Ambiência na saúde
A cartilha “Ambiência” publicada pelo Ministério da Saúde em 2013 traz a temática da ambiência enquanto um avanço qualitativo na perspectiva da humanização em saúde, ao considerar o espaço físico não apenas sob o olhar técnico e formal, mas o considere, sobretudo, enquanto um espaço profissional no qual devem ser consideradas as relações instituídas, os valores culturais e promova acolhimento e resolutividade. Para isso, o conceito de ambiência baseia-se em eixos norteadores que devem ser considerados e utilizados simultaneamente, tais como a confortabilidade com o foco na privacidade dos usuários do espaço, a produção de subjetividades e a facilitação através do espaço de um atendimento acolhedor e resolutivo. Elementos como informações indicativas, sinalizações, a acessibilidade, espaços acolhedores não apenas para os pacientes, mas também para seus acompanhantes, bem como espaços que também considerem as necessidades do trabalhador.
A ambiência tomada isoladamente não podes ser capaz de transformar processos de trabalho, porém, pode ser um elemento que proporcione reflexões e mudanças individuais e grupais. Tomamos como exemplo a própria concepção do trabalho em saúde. Historicamente foi centrado no estudo das doenças e tendo como foco prioritário o atendimento individual e curativo. Tomando como base esta ideologia biomédica, curativa e corporativa, o processo de trabalho tende a ser compartimentalizado e corporativo. Nesse sentido, a ambiência pode e muito contribuir com a mudança de perspectiva, promovendo a existência de salas multifuncionais, espaços que promovam o agrupamento e a integralidade da assistência. Da mesma forma que a fragmentação dos processos de trabalho, em alguns lugares, são nitidamente refletidas na fragmentação do espaço, a integralidade e a interdisciplinaridade do trabalho pode sim ser estimulada pela composição do espaço.