“DO SUS QUE TEMOS AO SUS QUE QUEREMOS” NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO POPULAR EM SAÚDE
"O SUS somos todos nós", vejam que linda mão(s), que também escreveram versos e desejos tecidos em encontros de Educação Popular em Saúde…
Assim, com Parceiros da ANEPS (Articulação Nacional de Movimentos e Praticas de Educação Popular em Saúde COLETIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO), do MOPS (Movimento Popular de Saúde COLETIVO DO ESTADO DE SÃO PAULO) e do Movimento HUMANIZASUS realizamos o primeiro encontro em Embú das Artes…
Iniciamos com uma bela técnica de aquecimento e energia. Luzia, à esquerda, foi a condutora… Esfrega as duas mãos ai, uma sobre a outra! Bastante. E, agora, afasta elas um pouco… sente a energia que elas produzem. Essa energia pode ser utilizada para os dias que precisamos mais… esfregue uma mão na outra e coloque a ponta dos dedos logo acima de suas sombrancelhas, no meio da testa, ative o terceiro olho. Esfregue-as, novamente, vá ao centro do peito, no meio, logo ali onde fica o Timo. Dê um abraço em si mesmo, se não tem a quem abraçar… Bata palmas com o dedo mínimo; bata com o mínimo e o anelar; bata com o mínimo, o anelar e o médio; bata com o mínimo, o anelar, o médio e o indicador; bata com os cinco dedos; bata com as mãos inteiras! Repita. Veja, sozinhos, o som é fraco, mas já tem som! Juntando mais dedos (pessoas), o som vai se produzindo e é incrível… Ah, e ainda temos que cuidar do nosso copinho 🙂 essa uma outra técnica, não é, Luzia?
Corpo meu, minha morada
Corpo meu, minha morada
Corpo meu, minha morada
Desde que o sol explodiu
Minha alma em estilhaços
A natureza estende os braços
Renasce o mundo em desafio.
(Ray Lima)
Mandala da vida, do SUS que temos ao SUS que queremos…
Delícia de acolhimento no espaço do Conselho, frutas, panos floridos, rede pendurada, fotos, cartazes, material teórico, cantos e mística em um parque com lago, adultos e crianças em momentos de lazer…
(Algumas bonecas são bem pequenas, feitas com "nós", pela Luzia da ANEPS)
Ao centro, “As Bonecas Negras Abayomi,
De origem ioruba, a palavra Abayomi: ABY – encontro; OMI – precioso, ou aquele que traz felicidade ou alegria. Pode ser traduzida como “Ofereço para você o melhor que eu tenho em mim” ou “Ofereço aquela que traz minhas qualidades”.
Inspiradas em personagens do cotidiano, contos de fada, circo e orixás, as Bonecas Abayomi, sempre negras, buscam o fortalecimento da auto-estima e reconhecimento da identidade afro-brasileira.
No período da escravidão, nos navios negreiros, as mulheres rasgavam a barra da saía e faziam abayomis para as crianças brincarem. E já aqui como escravos, reuniam-se na senzala e confeccionavam as Abayomis pedindo saúde e prosperidade.
As bonecas de trapo também fazem parte da cultura brasileira. As bonecas negras Abayomi: boneca de pano, sempre negra, de confecção muito simples, que não utiliza cola nem costura e os retalhos são apenas amarrados. De formas e tamanhos variados (de 2cm a 1,5m), representam figuras mitológicas, do cotidiano, personagens circenses, manifestações folclóricas e culturais.
São feitas de sobras de panos cedidas pelas confecções, que são amarrados, resgatando o fazer artesanal da forma mais singela, sem costuras e como o uso mínimo de ferramentas, enquanto questões sobre o racismo, sexismo e violência são refletidos.”
Texto: Luzia Aparecida – ANEPS
Juntamos quase 15 companheiros e começamos o debate, falamos em princípio de uma mudança cultural necessária para voltar a olhar para o outro e reconhecer nele um semelhante, começar a recusar a competitividade individualista que nos atravessa socialmente nas nossas relações.
E por que seria diferente no SUS? O SUS que temos é o SUS que discrimina! Queremos o SUS que acolhe! O SUS que queremos é o SUS que nos reconheça!
Onde entra o popular no SUS? os saberes tradicionais, a nossa ancestralidade, a equidade, os direitos de cidadania… "eu só resgatei esse SUS através da Educação Popular em Saúde!"
Como fazer gestão compartilhada quando as gestões estão sendo terceirizadas?
A população precisa saber usar o SUS e saber de seus direitos e se não sabe, buscar saber!
(Esse foi um relato parcial e pequeno do primeiro encontro, frases pinçadas em um grupo que começou uma aventura… já estou querendo mais!!!)
(Estamos!! Stella!! Lu!!)
A mensagem em Orubá, da mãe Iyá Cristina na Roda do SUS que temos para o SUS que queremos, agradecendo a chegada e abrindo caminhos…
O texto traduzido:
"seja lá em que terra eu chegar que o ser sagrado me guarde"
Por Luciane Régio
Já temos uma nova data 😀 aguardem!!
Adorei, Stella, obrigada pelo convite e pela oportunidade de conhecer esta cidade, ao lado da maior cidade do Brasil, que como recanto, realiza esses encontros da educação popular no SUS que queremos, em micropolíticas de afeto e possibilidades. Nossas culturas ancestrais que saem aos poucos da invisibilidade!
O saber popular nesse resgate das ancestralidades, como bem falou a Luzia, nossas raízes, produzindo saúde, agindo contra-hegemonicamente, vazando em conexões outras, que ampliam a visão de mundo, das possibilidades de cura à produção de mais vida (encantamento pela vida, descoberta de possibilidades)…
Sabedoria que vem de todos, de misturas e trocas, de um tempo que a Luzia contou com saudade, no qual ninguém ficava "sem", pois a comunidade, o bairro dava conta… "se a criança não tinha o leite, se a mãe não tinha a sopa"… soliedariedade, benevolência, reconhecimento do outro. Queremos um SUS que nos reconheça nas nossas necessidades, que algumas vezes não é diretamente só de saúde, mas de afeto, de qualidade de vida, igualdade social, racial (qual a sua cor? "Preto, vermelho ou amarelo"?), menos violência…
Bjão,
Lu… escrevendo o post-registros-de-afetos a quatro mãos, com a STELLA 🙂
Retalhos levados de SP a Goiania de bicicleta…