Dia do Psicólogo
Parabéns pelo nosso dia! E como precisamos de felicitações. Pessoalmente acho a profissão maravilhosa mas a parte que poucas pessoas sabem é que nós psicólogos somos vítimas de vários estereótipos, o que , neste sentido, não nos diferencia de qualquer profissão. Ainda assim, é uma coisa engraçada que as vezes beira o drama, principalmente quando somos expostos aos mal entendidos.
De forma geral, somos vistos como pessoas despojadas, dotados de um grande poder de observação tipo teste de revista feminina ("se você balança as pernas quando se senta então você é assim…."). Essa percepção pode colocar algumas pessoas na defensiva quando descobrem que somos psicólogos ("esse cara vai saber tudo de mim rapidinho"). Confesso que a sensação de algumas pessoas acharem que a gente tem olhar de raio-x não é nada agradável.
Também existe aquela história de que somos capazes de produzir respostas a qualquer problemática que nos tragam, de preferência na primeira consulta. Aqui as novelas, os seriados de TV e os programas de final de tarde com seus arremedos de terapia de auditório cumprem efeito nefasto pois reforçam essa imagem o tempo todo.
Chegue numa festa com muitas pessoas desconhecidas e, acidentalmente, tenha sua identidade psi revelada. Em minutos você saberá de coisas que passa ouvindo o dia inteiro mas que jamais esperaria ter que ouvir numa festa. E quando você comete o atrevimento de dizer que não é psicólogo clínico? Até todo mundo entender que você também é psicólogo apesar de não ter um divã…explicar isso talvez seja a tarefa de uma vida inteira!
E agora com "Caminho das Índias" temos um personagem que encarna bem os estereótipos, expressa uma estética meio neo hippie na forma de se vestir, usa óculos escuros o tempo todo – talvez uma referência a musiquinha do Raul Seixas: "Quem não tem colírio usa óculos escuro" – outro estereótipo que afirma o psicólogo como alguém pronto a transgredir regras e fumar um cigarrinho ilícito entre uma consulta e outra. E, cá entre nós, o cara fica o tempo todo naquela verborragia de livro de psicopatologia em tom de autoajuda. No final de cada capítulo o Brasil inteiro "aprendeu" tudo sobre esquizofrenia, neurose e psicopatia. O mais estranho é ouvi-lo falando de surtos e crises com aquela pontinha de sorriso nos lábios. Barbaridade! Seria outro estereótipo? Que nós psicólogos nos tornamos psicólogos para entender e lidar com a própria loucura pessoal?
Mas, para finalizar esse texto curto, afinal não devemos reforçar o estereótipo de que quando o psicólogo para de ouvir fala mais que locutor esportivo, convido a tod@s para comemorarmos o dia do psicólogo! Ah, antes que me esqueça. Foi muito difícil entrar em acordo comigo mesmo para escrever esse texto, coisa de psicólogo!
Por Angela Maria Silva Hoepfner
Prezado Erasmo
Você nos apresenta uma realidade. É realmente o que acontece. E ao decidir fazer este comentário também me sinto como você: com dificuldade de entrar em acordo comigo mesma para escrever, pois como contribuição quero apontar alguns aspectos da sua escrita dos quais discordo:
Espero ter contribuido e, quem sabe, disparado uma discussão.
Um abraço.
Angela Maria Hoepfner, psicóloga. e formadora PNH em SC.