1 ano de Liga de Saúde e Espiritualidade no Cariri

17 votos

encontro_3.jpg

É com grande alegria que nós da LIASE Cariri (Liga Acadêmica de Saúde e Espiritualidade do Cariri) festejamos  1 ano de muito empenho e estudo!

Um pouco de nossa história…
A idéia de criar uma liga universitária que unisse Saúde, Ciência e Espiritualidade nasceu bem antes, em 2012, com o Grupo de Estudos em Saúde e Espiritualidade (GESE), que reuniu pessoas comprometidas com a visão de saúde holística. Também foram muito importantes nesse processo a LIASE Sorocaba, o NASCE-UFMG, o MEDVESP-USP, a LIASE-UFMS, entre outros grupos.

Hoje festejamos com a palestra Espiritualidade no Cuidado com o Paciente, entendendo que a espiritualidade é um fator essencial na conversa e no cuidado com o outro. Nosso aniversário é motivo de alegria e inspiração para continuarmos trilhando caminhos rumo a uma atenção à saúde mais humanizada.

 

"Impressões de um ano de Liga Acadêmica de Saúde e Espiritualidade do Cariri (LIASE Cariri)

1.  Saúde e Espiritualidade – por que os laços foram rompidos?
"Empenhem-se para acrescentar… à piedade a fraternidade; e à fraternidade o amor" 2 Pe 1.5-7
Em todas as nossas relações devem permear a piedade, a fraternidade e o amor. Por que no cuidado à saúde deveria ser diferente? Por que esses laços foram rompidos?
Ao longo dos anos a visão de saúde sofreu diversas mudanças, passando a uma abordagem mecanicista e materialista. Esse referencial de abordagem, de visão e de vivência é o que chamamos de paradigma. É ele que influenciará a prática em saúde, tanto positivamente quanto negativamente.
Essa mudança de paradigma é lenta, e estamos em um período de transição entre o modelo mecanicista e o modelo quântico. À medida que se acentuam as pesquisas e as práticas que visam à humanização do modelo, incluindo o estudo das emoções, dos pensamentos e da espiritualidade, ainda existe muita resistência de setores conservadores que insistem em permanecer no ensino e na prática tecnicista, que vê o paciente como um objeto formado por inúmeras peças, e que quando se mostra doente basta consertar ou trocar as peças danificadas para efetuar a cura.
O modelo quântico tem mostrado cada vez mais que a cura não vem de ações isoladas e que não podemos considerar o ser humano apenas no seu viés físico. E talvez algo muito mais importante: que há diversas formas de se obter a cura, e que a cura somente física nem sempre é possível e completa.

2. Saúde e Espiritualidade – por que reatar os laços?
“Recebeu a notícia do médico com uma certa indiferença. Já imaginava, só não sabia como, nem quando. Chegando em casa, cumpriu o clichê e enumerou o que precisava fazer e o que não podia deixar de lado. Depois, amassou e jogou fora – achava listas uma coisa ridícula. Manteve algumas prioridades: viajar com amigos, viver um amor… Não contou nada a (quase) ninguém. Mas, como tem ojeriza a prazos, está por aí ainda.” (Leonardo Sakamoto, Pequenos Contos para Começar o Dia)
A personagem desse pequeno conto provavelmente recebeu do médico um prognóstico complicado, de que tinha alguns meses de vida. Ao chegar em casa, fez uma lista tentando colocar pontos importantes para sua vida dali em diante, mas acabou jogando a lista fora. Afinal, já sabia o que era importante para ela: os amigos, o amor. E foi nessas pequenas-grandes coisas que depositou sua atenção e seu sentido de vida. O texto não fala em religião, mas a história em si é um relato de uma espiritualidade intensa e de uma imensa vontade de viver (e de morrer) com dignidade, com fervor, com sentido.
O autor, ao final, ainda afirma que a personagem tinha aversão a prazos, e que o ‘prazo de vida’ que o médico lhe dera acabou e ela continuou viva.
Esse conto nos mostra o quanto é sutil a espiritualidade de cada pessoa, e como ela repercute nas ações e na vida de cada um de formas diferentes. A medicina mecanicista trabalha com o esquecimento da espiritualidade, o que interfere em todos os aspectos do ser, desde seu corpo (aspecto físico) até sua comunicação com o transcendente (aspecto espiritual).
Daí surge a necessidade de reatar os laços entre saúde e espiritualidade, mas não tratando a espiritualidade como algo à parte ou ‘extra’. A espiritualidade faz parte do todo, se relaciona com todos os matizes do ser humano, não é algo isolado, fechado em si mesmo. A espiritualidade revela-se, sobretudo, no contato com o outro, e porque não dizer, no cuidado com o paciente.

3. Saúde e Espiritualidade – como reatar os laços
Passar um ano discutindo e vivenciando espiritualidade é uma experiência maravilhosa. Ver que existem outras pessoas empolgadas na construção de uma medicina mais humanizada, escutar e compartilhar as experiências dos colegas, tudo isso é muito motivador.
De fato, a sensação que temos hoje é de motivação e de necessidade de transformação. E essa transformação tão necessária começa em nós mesmos. Afinal, para podermos semear a transformação temos que passar por ela também, assim como é necessário compreender a própria espiritualidade para compreender a do outro.
Diante disso, enxergamos que as disciplinas optativas, ligas acadêmicas e outras experiências que integrem a espiritualidade na universidade são ótimas respostas para ‘como reatar os laços entre saúde e espiritualidade’. Porém não se pode parar nesse estágio, é necessário crescer e multiplicar as experiências, onde quer que estejamos.

4. Medicina e Espiritualidade – como multiplicar os laços
A LIASE (Liga Acadêmica de Saúde e Espiritualidade do Cariri) se prepara para mais um ano de atividades e desafios, voltando com muita motivação e vontade de crescimento, de transformação, de multiplicação, caminhando juntos em prol de uma medicina mais humana.
É hora de transformar o mundo de pedra em espelho, como dizia Mauro Iasi, ou seja, transformar aquilo que nos oprime e que nos fere (o mundo de pedra) em um mundo com o qual nós nos identificamos, um mundo para o qual possamos olhar e nos reconhecer (o mundo de espelho)."

 

Texto de Maria Rachel Sousa do Nascimento, sintetizando algumas das muitas emoções que permeiam a equipe da LIASE Cariri nessa comemoração de um ano de atividades. 

Estejamos cada vez mais conectados, buscando a interface entre a Saúde, a Ciência e a Espiritualidade, levando ao outro (eu interior, amigo, familiar, paciente, colega de trabalho, natureza, Deus) humanidade, amorosidade e fraternidade!

 

AbraSUS!