientes e abertos a iniciar o desmame, quando indicado, a fim de abandonar o uso das medicações de forma multidisciplinar e sempre acompanhados pelo médico e outros profissionais da UBS.

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8. Referências Bibliográficas
1) Beltrame, MM. Análise do padrão de consumo de psicofármacos dos usuários da estratégia de saúde da família do bairro Centro no município de São Ludgero-SC. Santa Catarina. Tese de Especialização. Tese [Especialização em Saúde Mental]. Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC; 2010.

2)WHO (World Health Organization), “As burden of mental disorder looms large, countries report lack of mental health programmes”, Genebra 2001. Disponível em: https://www.who.int/
3) NASTASY, H. et al, “Diretriz: Abuso e dependência do Benzodiazepínico, Associação Brasileira de Psiquiatria”, 2002. Disponível em: https://www.viverbem.fmb.unesp.br
4) CASTRO, LAPG & LARANJEIRA, R. Dependência de benzodiazepínicos. Unidade de Pesquisa em álcool e drogas, São Paulo, 2000. Disponível em: https://www.uniad.org.br