Avaliação da acuidade visual em escolares do 5º ano do ensino fundamental – Projeto “De olho nos seus olhinhos”

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RESUMO

Objetivos: o Projeto de Intervenção “De olho nos seus olhinhos” objetivou avaliar a saúde visual por meio da aplicação de um teste de triagem, identificar a prevalência de sintomas visuais e providenciar o seu manejo adequado. Métodos: Estudo descritivo, no qual foram avaliados escolares do 5ª ano do ensino fundamental da Escola Municipal Pref. José Augusto Nunes matriculados no ano de 2014, por meio da aplicação de um questionário com as variáveis: sexo, idade, percepção do aluno quanto à própria visão, exposição solar, histórico de trauma, cirurgias e patologias oculares prévias e uso de óculos como maneira indireta da avaliação da saúde ocular. Os alunos que apresentaram sintomas de alteração ocular foram selecionados para encaminhamento a exame oftalmológico. Resultados: A amostragem foi de 24 alunos: 9 (37,5%) do sexo masculino e 15 (62,5%) do sexo feminino, com idade entre 9 e 17 anos. Desses, 7 (29,1%) crianças merecem encaminhamento para avaliação médico oftalmológica, pois 5 apresentam algum grau de desvio ocular (estrabismo) e 2 dos 4 que usam lentes corretivas encontram-se sintomáticos. Outro ponto observado foi que apenas 9 (37,5%) crianças realizaram o “teste do olhinho” após o nascimento. Conclusão: o Projeto “De olho nos seus olhinhos”, visou identificar as crianças com alterações visuais e garantir assistência integral em Oftalmologia para os casos selecionados e que necessitem de intervenções, tendo em vista reduzir as taxas de baixo desempenho escolar relacionados à saúde ocular. Ademais, o trabalho teve a sensibilidade de transparecer a preocupante situação da abordagem ocular dos nossos recém nascidos, através do “teste do olhinho”, exame indispensável para a identificação de patologias oculares em fase inicial.
Palavras chave: saúde ocular; exame oftalmológico; teste do olhinho.

INTRODUÇÃO

A visão, essencial para o aprendizado, é responsável pela maior parte da informação sensorial que recebemos do meio externo. A integridade desse meio de percepção é indispensável para o ensino da criança. Com o ingresso na escola, passamos a desenvolver mais intensamente as atividades intelectuais e sociais, diretamente associadas às capacidades psicomotoras e visuais.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 7,5 milhões de crianças em idade escolar sejam portadoras de algum tipo de deficiência visual e apenas 25% delas apresentem sintomas; os outros três quartos necessitariam de teste específico para identificar o problema.
Números publicados pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) mostram que no Brasil aproximadamente 20% dos escolares apresentam alguma alteração oftalmológica.
A capacidade visual desenvolvida nos primeiros anos de vida pode apresentar alterações reversíveis, geralmente durante os primeiros anos escolares. O reconhecimento da baixa visão na infância é da maior importância, pois na maior parte das vezes ela pode ser corrigida com terapêutica adequada.
A redução da capacidade visual implica em redução da qualidade de vida decorrente de restrições ocupacionais, econômicas, sociais e psicológicas. Para a sociedade, representa encargo oneroso e perda de força de trabalho. A implementação dos programas de detecção de baixa acuidade visual e de prevenção de problemas oftalmológicos em países desenvolvidos demonstra que os custos dessas ações são incomparavelmente menores do que aqueles representados pelo atendimento a portadores de distúrbios oculares. São essas medidas de grande valor social, pois diminuem grandemente o número de deficientes visuais, construindo uma população mais saudável, produtiva e feliz.
Considerando a importância da visão na educação e socialização da criança, as ações de promoção da saúde e de educação em saúde assumem importância decisiva. A prevenção e a detecção precoce de deficiências oculares são os melhores recursos para combate à visão subnormal e devem ser feitas, preferencialmente, na infância. Sendo a escola uma instituição com grande concentração de crianças, cabem aos profissionais da área da saúde escolar as ações de detecção e tratamento de baixa visão.
O projeto denominado “De olho nos seus olhinhos” visa prestar assistência oftalmológica aos escolares do 5º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Pref. José Augusto Nunes, localizada no município de Parnamirim. Será aplicado aos pais ou responsável, questionário sobre a saúde ocular dos escolares como instrumento de triagem. Para os menores com baixa acuidade visual ou algum sintoma de problema visual, o programa possibilita o encaminhamento a serviços médicos especializados para exame oftalmológico detalhado.
O trabalho tem por base o Projeto Olhar Brasil, elaborado de forma conjunta pelo Ministério da Educação e pelo Ministério da Saúde, cuja proposta é atuar na identificação e na correção de problemas de visão em alunos matriculados na rede pública de ensino da Educação Básica, priorizando, dentre alguns grupos selecionados, o atendimento ao Ensino Fundamental (1º ao 9º ano). A implementação do mesmo permitirá reduzir as taxas de evasão decorrente de dificuldades visuais, impedir a evolução de doenças oculares e, também, garantir melhoria na qualidade de vida destes cidadãos, uma vez que facilita o acesso da população à consulta oftalmológica e a óculos corretivos.

MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo realizado no município de Parnamirim, no qual foram avaliadas 52 crianças matriculadas no 5º ano do ensino fundamental no turno matutino, o que corresponde a 7.96% do total de 653 crianças matriculadas na Escola Municipal Pref. José Augusto Nunes no ano de 2014. O estudo foi realizado com a prévia autorização da instituição e dos responsáveis legais, por expressa autorização registrada no início do questionário aplicado. Os alunos que não compareceram à escola no dia do envio do questionário tiveram uma segunda oportunidade, desde que os mesmos estivessem sido entregues entre os dias 05 e 09 de junho de 2014 no horário de funcionamento da instituição. Enquanto que, os escolares ausentes no período determinado ou que não trouxeram o ofício respondido até o término do prazo, foram excluídos da pesquisa. Anexado às perguntas foi enviado um convite (ver em anexo) aos responsáveis com uma breve e simples explicação sobre o projeto a ser desenvolvido.
A avaliação oftalmológica foi precedida pela aplicação de um questionário padronizado (ver em anexo), onde constava a identificação do escolar e do responsável. Foram investigadas as seguintes variáveis:
• Características pessoais dos escolares: sexo e idade (em anos);
• Percepção do aluno quanto à própria visão;
• Exposição solar;
• Histórico de trauma, cirurgias e patologias oculares prévias;
• Uso de óculos;
Posteriormente, foi realizado o processamento e a análise dos dados obtidos dos questionários, como método de triagem da saúde ocular dos menores. As crianças com sintomas visuais serão encaminhadas à consulta oftalmológica especializada e sendo detectado erros de refração, serão cadastradas no Projeto Olhar Brasil com o propósito de acesso gratuito e facilitado a óculos corretivos.

RESULTADOS

Do total de 52 crianças examinadas, 28(53,8%) foram excluídas do estudo por não responderem o questionário, deixando-nos com uma amostra válida de 24(46,1%) alunos. Verificou-se que 9 (37,5%) alunos pertenciam ao sexo masculino. A idade dos escolares variou de 9 a 17 anos.
Quando indagadas sobre a repetência de série, 7(29,1%) crianças responderam sim, 17(70,8%) disseram não. Catorze (58,3%) dos escolares afirmaram ter cefaleia após leitura ou assistir televisão, sendo que 3(21,4%) queixaram-se que o sintoma era frequente, 10(71,4%) algumas vezes na semana e 1(7,1%) algumas vezes no mês. Ao serem abordados quanto à iluminação do ambiente de leitura, 2(8,3%) consideraram ruim, 21(87,5%) boa e 1(4,1%) muito ruim.
Em relação à exposição solar, 9(37,5%) julgam como pouca, 10(41,6%) média e 5(20,8%) muita. E apenas 2(8,3%) fazem uso de óculos escuros com proteção UV quando expostos.
Da amostra total de escolares envolvidos no estudo, 7(29,1%) asseguram já ter sofrido algum trauma ocular e 1(4,1%) ter sido submetido a procedimento cirúrgico na região do olho. Houveram cinco registros de desvio ocular.
Quanto à saúde visual, 9(37,5%) realizaram “teste do olhinho”, não sendo evidenciado alteração neste. Apenas 1(4,1%) realizou avaliação oftalmológica antes de 2 anos de idade. E 4(16,6%) crianças fazem uso de lentes corretivas para correção de ametropias. Foi estimado que 23(95,8%) familiares fazem uso de óculos e destes 24 são os pais, 5 os irmãos e 17 os avós.
A partir do exposto, analisamos que 7(29,1%) crianças merecem encaminhamento para avaliação médico oftalmológica, pois 5 apresentam algum grau de desvio ocular (estrabismo) e 2 dos 4 que usam lentes corretivas ainda estão sintomáticos. Outro ponto observado e de extrema relevância trata-se do baixo índice de realização do “teste do olhinho”, traduzindo o descuido do sistema de saúde para com nossas crianças e o reduzido grau de instrução dos pais quanto a importância do teste na saúde ocular de seus filhos.   

CONCLUSÃO

Com base no exposto, o Projeto de Intervenção “De olho nos seus olhinhos”, visou identificar as crianças com alterações visuais e garantir assistência integral em Oftalmologia para os casos selecionados e que necessitem de intervenções. Para os escolares com erros de refração e necessidade de uso de lentes corretivas, haverá a oportunidade de cadastramento no Projeto Olhar Brasil, para que tenham o acesso gratuito a óculos corretivos.
Ademais, o projeto objetivou reduzir as taxas de baixo desempenho escolar relacionados à saúde ocular, importante causa de deficiência na aprendizagem, assim como repetência e evasão escolares.
Além disso, o trabalho teve a sensibilidade de transparecer a preocupante situação da abordagem ocular dos nossos recém nascidos, através do “teste do olhinho”, exame obrigatório nas redes pública e privada de saúde e indispensável para a identificação de patologias oculares em fase inicial, passíveis de correções e intervenções, reduzindo principalmente a cegueira infantil e suas consequências no desenvolvimento integral das crianças.   

REFERÊNCIAS

1. Granzoto JA, Ostermann CS, Brum LF, Pereira PG, Granzoto T. Avaliação da acuidade visual em escolares da 1ª série do ensino fundamental. Arq. Bras. Oftalmol. vol.66 no.2 São Paulo  2003.
2. Aguiar AS, Cardoso MV, Lúcio IM. Teste do reflexo vermelho: forma de prevenção à cegueira na infância. Rev Bras Enferm, Brasília 2007 set-out; 60(5): 541-5.
3. Ministério as saúde. Projeto olhar brasil: triagem de acuidde visual – manual de orientação. 1ª edição. Brasília – DF 2008.