Gestão Participativa e Cogestão
A cartilha “Gestão Participativa e Cogestão” publicada pelo Ministério da Saúde aponta para a necessidade das organizações de saúde incluírem no seu cotidiano o método da tríplice inclusão, no qual o desenho organizativo na gestão e atenção à saúde também se transforma em um espaço de produção de saúde no qual a construção dos processos de trabalho são compartilhadas em linhas de poder democráticas.
Problematiza o papel da gestão no cotidiano da saúde enquanto um método que pode vir a assujeitar trabalhadores ou ser um espaço de ressignificação do próprio sentido do trabalho em si e da implicação de cada profissional nele. Aponta arranjos e dispositivos de cogestão no que se refere aos espaços coletivos de gestão, assim como na garantia da participação ativa de usuários no cotidiano dos serviços de saúde.
Defende a inserção de mecanismos que assegurem a participação efetiva dos usuários, familiares e redes de referência no cotidiano dos serviços, a exemplo do direito a acompanhantes e consultas, exames e internações, das visitas abertas, espaços de escuta de usuários e trabalhadores, tais como ouvidoria. Esses arranjos visam o fomento da corresponsabilização do cuidado entre profissionais, usuários, familiares e rede de referência. Porém, este movimento de reflexão coletiva e democrática do sentido ético de trabalho implica em uma abertura à modificação nos fluxos de poder, de centralização para a transversalidade em rodas da comunicação, democratização das decisões e valorização de todos e de cada um que compõe o processo de trabalho. No entanto, a produção de modificações nas práticas de gestão e atenção no setor saúde dependem, sobretudo, da vontade política para transformar esses arranjos e dispositivos em realidade e não se reduzi-los à racionalização da proposta.