Mobilização pelo parto humanizado – Hospital particular em Uberlândia veta parto humanizado alegando ‘gritos das parturientes’
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Desde o último dia 09 de setembro, o único hospital particular de Uberlândia (MadreCor), na região do Triângulo Mineiro que oferecia parto humanizado, suspendeu o procedimento. A justificativa foi falta de um espaço físico adequado. A decisão foi anunciada pela diretoria da unidade de saúde, em reunião com as de médicas e doulas que acompanham os partos. No documento entregue durante a reunião, além do argumento de que o hospital não tem a estrutura adequada para oferecer esse tipo de atendimento, também havia a justificativa de que pacientes da unidade de saúde teriam reclamado dos gritos das parturientes.
De acordo com a doula Kelly Mamede, fundadora do Grupo Bom Parto em Uberlândia e que já acompanhou partos pelo MadreCor em inúmeras situações, a justificativa apresentada não é válida. “Naturalmente durante o trabalho de parto o que acontece é que realmente há mulheres que vocalizam, alguma vocalizam moderadamente, outras ficam em silêncio e tem as que vocalizam mais alto, assim como os bebês também podem chorar de madrugada ou outro enfermo possa manifestar sua dor, o que é comum nos hospitais então essa justificativa ‘dos gritos’, não foi plausível”, argumenta.
Em nota oficial, a diretoria da unidade afirmou que está sujeita a muitos processos em virtude de complicações clínicas dos recém-nascidos, porém Kelly Mamede discorda e explica que 'foi movida uma ação no Ministério Público para exigir que a Vigilância Sanitária tome as medidas cabíveis em relação ao cumprimento de portarias e normativas do Ministério da Saúde, Agência Nacional de Saúde (ANS) e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). "Também recorremos à Promotoria de Justiça Especializada na Defesa dos Direitos do Consumidor e o promotor enviou uma notificação ao hospital garantindo que as parturientes cujos partos já estavam marcados, sejam cumpridos. O parto humanizado é um direito garantido por lei”, enfatiza.
O hospital permitia há 8 anos, que médicas que prestam atendimento humanizado, acompanhadas de doulas, atuassem na unidade fazendo o parto na água utilizando piscinas nos próprios quartos, que por serem amplos, comportam as práticas de assistência humanizadas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde.
O reconhecimento do trabalho é tão significativo que as gestantes estão se mobilizando e organizando uma passeata para o próximo sábado, 27 de setembro, às 16h, em frente à maternidade. Os manifestantes prometem uma passeata pacífica, com entrega de flores em agradecimento a todos os partos que aconteceram na unidade de saúde e também vão pedir à diretoria que reveja sua decisão. Além disso o movimento em defesa do parto humanizado de Uberlândia, luta para que o procedimento seja regulamentado em todos os hospitais que se dizem maternidade no município como preconiza a ANS.
Confira nos links abaixo algumas regulamentações:
Lei 8.080/1990 que determina que todos os estabelecimentos de saúde estão sob as diretrizes do Ministério da Saúde
Portarias do Ministério da Saúde que falam sobre as diretrizes terapêuticas relacionada ao parto: 569/2000 e 1067/2005
RDC 36/2008, da Anvisa
Serviço: Mobilização pelo parto humanizado em Uberlândia
Data: sábado, 27 de setembro de 2014
Horário: às 16h
Local: em frente ao Hospital e Maternidade Madrecor – Avenida Francisco Ribeiro, 1111 – Santa Mônica – Uberlândia / MG
Por srubian
Com 38 semanas e alguns dias, numa consulta de pré natal meu obstetra solicitou que eu fosse para maternidade a noite porque até o final da madrugada meu filho nasceria, eu tinha dilatação e contração em andamento, assim o fiz, por volta das 8 da noite cheguei ao hospital e em seguida o obstetra, meu filho não nasceu naquela noite, o medico foi pra casa e voltou na manhã seguinte para decidir se eu voltaria pra casa para esperar mais um pouco, se seria necessário cesarea, essas coisas.
Minha dilatação e contração aumentavam e diminuíam, a contração parava por horas.
Mais o que me preocupava era o que acontecia na sala de parto, os gritos tanto da mulher paria quanto dos médicos, era algo do tipo: "Faz força senão seu filho vai morrer!" Aquela noite eu não dormi, pra mim ela ja estava morrendo e a tentativa era de salvar apenas a criança.
Quando meu médico chegou eu ja estava decidida pela cesariana, ele me explicou que talvez meu parto demorasse até 3 dias para acontecer, os cuidados que eu deveria ter por conta da dilatação, sinais de que eu precisaria ir para a maternidade etc…, eu não ouvi nada. Estava decidida pela cesarea e todas que aguardavam o parto normal naquele dia e puderam pagar também o fizeram, na época planos de saúde só cobriam cesariana em caso de risco ao bebê ou a mãe.
Resumindo:Aquele parto era algo atípico, uma criança de aproximadamente 6Kg, uma mulher de porte pequeno, antes do meu parto fui ao berçario, vi a criança cheia de hematomas. Acredito que naquele dia, todas as outras mulheres deveriam receber apoio de algum profissional qualificado, receber informações e esclarecimentos sobre os gritos, por conta da fragilidade do momento, hoje sei que ela deveria ter feito uma cesarea, talvez meu filho tivesse nascido de parto normal. Tiveram mais gritos nos dias que se seguiram.
Acho que sala de parto deveria ser a prova de som, é torturante ouvir os gritos, a imaginação vai longe.