nova investida da drogadição lícita II – Dar um plus no barato?
Sai artigo no Estadão sobre uso de tríplice bomba para dar um "plus no barato". Uma composição de Viagra ( para potencializar a " libido" ) + Ecstasy + um medicamento do coquetel antiaids ( para "prevenir" o contágio ) é a nova parafernália usada em baladas. Trago esta discussão para a rede pois é paradigmática do ethos contemporâneo.
Em outro momento ( nos e-mails ), pensamos a questão do uso de ritalina para bombar o funcionamento cognitivo. E pior, com a chancela da ciência! Parece que o desejo é tomado em sua produção de uma intensidade máxima, desejo de uma performance cognitiva extrema, desejo e desempenho sexual potentíssimo. Isso é novo?
Comecei a lembrar dos anos dourados da experiência hippie, digo dourados porque vivi minha juventude nesta época. Dizer que o encontro ou o desafio da MORTE é um diferencial para pensarmos as diferenças entre as épocas não cola. Naqueles anos, o encontro com a morte se dava pela via das overdoses, por exemplo.
O quê se insinua nestas práticas? Basta condenar os abusos para promover SAÚDE?
Passo a palavra para a RODA HUMANIZASUS.
Beijos perplexos da Iza.
8 Comentários
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Sonia,
Obrigada pelo comentário. Todavia eu não estou indignada. Não sou
contra o uso recreativo de algumas drogas. Aliás, em nosso modo de vida
contemporâneo, fazemos uso de muitos tipos, lícitos ou não. O grande
problema é cartografar o campo, desculpe a redundância, problemático
em que estamos ao nos misturarmos com elas. De que modo são feitas as composições e o que resulta delas?
Oi Maria Luiza,
Realmente, esse cenário nos indigna e nos desafia, enquanto profissionais,
gestores, cidadãos, militantes das entidades de proteção e controle social,
enfim…, sociedade como um todo, a provocar uma ampla discussão
sobre o assuno, na perspectiva de que haja uma intervenção solucionadora, ou pelo menos minimizadora, antes que seja tarde demais. Vi na semana passada, um programa de TV exibindo uma matéria na famosa "Cracolância", em que um grande número de crianças e adolescentes consumiam crak, com a maior naturalidade, inclusive, com veículos da PM passando ao lado, sem nehuma preocupação de ambos os lados!
Vamos à luta por uma socidade mais saudável!
Um abração!!!
Emília
Por Shirley Monteiro
Olá,
Maria Luiza,
È um desafio impactante, não é ?? E deixar de pensar nele é alienação, não dá para fazer de conta que escolher deixar para lá seja indicado, e mais fácil. Então, penso que em termos de ação , intervenção, para prevenir nossos jovens, o que se poderia pensar em termos de SUS em primeiro lugar ??
Onde está a regulação sobre a venda dos medicamentos, por mais que exista o tráfico, o SUS é responsável por esta situação quando permite a venda livre de medicações sem receita, ou a ausencia de intervenções mais eficazes da Vigilancia Sanitária sobre as Farmácias que assim procedem. As Drogas que se transformam em modismo , lazer e uso para fabricação de novas drogas potentes e de fundo de quintal, teriam que entrar numa "linha tarja listrada", algo assim. O que dizer da saúde de meninos e jovens de 20 e poucos anos que passaram a fazer uso de Viagra, sem necessidade fisiológica alguma, como demosntram algumas pesquisas. O que será da saúde deles aos 35 ??? O mesmo para a droga incluida no coquetel Anti-Aids, que inclusive em termos de Imunogenética do HIV, se utilizada de forma ampla na população, fora dos estudos previstos, pode disparar novas mutações e resistencias virais !!! é um risco …
Com relação ao uso das drogas ilícitas e lícitas, e suas consequencias desastrosas na sociedade, prefiro falar do que vi e ouvi no evento abaixo, promovido pelo CRP-17. Gostei muito da fala da Delegada presente , e do Psiquiatra de Campinas; eles criaram um Programa de Redução de Danos, que se ampliou também para um trabalho em Rede com Escolas Privadas de Ensino Fundamental e Médio em Natal. A Delegada coloca que, a polícia não pode fazer uma intervenção direta aos usuários de drogas; mas através de campanas chegam aos traficantes, e então agem. Mas com relação ao comportamento dos jovens de todas as classes sociais, nas baladas, vejo que levar a informação sobre os danos corporais, psicológicos e sociais, às Escolas é um bom caminho em Rede. A Delegada apontou que estão conseguindo levar o tema, os policiais, um sociólogo e o psiquiatra para a sala de aula de escolas privadas de Natal ( que portanto são Empresas), como pedagogos, e isso tem sido uma Vitória em rede social iniciante.
