Consciência Negra:Cabelo natural como forma de resistência.

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O que é ter cabelo bom ou ruim? Por muito tempo achei que meu cabelo era ruim pelo simples fato disso ser o que a cultura de massa e o padrão eurocêntrico de beleza nos impõem, pois bem, diariamente pessoas me falam “mulher agora teu cabelo tá ruim”, “mermã passa alguma coisa pra melhorar os cachos”, ” o que você fez no teu cabelo, ficou  doida?” ou ainda “ você vai deixar ele assim?  Eu com toda minha delicadeza – e isso não é ironia, realmente tento ser delicada – respondo, “ele vai ficar  assim, e quem disse que ele é ruim? Eu tava doida quando alisava não agora. Ele é crespo e eu gosto assim ”. Não sei o que as pessoas têm contra  cabelo crespo, e fico me perguntando quais os métodos de escolha do que é bom ou ruim, quem deve avaliar isso sou eu e não terceiros. Eu sei que a culpa não é de quem acha que cabelo crespo é ruim, feio, que o negro é ladrão, trombadinha etc, essa cultura de achar que tudo relacionado ao negro é ruim, está enraizada na cultura e sociedade brasileira, que por muito tempo negligenciou o negro, mas que precisamos superar isso, dá um passo a frente e perceber que todos somos seres humanos independente de cor, religião, orientação sexual, e todos merecem ser respeitados.
E pra quem diz que essas condutas da sociedade não são racistas. Eu afirmo! Isso é racismo sim. Racismo que está presente no comportamento e atitudes da sociedade, racismo velado que todos os dias presenciamos sem nos dar conta, ele fica lá quietinho sem que a maioria perceba, mas ele existe e está cada dia mais presente. Meu cabelo é bom, ele não precisa de relaxante, e ele vai ficar assim, pois é assim que eu gosto e pronto.

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Agora eu digo:
Meu tataravô era negro.
Meu bisavô era negro.
Meu avô era negro.
Meu pai era negro.
Eles resistiram.
Eu irei resistir.
Não vou deixar que os padrões que a sociedade impõe influenciem minha escolha de ser como sou, que digam que meu cabelo é feio ou ruim, que digam que minha cor é feia, que digam que eu devo fazer clareamento de pele e alisar o cabelo.
Por muito tempo segui essa determinação, mas hoje aprendi que minha autoafirmação é necessária. Entretanto, assumir minha negritude, minha essência, minha identidade, me fizeram ver o Racismo bem de perto, antes sabia que ele existia, mas não conseguia enxergá-lo. Hoje ele fica mais nítido, mas pouco me importa quem me olha ”torto”, pois agora sei quem eu sou, conheço a luta do meu povo, e sei que a resistência é a melhor forma de sermos vistos e mostrar que estamos aqui, e vamos continuar resistindo a qualquer tipo de preconceito.