Humanizando a gestão hospitalar
Humanizando a gestão hospitalar
(Texto do Jornal do Brasil, de 19 de setembro de 2009)
Leslie de Albuquerque Aloan DIRETOR-GERAL DO HOSPITAL FEDERAL DOS SERVIDORES DO ESTADO ( HSE)
Filas nos hospitais, pacientes mal atendidos e profissionais insatisfeitos. Como cidadão e médico, sempre vislumbrei um panorama mais favorável do Sistema Único de Saúde ( SUS) .
Um sistema idealizado e criado por grandes profissionais da saúde para proporcionar atendimento gratuito, universal e digno à população brasileira. E que desde seu início,como toda ideia inovadora e ambiciosa, enfrentou inúmeros desafios, sendo os primeiros a mudança de foco e a ampliação do número
de atendimentos.
O Brasil passou de um sistema que, até 1988, garantia o acesso à saúde pública apenas aos trabalhadores filiados à Previdência – 30 milhões de pessoas – para o Sistema Único de Saúde, que busca
atender a totalidade dos brasileiros – 190 milhões de pessoas. Para dar conta deste monumental aumento de demanda, o Ministério da Saúde mantém como uma prioridade atacar as deficiências de gestão e de estrutura.
Apesar dos avanços dos últimos 20 anos, os desafios continuam a surgir, nos levando a buscar soluções.
Talvez a mais importante tenha sido dada em junho deste ano. Na ocasião, o Ministério deu um passo fundamental para a melhoria do Sistema com o lançamento do Projeto de Reestruturação e Qualificação da Gestão dos Hospitais Federais no Rio de Janeiro.
O programa tem como meta clara aumentar o padrão de atendimento da rede e, quando totalmente implantado, o novo modelo permitirá uma administração atrelada a metas, resultados e qualidade, como na iniciativa privada.
Este projeto de gestão permitirá que sejam feitas mudanças
imediatas que surtirão efeito em pontos críticos da rede pública. Um exemplo é o atendimento de emergência de hospitais.
Um dos motivos do atendimento ser um problema é que o Brasil tem um modelo hospitalocêntrico que precisa ser invertido.
Cerca de 80% dos problemas de saúde podem ser solucionados
na atenção básica, mas para isso é necessária a valorização da assistência preventiva e o fortalecimento do Programa da Saúde da Família.
Por todos esses motivos, foi um grande desafio assumir a Direção Geral do Hospital Federal dos Servidores do Estado ( HSE) .OHSE foi berço de muitas medidas até então inovadoras, entre elas o emprego do primeiro rim artificial, a primeira hemodiálise do
continente e o primeiro transplante cardíaco no Estado, mas precisava se atualizar e melhorar o atendimento.
O que poucos sabem é que grandes obstáculos podem ser ultrapassados com ações na área da humanização, que podem auxiliar namudançade perfil da rede hospitalar.
No HSE foi implementado o Núcleo de Acolhimento da Unidade de Pacientes Externos. Uma medida simples, baseada em senha e marcação, porém muito eficaz que eliminou filas na porta do hospital e permitiu pronta atenção e tratamento aos pacientes em risco, através de uma triagem feita por profissionais competentes.
O mesmo princípio foi aplicado em outras frentes. Nas alas de internação, por exemplo, o hospital fornece atendentes para receber, orientar e dar atenção aos pacientes, evitando a sobrecarrega dos profissionais de enfermagem.
E é justamente humanizar a Saúde a meta perseguida por todos que fazem parte deste universo tão complexo e vital da sociedade. Acredito que estas melhorias são percebidas pela comunidade médica, pacientes e sociedade em geral.