Os gestores do SUS e a co-gestão

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por Márcia Amaral

Tem um material bem legal do observatório de recursos humanos da OPAS/MS e que acrescenta uma pergunta: para que servem os trabalhadores de saúde? Usamos no texto sobre gestào que estamos publicando. Segue um trecho:

"Estudos realizados pelo Observatório de Recursos Humanos, vinculado ao Ministério da Saúde e a OPAS apontam que as categorias "otimização da alocação e da utilização da força de trabalho", ainda que raramente utilizadas no campo da gestão pública de pessoas, apesar de fundamentais não são suficientes para lidar com a complexidade do desafio de fazer tal tipo de gestão. O conceito de "recursos humanos" ainda é dominante na elaboração de metodologias de gestão em saúde, sugerindo uma concepção que reduz pessoas a um recurso supostamente administrável conforme a racionalidade dos projetos administrativos. O referido Observatório aponta que ainda não está consolidada entre os dirigentes da saúde a  tarefa política de reconhecer a centralidade do “fator humano” na gestão em saúde. Ainda não se opera com a perspectiva de que as organizações de saúde necessitam de gente que cuida de gente, pessoas que trabalham para viver, que têm seus próprios objetivos, que se comunicam para resistir contra normas, para superar problemas e que anseiam por proporcionar e desfrutar melhor qualidade de vida. Encontraram em seus levantamentos que estas dimensões têm sido desconsideradas pela maioria dos gestores e gerentes no campo da saúde. Donde se deduz que no imaginário desses gestores/gerentes, os trabalhadores de saúde ainda são os “recursos” que “devem” a priori viabilizar as ações por eles traçadas. Os trabalhadores, por seu lado, também se relacionam com os gestores e com o próprio trabalho na mesma perspectiva, não se reconhecendo como autores do trabalho executado, “se colocando ora no papel de meros recursos, ora no papel de trabalhadores com direitos, ressentindo-se da exploração como máquina de produção de procedimentos, resultando em desresponsabilização pelo trabalho e cuidado do usuário, estabelecendo relações complementares – gestores que pensam e planejam e trabalhadores que executam.” (MS,2002)

Encontro realizado em Toronto, no ano de 2005, sobre gestão do trabalho traz como recomendação a geração de "relações de trabalho entre trabalhadores e instituições de saúde que promovam ambientes de trabalho saudáveis e permitam compromissos com a missão institucional de garantia de bons serviços de saúde para toda a população". (MS, 2006)

 

Ao tentar realizar este tipo de renovação, o dirigente da saúde não tem encontrado metodologias alternativas para a gestão de pessoal, metodologias que combinem a construção de responsabilidade sanitária com reconhecimento de importante grau de autonomia, sempre necessário para a qualidade do atendimento e para a realização do profissional como trabalhador e como pessoa. 

Outro trecho-

"A segunda finalidade é que o trabalho destina-se a satisfazer as necessidades de sobrevivência dos trabalhadores, mas mais do que isto, destina-se a atender as necessidades subjetivas destes, no que diz respeito à construção de significado pessoal e noção de pertencimento e de autoria por meio do trabalho. Estudos realizados acerca do que as pessoas fariam se tivessem dinheiro suficiente para não precisar trabalhar, mostraram que 80% delas responderam que continuariam a trabalhar, sendo os principais motivos: para se relacionar com outras pessoas, para ter o sentimento de vinculação, para ter algo para fazer, para evitar o tédio e para se ter um objetivo na vida. (Morin, 2001) Esta pesquisadora realizou um estudo sobre o sentido do trabalho entre administradores na França e no Canadá, o qual apontou que as principais características de um trabalho que faz sentido são a eficiência e alcance de resultados, traz satisfação pessoal intrínseca, é moral e socialmente valorizado, é fonte de experiências de relações humanas satisfatórias e garante segurança e autonomia."