Governança das Bibliotecas Virtuais em Saúde
Governança BVS – o que é isso? foi o nome da aula proferida pela professora Roseni Pinheiro, coordenadora da BVS Integralidade e líder do Lappis, no II Fórum BVS Fiocruz e o IX Encontro da Rede de Bibliotecas da Fiocruz, no dia 3 de dezembro. O objetivo da atividade foi explicar como administrar e interagir as redes de conhecimento.
Para Roseni Pinheiro, governança é trabalhar uma capacidade criativa que cada um tem no desenvolvimento das nossas atividades e funções. “Vejo com otimismo as BVS que tem um posicionamento ético-politico de inclusão. Não estou falando de inclusão só de temas, mas de inclusão dos sujeitos, atores e atrizes. É um modo de construção e produção de rede de conhecimento. Acredito que estamos numa oportunidade bastante feliz de alargar nossa mentalidade para o nexo constitutivo entre comunicação e informação.”
A líder do Lappis explicou que governança é uma chave de diálogo para romper a lógica entre o publico e privado. “Quando a gente trabalha essa perspectiva de opinar sobre o código aberto ou sobre a informação científica tecnológica, estamos transitando no publico e privado. O espaço da BVS é um espaço de produção do bem publico com um bem comum. Assim, assumir a ideia de governança como um modo de gerir cotidianamente a informação e a comunicação, como bem comum e público, exige o comprometimento de toda rede”.
Roseni falou, do ponto de vista de rede, que para conseguir legitimidade a estratégia de governança tem que superar o conceito de mercado e de coorporativo. “Isso para mim é absolutamente fundamental. Pois se eu fizer leitura da biblioteca virtual de saúde ou da rede aberta com o determinado domínio de um certo técnico, ela não avança para aquilo que defendo como comunicação e informação como direito humano à saúde. Os pressupostos que me orientam no horizonte ético-político exige um esforço cooperativo e não corporativista”.
Atitude inclusiva foi outro tema abordado pela Roseni. “Temos que compartilhar mais esses movimentos inclusivos e compartilhar as zonas de visibilidade. Como coordenadora da BVS Integralidade tenho como responsabilidade civil criar espaço público de divulgação, difusão e também de compartilhamento do tema. No VI Congresso Brasileiro de Ciência Social e Humana em Saúde montamos um stand da BVS Integralidade. Essa é a capacidade orgânica que todos nós dos comitês consultivos e executivos temos. Temos que incluir dispositivos que façam que a rede BVS avance. Temos que participar de eventos, criar vídeos”.
Roseni Pinheiro também alertou para a necessidade imperativa de saber compartilhar as práticas e saberes para que a rede possa se desenvolver. “Governança de uma biblioteca virtual também é a capacidade de lidar com os trabalhadores e com esses dispositivos que eles desenvolvem. Pois aqui é uma instituição pública, de recursos públicos e com a responsabilidade pública e coletiva de disseminação da informação tecnológica científica.”
Matriz de Responsabilidade
Após a exposição sobre Governança, Cristiane Batista Andrade, coordenadora da BVS Educação Profissional em Saúde, apresentou a Matriz de Responsabilidade das BVS da Fiocruz, um instrumento que define a participação de cada instituição na gestão de uma Biblioteca Virtual em Saúde. O documento da matriz de responsabilidade é composto pela definição das áreas temáticas das BVS, do público-alvo, das páginas da BVS, controle biográfico, legislação, diretórios de eventos, comunicação e comunidade, capacitação dos bibliotecários, entre outros assuntos.
“A matriz de responsabilidade vai de encontro com o que Roseni Pinheiro falou sobre governança. Qual é a minha contribuição para a BVS? Qual é a minha obrigação? Então a gente tem que saber também qual é o nosso público alvo, o que ele sabe e o que ele não sabe. Então, em primeiro de tudo, antes de pensar governança ou matriz de responsabilidade é preciso que se defina qual é o meu papel e para quem eu estou trabalhando”.
Importância da Curadoria
Luciana Danielli, coordenadora da BVS Fiocruz, falou sobre a Importância da Curadoria para as bibliotecárias. “Quando o modelo da BVS foi construído, a Bireme havia instituído que esse modelo de curadoria do sistema de informação seria feita por uma instituição, escolhida na reunião dos comitês consultivos e executivos. Essa instituição que faria a validação das informações. Diante das transformações, o trabalho em rede não pode ter apenas uma instituição como responsável. Todos os envolvidos, instituições e bibliotecários, têm a responsabilidade de curar os nossos metadados”.
A coordenadora da BVS Fiocruz explicou que é através da curadoria que se favorece a qualidade da informação, que se proporciona melhor informação para o usuário e que se estabelece o acesso cada vez mais equitativo para o usuário e para o produtor da informação. “Fazendo uma análise sobre a base de dados da BVS Fiocruz, percebemos que ainda há um grande acumulo de problemas nos registros que atrapalham a recuperação da informação e a qualidade da informação. Encontramos duplicidades e erros ortográficos. A curadoria tem esse papel. Então, temos que definir estratégias para poder melhorar esse sistema multiusuário de informação”.