“Saúde do cuidador”: atendimento em grupo a acompanhantes de pacientes em quimioterapia
Os acompanhantes de pacientes oncológicos podem vivenciar momentos difíceis como a descoberta do diagnóstico e o tratamento de quimioterapia. Assim como os pacientes, também podem reagir com sofrimento e ansiedade bem como apresentar dúvidas e expectativas quanto ao tratamento e prognóstico. Além disso, muitas vezes, precisam adequar sua rotina para incluir os cuidados ao paciente – o que pode lhe gerar sobrecarga de trabalho e lhe exigir mudanças de papéis na dinâmica sócio-familiar. Compreendendo que a qualidade do cuidador pode inferir favoravelmente no processo de tratamento do paciente (SANTOS; SEBASTIANI, 1996; KMANEKO et al., 2012), torna-se imprescindível incluir a família na assistência psicológica (FARINHAS; WENDLING; DELLAZZANA-ZANON, 2013; VENÂNCIO, 2004).
Para garantir a promoção de saúde a esses cuidadores, o serviço de Psicologia do Centro de Atendimento de Alta Complexidade Úlpio Miranda (Maceió-AL) em parceria com o Programa de Residência Multiprofissional em Saúde, criou o grupo “Saúde do Cuidador” o qual visa à prestação de atendimentos psicológicos grupais. As atividades desse grupo tinham coordenação de duas psicólogas e foram realizadas semanalmente com cerca de 6 participantes a cada encontro. Os acompanhantes eram convidados para participar voluntariamente. Geralmente, a adesão ao grupo ocorria com facilidade e até com procura dos cuidadores. Ademais, entendendo a singularidade dos casos atendidos nos grupos, também foi ofertado acompanhamento psicológico individual àquele cuidador que assim também o desejasse.
O desenvolvimento dessas atividades facilitava processos grupais como compartilhamento identificativo entre os membros do grupo, apoio emocional entre estes, aprendizagem interpessoal, trocas de informações e de estratégias de enfrentamento no atual contexto. Dessa forma, foi possível mediar o estabelecimento de novos vínculos sociais e ampliar aprendizados de modos para vivenciar o contexto do adoecimento. Nesse ínterim, diante de possíveis mudanças durante e pós-acompanhamento terapêutico do usuário em tratamento oncológico, o cuidador também foi sensibilizado para implicar-se no processo adaptativo e participativo.
Referências
FARINHAS, Giseli Vieceli; WENDLING, Maria Isabel; DELLAZZANA-ZANON, Letícia Lovato. Impacto psicológico do diagnóstico de câncer na família: um estudo de caso a partir da percepção do cuidador. Pensando famílias, vol.17, no.2, Porto Alegre, dez, 2013.
KANEKO, Yumi et al. Cuidando dos Cuidadores – um programa multidisciplinar de acolhimento dos cuidadores informais no Hospital Geral de Pirajussara. In: MINISTÉRIO DA SAÚDE. Caderno HumanizaSus – Atenção Hospitalar, v.3. Brasília-DF, 2012.
SANTOS, C; SEBASTIANI, R. Acompanhamento psicológico à pessoa portadora de doença crônica. In: ANGERAMI-CAMON, Vladimir et al. E a psicologia entrou no hospital. São Paulo: Pioneira; 1996. p. 147-76.
VENÂNCIO, Juliana Lima. Importância da Atuação do Psicólogo no Tratamento de Mulheres com Câncer de Mama. Revista Brasileira de Cancerologia, vol.50, n.1, 2004. p.55-63.
Post por Camila Carnaúba e Antonísia Ribeiro.
Por Sérgio Aragaki
Camila,
parabéns pelo trabalho desenvolvido por vcs.
Ao produzir cuidado, o cuidador também produz o cuidado de si.
Precisamos ter atenção e também colaborar nessa produção de saúde, pois quando pensamos e agimos como se o cuidado fosse PARA o outro e não JUNTO COM o outro, muitas vezes não se faz o cuidado de si, mas o abuso de si.
abs,
Sérgio