Crônica da vida cotidiana na RHS – a função apoio na era da mensageiria
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"Logo, trabalhamos à maneira dos anjos, antiga mas recente, personagem desta história. Observe a multidão que passa: quantos poucos Prometeus, ainda menos Hércules e Atlas, para tantos e tantos anjos partindo em viagem, portadores de mensagens” …
"Não trabalhamos mais a mesma matéria. Os primeiros sustentam formas sólidas, os segundos transformam as coisas liquefazendo-as, enquanto o nosso mundo, fluido e fluente, e até flutuante, torna-se cada vez mais volátil" – diálogos entre Pia ( a médica ) e Pantope ( inspetor da Air France ) no Aeroporto Charles-de-Gaulle em Paris no livro “A Lenda dos Anjos”, de Michel Serres
Um livro de rara beleza nos fala do trabalho contemporâneo em redes como aquele onde as velhas e pesadas formas do trabalho são substituídas por uma espécie de mensageiria generalizada. Trata-se de " A Lenda dos Anjos" – editora Aleph, São Paulo, 1995 -, de Michel Serres.
Livro, ele próprio mensageiro, onde podemos nos mirar como trabalhadores de uma imensa rede de informações que percorre incessantemente o mundo, dia e noite, sem parar. Nele, Serres encontra na figura do anjo mensageiro, aquele que trazia as boas novas, inúmeros sentidos e formas de expressão que nos ajudam a pensar sobre a função apoio que vamos construindo nas redes virtuais. Um modo angelical de seres invisíveis que guardam amorosamente os caminhos e os destinos.
Redes compostas por um enxame de pessoas, idéias e práticas de toda espécie buscam uma comunicação por mares nunca dantes navegados com tamanha velocidade e empenho. Aos antigos trabalhos de Hércules e Atlas, concretos e pesados, sobrepõem-se os produtos fluidos, delicados e imateriais de uma produção aparentada com os ventos de Hermes.
Efeitos de proximidade e afetação recíproca nos humanizam hoje numa espécie de radicalização do público pela força que toma a comunidade em nossas vidas.
A chamada ágora virtual tornou-se o palco das mais importantes cenas ou de seu agenciamento como forma de expansão das forças expressivas de desejo.
Neste "caldo de cultura" está também mergulhada a nossa RHS. Somos hoje 20.000 usuários cadastrados e participantes, alguns mais ativos que outros, de uma aventura coletiva na direção da ajuda mútua na construção de processos de humanização da saúde em nosso país.
a função apoio em rede e a rede como apoio
Aqui cabe também como uma luva a função anjo de que fala Serres. E em todas as acepções da palavra. Vamos lá:
A RHS cumpre primeiramente a função de encurtar as barreiras geográficas entre pessoas, projetos e práticas. Faz uma mensageiria que hoje não se limita mais apenas ao território nacional. As boas novas da política nacional de humanização estão se expandindo cada vez mais. Encurtamento e expansão de um mapa que ora se abre, ora se fecha, dobrando-se sobre si mesmo ao promover a proximidade e desbobrando-se ao projetar-se para outros territórios. Conexão de diferentes modos de vida, sotaques e concepções de saúde.
O coletivo dos editores/curadores da rede, uma das instâncias do cuidado, quer fazê-lo de forma angelical, pois nos parece ser esta a maneira mais apropriada para a natureza fluida da vida em redes virtuais. Buscamos estar acompanhados pelo afeto que alimenta as relações de mensageirias. Primar pela delicadeza dos encontros. Acolher sem julgar e estimular as conexões.
Ao mesmo tempo, vemos o apoio como a ocupação de um "lugar intensivo" que ativa e atiça a experimentação junto com os usuários e deles entre si. Este lugar é vivido de dentro para fora da rede e de fora para dentro.
A dimensão tecnológica de design colaborativo, estrategicamente escolhida, caminha lado a lado com usuários e editores/curadores, tornando o apoio uma forma de invenção de possibilidades numa parceria criativa.
Ao longo do tempo de experimentação da rede, percebemos uma modulação na função apoio que poderíamos formular como uma passagem do apoio em rede para a rede como apoio. É claro que ambas convivem e retroagem uma sobre a outra sempre. Mas o devir da rede no tempo foi trazendo uma espécie de impessoalidade que emerge como dispositivo de cuidado bastante potente porque exercido por todos entre si, numa horizontalidade cada vez mais presente.
Por Cláudia Matthes
uma escolha perfeita entre imagem e conteúdo.
A imagem é divina, fiquei lembrando de estações de trens da europa,com todas suas nuances e perfumes.
Quanto ao conteúdo, eu ainda estou engatinhando Rejane Pedroza nos trouxe um pouco do autor em algum momento da rhs.
Mas tem dois pontos que gostaria de salientar a rhs cumpre uma das diretrizes do sus, a equidade, ela produz saúde aos profissionais de saúde, e gestores que aproveitam dessa ferramenta. Ela é uma oferta diferenciada em saúde.
Outro ponto que pra mim é o que mais me encanta ainda existem teorias para serem descritas, nem tudo está dado e pronto.
Cabe a nós mudarmos e incrementarmos esse formatos de atençáo e gestão em saúdel
Bjus
Iza, com carinho
Peju