“Siamo tutti cannibali”???

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Entrando na barca do Erasmo, que publicou um post por ocasião da morte do Lévi-Strauss, quero compartilhar com vcs um interessante artigo sobre uma nova forma de canibalismo, o terapêutico.

O título é de um trabalho dele de 1993, publicado originalmente em língua italiana em "La República". O que eu li está na revista VERVE, publicação do Nu-Sol ( núcleo de sociabilidade libertária da PUC-SP ). Aliás, esta é outra revista bárbara ( em vários sentidos, muito boa e desruptivadora de sentidos ) como a do pessoal do Ceará sobre Nietszche e Deleuze.

Canibalismo? Como assim?

Bem, a tese é: as novas formas de misturas de corpos só não são traduzidas por canibalismo pq estão cobertas com o manto sagrado da ciência. E, assim, exorciza-se o bárbaro e aumenta-se o fosso entre selvagens e civilizados.

Afeição, respeito, admiração constituíam o motor das refeições macabras de outros tempos. Inúmeros outros fins também, conforme o povo que as praticasse.

"Trata-se sempre de introduzir voluntariamente, nos corpos de seres humanos, partes ou substâncias provenientes do corpo de outros seres humanos". Injeções de hipófise, enxertos de matéria cerebral, transplantes de órgãos: qual é a fronteira? Lévi-Strauss mostra como a noção de canibalismo se dissolve quando se tenta delimitá-la.

Interessantíssimo modo de pensar, livre da questão da superstição, como diria Espinosa. Além do bem e do mal, como diria Nietszche.

L.S. lembra Rousseau, o qual localizava a origem do laço social no processo de identificação com os outros. E afirma, pândego, que "o meio mais simples de identificar outrem é ainda comê-lo".

E eu me pergunto: há forma mais próxima de contágio/mistura do que essa?

 

Iza