Faço Parte do SUS Que Dá Certo- Renata Marques

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“Um dia eu tive uma única certeza na vida: jamais trabalharia na saúde! Que irônico! Hoje eu luto em defesa desta saúde!”. A frase de Renata Marques, agente comunitária, de 31 anos, reflete seu encontro feliz com a saúde e inicia nossa conversa. Sua descrença na área da saúde acontecia por se ater apenas para o pior na saúde: trabalhadores estressados, greves e hospitais lotados. Definitivamente essa não seria sua esco-lha para carreira. Em 2007, porém, começou a estudar, por insistência de sua mãe, Ana Neri Marques Ribeiro, na Escola Técnica de Saúde Profª Valéria Hora(ETSAL), vinculada à Universidade Estadual de Saúde da Alagoas(UNCISAL), que ensina como se trabalhar no SUS. No ano seguinte, foi aprovada em um concurso público e começou a trabalhar no SUS.

“Eu disse pra mim mesma, já que estou aqui vamos ver no que vai dar! De repente meus olhos se abriram, me tornei uma pessoa melhor,” conta. O primeiro contato de Renata com a PNH veio em 2009. “Comecei a entender a sua importância na efetividade do SUS. Quando participei das reuniões da Câmara Técnica de Humanização(CTH), tive minhas ideias revolucionadas,” acrescenta. Entre 2010 e 2011 ela participou da elaboração e implantação de um projeto de Acolhimento com Classificação de Risco na Unidade de Saúde da Família Professor Dídimo Otto Kummer, onde trabalha até hoje. Com apoio da CTH, foi para o Seminário Regional Nordeste, que acorreu em Natal, em 2012, e pode conhecer de perto a realidade de alguns Estados.

“Lá, pude constatar que em Alagoas, mais precisamente em Maceió, havia a necessidade de se avançar, sendo esse um desafio enorme.”, afirma. Após se cadastrar na Rede HumanizaSUS e conhecer os avanços e experiências do Brasil todo, Renata recebeu, em 2013, uma proposta para divulgar sua experiência na área do acolhimento nas Oficinas de Humanização em Arapiraca-Al.

“Pessoalmente, foi um desafio, mas, muito gratificante pois eu estava fazendo parte do SUS que dá certo!”. Ela também participou de capacitações das Oficinas de Humanização promovi-das pela UNCISAL e apoiadas pelo Ministério da Saúde(MS) e Secretaria Municipal de Saúde(SMS), que resultou no projeto de intervenção, o GTH, na Unidade de Saúde em que trabalha. Nas oficinas, ela pode conhecer como a PNH veio pra efetivar o SUS. Segundo ela, essa troca de experiências foi in-comparável e muito intensa, o que lhe provocou o interesse pela micropolítica. Além disso, a agente comunitária deu mais um passo em sua formação e cursa hoje a faculdade de Gestão Pública para se aprofundar mais, principal-mente em relação às leis, os processos e administração pública. Durante toda a entrevista Renata demonstrou que mais que trabalho, o SUS é uma fonte de inspiração e sonho em sua vida. “Viu só como o SUS e a PNH mudaram minha vida? Eu e minha família somos usuários do SUS, eu sinto na pele o quanto a saúde no meu Esta-do precisa melhorar, pois a população ainda é ignorante em relação aos seus direitos, e a gestão indiferente aos problemas,” pontua.

Renata aponta as dificuldades e os per-calços em se obter humanização de fato, mas não perde a esperança: “Ainda é complicado oferecer um ser-viço adequado para a população. Nós trabalhadores fazemos o possível mes-mo com toda precarização do trabalho. Mas, acredito que, se nos unirmos, e fortalecermos e preenchermos todos os espaços disponíveis para discussão, as coisas podem mudar, já consigo ver alguns avanços e me apegar a eles para continuar acreditando, incentivando, educando e fazendo dar cer-to.”

A trajetória na área da saúde teve caminhos que Renata não esperava, mas, hoje ela não se vê fazendo outra coisa. “Sinto-me valorizada por poder contribuir na melhoria e na efetivação do SUS, tenho esperança, que a saú-de seja melhor, mais efetiva, e que a comunidade, saiba cobrar os seus direitos, espero por um SUS que dê certo de verdade!”, acrescenta.. A busca por melhorias em seu trabalho a partir de um olhar que vá além de seus horizontes faz de Renata um exemplo.

A agente comunitária que sonhava quando criança em ser professora passou por uma mudança de paradigma que se faz necessário para tornar algo ou alguém melhor. Felizmente Renata fez isso da melhor forma.

 

Faço parte do SUS que dá certo

Desde a metade de 2012, o informativo da PNH faz uma coluna chamada Faço parte do SUS que dá certo, disponível também na Rede HumanizaSUS. Todo o conteúdo produzido será transformado em posts da Rede, o que amplia a divulgação do trabalho e da história de vida de quem contribui para a humanização do SUS. A cada edição, é possível conhecer trabalhadores, gestores e usuários do SUS que contribuem para o SUS que dá certo. E são os leitores que sugerem quem vai ser entrevistado a cada edição! Portanto, se você conhece alguém que trabalha no SUS, é usuário ou gestor e faz a diferença no SUS, conte pra gente! Envie um e-mail para [email protected], com as informações do seu indicado e seus contatos.