SEMANA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO: CONSIDERAÇÕES

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Cleusa Pavan, Fábio Alves e Pedro Ivo na Praça Julio Prestes, SP

 

…a flecha ultrapassa a corda para ser no vôo mais do que ela mesma”
             (Reiner Maria Rilke, Primeira Elegia/Elegias de Duíno)

Sim, a Semana Nacional de Humanização foi um sucesso em todos os sentidos.

E, também, uma surpresa imensa!

Sempre soubemos da capacidade de contágio desta política e sabíamos que íamos MOBILIZAR.

Mas, com esta extensão, intensividade, criatividade, variabilidade, riqueza, nenhuma avaliação a priori nos diria que contaríamos.

Ousamos ultrapassar inúmeras cordas.

Às cordas da centralização em uma ágora brasiliense global contrapusemos, a tempo, e inventivamente, inúmeras ágoras, muitas delas ainda desconhecidas de nós.

Inventamos, afirmamos um modo outro de fazer encontros, de estar na e com a política, de romper com os limites “financeiros”, reguladores de participações, compromissos, envolvimentos afetivos, organizativos. Limites a serviço da exclusão de muitos.

Na esteira da ultrapassagem das cordas da centralização conseguimos, no vôo, ser muito mais do que nós mesmos!!!

Exercemos condignamente nosso método da tríplice inclusão. Quem esteve nas praças, nas feiras livres, nas passeatas, para além dos encontros em espaços mais “protegidos”, pôde constatar vivamente o quanto as pessoas, na rua, estão ávidas por dizer, refletir, se acompanhar, ganhar visibilidade e respeito. Pudemos viver a força da palavra a céu aberto, das manifestações críticas, conflitivas, disruptivas, afetivas, analíticas, propositivas.

Estivemos com trabalhadores, gestores, usuários, movimentos sociais com os quais não havíamos ainda travado contato, conselheiros, secretarias estaduais, municipais de saúde, cultura, inclusão racial, universidades, crianças, jovens, idosos, pretos, brancos, pardos, mulatos, índios, católicos, crentes/evangélicos, ateus, sindicalistas, padres, imprensa nanica…
Enfim, compartilhamos necessidades, desejos e projetos em torno da qualificação da atenção à saúde pública, da democratização de nossas instituições, da defesa do SUS, tensionando seus limites.

Comemoração com reflexão, reafirmação do SUS enquanto política social civilizatória no imaginário da sociedade civil, pelo menos de parte dela, foram objetivos que alcançamos sem sombra de dúvida.

Agora é tempo de costurar ! Tempo de olhar para aquilo que, com o vôo, crescemos e nos tornamos maiores que nós.

É tempo de investir intensamente nas parcerias inusitadas que compusemos, em articulações mais orgânicas com as forças com as quais estivemos.

É tempo de OCUPAR o SUS com este corpo coletivo mais encorpado, fazendo agendas ainda mais transversais porque inclusivas de atores sociais que pela primeira vez ouviram falar da Política Nacional de Humanização e experimentaram sua potência de mobilização.

É tempo também dos agradecimentos, elogios, reconhecimentos dos esforços de todos os muiiitos de nós que investiram nestes encontros ampliadores dos sentidos da vida individual e coletiva.

Especialmente, em São Paulo,onde sou consultora, agradeço a todos os apoiadores de todas as regiões do estado e da cidade de SP, ao Núcleo Técnico de Humanização da SES, ao Comitê Municipal de Humanização SMS, aos Comitês Regionais de Humanização da cidade de SP, à ATSM-SMS, ao Coletivo Ampliado de Humanização de SP, aos companheiros da Plenárias Populares de Saúde da Freguesia do Ò-Brasilândia, ao GTH da Fó-Brasilândia, à Associação Paulista de Saúde Coletiva, ao Movimento Juventude Viva, ao Movimento É de Lei, à Tenda Paulo Freire, á Secretaria Municipal de Inclusão Social, ao movimento LGBTT, aos companheiros do DST/AIDS estadual e municipal, à Economia Solidária, à CPTM-SP, à Secretaria Municpal de Cultura-teatro João Caetano, às pesquisadoras das universidades UFSCAR, PUC, FGV, UNESP-Campinas, à TVT, TVSMS-SP, Rádios, enfim, a todos os inúmeros participantes e organizadores que estiveram espalhados pelo estado e dos quais vamos ter mais notícias pela cartografia que a RHS vai nos ajudar a construir nos próximos dias. 

A luta continua e os sonhos também!!!