Paidéia e a gestão: indicações metodológicas sobre o apoio
Gastão Wagner discute no texto “Paidéia e a Gestão: indicações metodológicas sobre o apoio” a forma de fazer gestão em saúde na qual predomina a cisão entre quem comanda e quem executa as tarefas, entre quem detém o poder e quem permanece sendo o objeto de manipulação. Para isso, propõe uma reformulação nessa tradicional forma de gerir, através de um apoio complementar às atividades de coordenação, planejamento, supervisão e avaliação, chamando-o de “apoio paidéia”. Este baseia-se na ideologia de que todos os atores envolvidos no provesso de trabalho, mesmo com diferentes graus de poder e saber, atuam na função de gestão.
Pontua a tríplice finalidade e efeitos do trabalho, a de produzir bens e serviços, a de assegurar a reprodução da própria organização e por fim, de gerar produção social e subjetiva; este último, infelizmente pouco valorizado pelo modelo de gestão tradicional em virtude da supervalorização e da burocratização em detrimento da interação interpessoal. Aponta o apoio paidéia no sentido de uma articulação entre a missão institucional aos saberes, experiência, desejo e interesse dos diferentes atores a fim de propiciar relações construtivas e democráticas na instituição.
Assim, a ampliação da capacidade de consciência, de busca de informação e compreensão de si mesmo enquanto processo social e subjetivo refere-se ao efeito paidéia, que através do “método paidéia” busca a promoção de políticas públicas de movimento na qual se incluam as dimensões do poder, do saber e dos afetos. Para isso, faz-se necessário a utilização de recursos metodológicos que promovam a ampliação da capacidade de lidar com essas dimensões, tais como a construção de rodas que representem um lócus de interação, análise, compartilhamento e tomada de decisões coletivas; análise das próprias relações de poder, de afeto e de conhecimento; trabalho com metodologias dialéticas que valorizem ofertas externas, mas também o potencial do próprio grupo; e principalmente atuar junto ao grupo e não atuar pelo grupo.