Seminário: a Humanização do SUS em debate
Queridos companheiros,
Falta pouco mais de uma semana para o Seminário em Vitória!
As baterias, que vinham se afinando na surdina com a chegada (em pequenas doses assimiláveis) dos textos dos propositores e de outros companheiros da PNH, agora, começam realmente a esquentar…
Pessoalmente, estou terminando a primeira leitura do conjunto dos textos já enviados e desfrutando o prazer propiciado pelas primeiras percepções da paisagem desfraldada.
Nessas primeiras incursões pelos textos, buscando inicialmente uma apreensão mais geral do debate, o que mais fascina é a inteligência sutil e sensível que vai emergindo das teias de fios invisíveis que conectam todos esses textos.
Uma fantástica diversidade sem dispersão. Um desdobramento caleidoscópico de temas e abordagens, mas que preservam uma forte consistência problemática comum.
Não creio que seja apenas esse primeiro impacto e o entusiasmo com o Seminário que temos pela frente, que me faça achar que ele será de uma riqueza extraordinária.
Conforme vamos juntando os territórios que vão sendo iluminados pelas contribuições destes nossos brilhantes companheiros convidados a pensar "uma política de humanização para o SUS", uma empolgante cartografia do "estado da arte" do pensamento de um segmento importante da Saúde Coletiva brasileira vai se compondo.
E o que se revela, afinal, é uma sofisticada cartografia de alguns dos principais desafios ético-políticos hoje postos para o SUS.
Pretendo, nos próximos dias, ir compartilhando nesta Rede, algumas das minhas anotações sobre as diferentes leituras e, em especial, sobre o eixo 3…
Convido os companheiros que estarão (e também, obviamente, os que não estarão) no Seminário a participarem desse aquecimento por aqui.
Como primeira contribuição para a criação dessa "zona de debates", envio em anexo a coleção completa dos textos já enviados e, abaixo, a sua distribuição pelos eixos do Seminário:
Eixo 1: Princípios do SUS e Humanização? das práticas de saúde
"Princípios do SUS e Humanização? das práticas de saúde"
do Ruben Mattos
"Atenção Primária à Saúde, Integralidade e Humanização"
do José Ricardo Ayres
"Princípios do SUS e Humanização? das práticas de saúde"
do Dário Pasche
Eixo 2: Humanização e organização dos serviços e práticas de saúde
"Humanização e Processo Comunicacional"
da Suely Deslandes
"Violência Urbana e Humanização do Trabalho em Saúde"
da Ana Rita Trajano
Eixo 3: Redes de produção de saúde? e a Humanização
"A clínica do corpo sem órgãos: laços e perspicácias"
do Emerson Merhy
"A morte de Ivan Ilitch de Leon Tolstói: elementos para se pensar as múltiplas dimensões da gestão do cuidado"
do Luiz Cecilio
Eixo 4: Biopolítica, produção de saúde e um outro humanismo
"Notas sobre humanização e biopoder"
do Antonio Lancetti
E, na minha opinião, "transversalizando" os quatro eixos:
"Humanização das práticas de saúde: transversalizar, um SUS que dá certo"
da Edna Moura e da Raquel Turci
E mais esse outro "trans-texto", que nos chegou ontem (17/06):
"O coletivo transindividual entre políticas e práticas de saúde pública"
da Liliana da Escóssia
Bom apetite!
Por Dario Frederico Pasche
Ricardo, tua plugada apresentando e reunindo os textos já disponíveis (certamente teremos outros) nos ajuda a compreender que as discussões que travaremos serão uma importante estratégia para a construção de maior sintonia entre aquilo que denominamos por Política de Humanização e os vários sentidos que dela brotam. A cartografia, como bem dizes, nos revelará problemáticas comuns, como a questão de como aprofundar e radilizar as realizações da reforma sanitária brasileira, cujo percurso tem nos obrigado a construir e compor pautas macro-políticas, mas exigindo cada vez mais reflexões e ação micro-política. Certamente estas pautas não podem ser dicotomizadas, mas não nos basta dizer que estão integradas, pois há diferentes estratégias e exigências que delas decorrem. Desta tensão vive também a PNH: quanto de arranjo, quanto de “encontro”?
Esta zona de debate – que se inicia agora mas não se encerra com o Seminário – nos ajudará a construir outras zonas de contato para diferirmos, sem qual o comum não se produz.
Um abraço.
Coordenador Nacional da PNH