HumanizaSUS participa do Painel de Indicadores do SUS
Na semana passada, durante a 9ª Mostra Nacional de Experiências Bem – sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de doenças (Expoepi) em Brasília – DF, foi lançada a sexto volume da publicação “Painel de indicadores do SUS ”. A Política Nacional de Humanização foi convidada a contribuir com um texto sobre a promoção da saúde, atenção básica e humanização. O texto enviado para publicação segue aqui:
“Promoção da saúde, atenção básica e humanização da saúde
A promoção da saúde, a atenção básica e a humanização constituem distintas políticas do SUS e ampliam sua potência transformadora das práticas de gestão e de cuidado quando articuladas entre si. Promoção da saúde, entre outros, toma por objeto modos de vida, os quais respondem a determinadas características sociais, econômicas e culturais de uma população, os quais se apresentam como determinantes da saúde.
Ou seja, para que a produção de saúde ocorra desde a ação dos agentes e instituições sanitárias é necessário, além de medidas de prevenção, cura e reabilitação, identificar e intervir sobre um conjunto de elementos que atuam em complexas redes causais. Sem isto, muito provavelmente a ação preferencial da área da saúde será lidar com doenças e agravos, cujas origens, em boa medida, se situam no campo social, cultural e econômica. Assim, a promoção da saúde informa sobre novo modo de lidar com problemas de saúde, o que introduz mudanças de paradigmas na atenção e na gestão, sendo necessária a criação de novos conceitos, práticas e processos de trabalho.
Um importante campo para se lidar com determinantes da saúde é a atenção básica, pois uma de suas grandes tarefas sanitárias é intervir no território considerando o arsenal de práticas e saberes do campo da saúde coletiva. Dessa forma, a atenção básica, por agir em um território e a partir da ação de equipes de saúde, as quais constroem contratos de co-responsabilização com a população vinculada, se apresenta como oportunidade para se lidar e alterar com um conjunto de elementos que atuam como determinantes da saúde. Intervir sobre determinantes, todavia, exige reposicionamentos da equipe, a qual amplia se foco de ação, indo para além do acolhimento de pessoas/necessidades e da ação clínica e dos programas, associando estas estratégias com outros territórios de saberes e práticas e com outros setores e políticas públicas.
A Política de Humanização (PNH), entre outros, informa sobre um método, diretrizes e dispositivos para que as equipes de atenção básica possam lidar de forma mais consensuada com a complexa tarefa de interferir sobre condicionantes de saúde e, ao mesmo tempo e de forma indissociável realizar acolhimento dos usuários/famílias e promover uma clínica de qualidade.
Humanizar, nesta perspectiva, impõe a necessidade de se refletir sobre a organização dos processos de trabalho, dos quais se originam as ofertas sanitárias da equipes, bem como se “modo singular de fazer”. Entre os dispositivos da PNH, as equipes de referência e a organização de espaços coletivos (rodas) são importantes ofertas para o reposicionamento dos trabalhadores frente ao rigor e complexidade de suas intervenções sobre territórios e com populações. O reconhecimento da complexidade da atenção básica impõe que se reconstrua modos de agir dos trabalhadores/equipes, sem o qual não se produz novas práticas, nas atitudes, novas éticas no trabalho. E estas inovações são requisitos para que a atenção básica e a Estratégia da Saúde da Família efetivamente cumpram sua tarefa de reordenamento dos modelos de atenção.
Nesta perspectiva, a humanização oferta diretrizes clínicas, éticas e políticas, as quais orientam processos de reorganização do trabalho. Entre eles o acolhimento, a gestão participativa e democrática, a clínica ampliada, a valorização do trabalhador, a garantia de direito dos usuários e o fomento de redes. Assim, na atenção básica, tomando as exigências ético-políticas de promoção da saúde, o método da humanização (inclusão das pessoas e dos coletivos nos processos de gestão, de cuidado e de saúde coletiva), pode disparar e sustentar movimentos de reposicionamentos dos trabalhadores da saúde, os quais orientados por preceitos éticos (acolher, qualificar a clínica, respeitar direitos dos usuários) podem “em ato” reconstruir práticas, inovando nas ofertas, o que trará como resultado, de um lado, a ampliação da eficácia das práticas, então mais potentes para a produção de efeitos desejados e, de outro lado, dignificar o trabalho, ampliando seus sentidos, afirmando-se como importante campo de realização do trabalhador.”
Confira também a edição feita pelos revisores da publicação:
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