Vou colocar aqui, o contato do Marcelo Kinati:
E vou enviar este Post para ele, embora ainda não saiba como. Acho que como ANEXO.
Veja o evento de que falo.
Um Abraço !!
Shirley Monteiro
Natal-RN
Centro de Referência Técnica em Psicologia
e Políticas Públicas – CREPOP/RN convida
Mesa Redonda: Políticas Públicas sobre Álcool e outras Drogas
Data: 03 de julho de 2009
Horário: a partir das 8h30 da manhã
Palestrantes:
– Dr. João Dantas Pereira – Professor adjunto da UFRN. Membro do Colegiado e docente do Programa de Pós-Graduação/Mestrado em Serviço Social/UFRN e Coordenador da Base de Pesquisa Exclusão Social, Saúde e Cidadania (desde 2002). É pesquisador cadastrado na Rede de Pesquisas sobre Drogas da Secretaria Nacional sobre Drogas SENAD. Membro da INEBRIA Latina, the Latin-American section of INEBRIA International (International Network for Brief Interventions for Alcohol Problems).
– Dr. Marcelo Kimati Dias – Médico Psiquiatra pela Universidade Estadual de Campinas (1996), mestrado em Ciências Médicas pela Universidade Estadual de Campinas (2002) e doutorado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (2007). Atua atualmente nas áreas de redes de atenção em saúde mental, álcool e outras drogas e saúde da família. Atualmente ,como acessor em saúde mental na região do Seridó, interior do Rio Grande do Norte.
– Renata Carvalho – Delegada, Presidente do Conselho Estadual de Entorpecentes (CONEN).
– Edneuza Gomes – Advogada e especialista em terapia familiar. Coordenadora regional do Amor Exigente e Coordenadora do CREAS, Parnamirim-RN
– Paulo Roberto Costa Pessoa, CRP-17/0127 – Psicólogo, Coordenador do CAPS AD- NORTE.
Local: Anfiteatro da Universidade Potiguar-UnP (Campus Salgado Filho)
É isso aí, Shirley. A redução de danos parece ser um bom caminho. Pena que o evento é tão longe daqui, mas vc podia postar o que viu e ouviu?
beijos
Por Ricardo Teixeira
Meu mega comentário é um novo post que foi disparado pelo seu convite a pensar em rede, Iza. Mas também em diálogo com outros posts dos últimos dias (MJ, crack etc. E também a Escola da Ponte, por que não? "Desmanchamento" de um modo de educar que "sobrecarrega" os nossos corpos desde a infância…).
Resolvi compartilhar um esboço de artigo que estou preparando. Não teria porque guardá-lo, já que esta Rede esta pedindo passagem para certas idéias, agora!
Tá aqui: https://redehumanizasus.net/node/6954
Abraços,
Ricardo
Por Dênis Petuco
Boa Ricardo! Ao nos chamar a atenção para o exempo da Escola da Ponte, você atenta para outro campo reflexivo que tem muitas contribuições a dar para a reflexão sobre o cuidado de pessoas que usam álcool e outras drogas: a Educação Popular, que nos indica o "caminho das pedras" quanto a postura ética e estética na construção de uma "gestão participativa do cuidado".
[ ]s
Dênis
Por Dênis Petuco
Gostaria apenas de chamar atenção a uma coisa, gentes. Trabalho com atenção a pessoa que usam drogas faz dez anos, concomitante à militãncia em defesa do SUS e da Luta Antimanicomial. Afirmo: defender os princípios do SUS e da Luta Antimanicomial no campo das drogas, significa operar os princípios da Redução de Danos. E agora, diante da Humanização, eu digo que, não precisamos inventar a roda, pois já temos as respostas: projeto terapêutico singular, acolhimento incondicional, escuta radical. Respeitar o tempo do outro. Educação ao invés de repressão, e muito cuidado pro cuidado não virar controle.
Não precisamos, não devemos, não podemos abrir mão de nosso princípios em nome da "luta contra o crack". O que de melhor nós temos a oferecer diante deste problema, é o conjunto de respostas éticas que construímos dentro do movimento de Reforma Sanitária de de Luta Antimanicomial. O caminho é radicalizar ainda mais estes caminhos.
[ ]s
Dênis
Por Sonia Mara de Fatima Ferreira
Voltando aos anos dourados, HIPPIE trago para provocar, caberia o "CRACK" nos anos dourados, são diferentes épocas, encontros, desafio e morte, o que vem pela frente .
Como trabalhar politicas públicas para saúde se o ilicicito sempre sai na frente? e o que dizer quando Fernando Henrique defende a liberação da maconha, será que a maconha é nosso maior problema hoje, pelo menos não é nossa realidade. Fico indignada como vc.