Oziele Silva inova ao esclarecer dúvidas sobre HIV/AIDS para adolescentes evangélicos

15 votos

Por Sonielson Sousa
Da Redação

dsc_0044.jpg

Foto Arquivo

Oziele Silva, acadêmica de enfermagem da Universidade Federal do Pará, foi uma das inúmeras boas surpresas da IV Mostra Nacional de Experiências em Atenção Básica/Saúde da Família. Ela veio a Brasília apresentar as experiências de um trabalho denominado “Árvore do Prazer”, que foi produzido dentro da estratégia de Saúde da Família do Bairro de Guamá, em Belém, cujo objetivo é esclarecer dúvidas sobre HIV/AIDS com o público adolescente da região. “Sabemos que para trabalhar com adolescentes, precisamos de meios e de estratégias diferenciadas. Por quê? Porque é comum nós encontrarmos nas Unidades Básicas de Saúde as gestantes, as mulheres, os idosos e as crianças, mas os adolescentes ainda são um público disperso”, explica Oziele, ao alertar que os profissionais de saúde precisam ir em busca deste público-alvo.

Pensando nisso, Oziele desenvolveu uma ação educativa que consiste em uma oficina em que se fixa numa raiz um desenho de uma árvore bem colorida, bem criativa, e se pede aos adolescentes que eles escrevam em três cartelas três formas de prazer que eles conheçam, como por exemplo comer, viajar, namorar, etc. “Após identificar esses prazeres, nós dizemos aos adolescentes que iremos fixar apenas aqueles que se identificam com o tema da dinâmica, que seria HIV e AIDS”, diz Oziele. Então, a árvore com os prazeres de namorar e beijar, por exemplo, ganha destaque, “porque procuramos mostrar que, em alguma medida, estes prazeres trazem riscos. E daí perguntamos para estes adolescentes quais os riscos que eles poderiam nos causar”, comenta Oziele.

É daí, desta aproximação, que se inicia um diálogo aberto em que os jovens vão percebendo e citando uma série de circunstâncias que podem decorrer dos prazeres-alvo da dinâmica. “Eles elencam a gravidez precoce, doenças, brigas… com isso, começamos a atuação, no sentido de mostrar que para manter esses prazeres, nós precisamos aprender a lidar com eles, precisamos aprender a superar e a conviver com os riscos”, explica a estudante.

Oziele diz que uma das etapas da dinâmica, é pedir que os jovens escrevessem numa cartela amarela as formas de prevenção dos riscos, e aparecem algumas sugestões, desde o acesso a informação, uso de preservativos, “mas ainda assim percebemos que há uma carência muito grande de informação, e também um bloqueio destes adolescentes porque eles faziam parte de uma comunidade evangélica”, observa. Novas estratégias são utilizadas nesta abordagem, com enfoque sobretudo no acolhimento, para gerar laços de confiança. “Percebemos que com o passar dos dias os jovens foram se sentindo mais confiantes, livres para trabalhar o tema conosco”, comemora Oziele, ao lembrar da forma dinâmica e criativa como toda a prática ocorreu.

 

Oficina disponível 

Para os interessados em saber mais informações, ou até mesmo implantar a dinâmica, esta oficina está disponível no Programa de Saúde da Escola, do Ministério da Saúde, clique aqui.

De acordo Oziele, a oficina pode ser adaptada para os jovens de todas as regiões do país. “O único apelo que eu faço, é para que todos os profissionais da área da saúde, em todos os setores, olhem com mais carinho para os nossos adolescentes, pois eles estão um pouco esquecidos. Que nós possamos avançar numa educação popular em saúde de qualidade, que atenda a todas as populações”, finaliza.

*Colaboração de Maria Frô

Texto originalmente publicado no portal (En)Cena – A Saúde Mental em Movimento.