Por uma outra formação em saúde

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Este post conversa com os muitos que já passaram por aqui sobre a formação em saúde. É com um pouquinho de atraso que aceito o convite da Comunidade de Formação e Pesquisa. Uma questão que martela a minha cabeça é como formar profissionais comprometidos com a saúde como direito de cidadania. 

Hoje li a matéria abaixo na Carta Campinas e compartilho com vocês. Trata-se de uma pesquisa que buscou repensar a formação e a relação médico-paciente para que seja pautada na ética e no compromisso com a vida do usuário. Quiçá tal iniciativa contamine outros cursos, alunos e professores da área da saúde. Quiça possamos repensar e mudar a formação em saúde… 

Pesquisa da Unicamp estuda a empatia dos médicos e joga luz sobre perfil profissional

Fonte: https://cartacampinas.com.br/2014/11/pesquisa-da-unicamp-estuda-a-empatia-dos-medicos-e-joga-luz-sobre-perfil-profissional/

Uma pesquisa realizada na Unicamp tenta entender como a própria vivência e ensino durante a Faculdade de Medicina provoca no médico uma espécie de antipatia, ou seja, um distanciamento e indiferença do médico em relação ao paciente e o foco exclusivo na doença. A pesquisa também pode servir para entender o perfil dos médicos brasileiros e, até, a reação da classe em relação à presença de colegas cubanos no Brasil.
No estudo, o médico e pesquisador Marcelo Schweller, orientado pelo professor Marco Antonio de Carvalho Filho, avaliou uma série de intervenções, visando manter ou aumentar a empatia de estudantes de medicina da Unicamp em diferentes estágios de formação. O conceito de empatia na pesquisa é  a capacidade de compreender o sentimento ou reação da outra pessoa imaginando-se nas mesmas circunstâncias.
Segundo os pesquisadores, há uma perda da empatia ao longo dos anos do curso de graduação e tem como umas das causas principais o chamado ‘currículo oculto’. O estudante têm várias experiências na faculdade que não são somente as experiências em sala de aula e supervisionadas. Essas experiências também vão moldando a personalidade e a identidade profissional desses alunos. E nem todas essas experiências são positivas. Isso é o que se denomina currículo oculto em medicina.
“Queremos formalizar o currículo oculto, trazer para o debate. A formação dos futuros médicos precisa estar pautada em valores e virtudes, que surgem da necessidade primordial de colocar os interesses do paciente acima dos interesses do próprio médico. Para respeitar isso, o médico precisa ter uma fidelidade à verdade científica, mas também à verdade humana”, afirmou o professor Marco Antonio de Carvalho Filho ao Jornal da Unicamp.
Na pesquisa, Marcelo Schweller expôs os alunos a atividades programadas e utilizou uma escala psicométrica para medir a empatia do estudante. Os resultados demonstraram que a empatia aumentou consideravelmente em praticamente todos os alunos que passaram pelas atividades. Para o pesquisador, a relação médico-paciente é o fundamento da prática da medicina. Entre os fatores que permitem o sucesso dessa parceria, a empatia se destaca como um dos mais importantes. “Existem evidências científicas que associam a atitude empática do médico com a satisfação do paciente, melhor adesão ao tratamento e melhores desfechos clínicos”, afirma Schweller.
A pesquisa constatou que 94% deles acharam que a capacidade de ouvir o paciente estava melhor; mas não só de ouvir o paciente: 91% acreditam que a capacidade de ouvir outra pessoa também está melhor.
A motivação dos estudantes após as atividades também aumentou após as atividades da pesquisa. Cerca de 60% dos estudantes ficaram motivados a estudar não somente a relação médico-paciente, mas os conteúdos de medicina como um todo. Quase 100% consideraram uma aplicação deste aprendizado na vida profissional e mais de 90%, também na vida pessoal.
A pesquisa também mostrou que determinadas especialidades médicas estão mais associadas aos níveis de empatia de estudantes de medicina. Aqueles que pretendem especialidades com contato direto com os pacientes, como medicina de família, clínica médica, psiquiatria e pediatria, apresentam níveis de empatia maiores que os estudantes que buscam especialidades orientadas por tecnologia ou procedimentos, como anestesiologia, radiologia e patologia.

Fonte: https://cartacampinas.com.br/2014/11/pesquisa-da-unicamp-estuda-a-empatia-dos-medicos-e-joga-luz-sobre-perfil-profissional/

Para saber mais sobre a pesquisa "O ensino de empatia no curso de graduação em medicina” de Marcelo Schweller: https://www.unicamp.br/unicamp/ju/616/linha-de-pesquisa-aproxima-alunos-de-medicina-da-realidade-do-paciente

Foto: Medicina, do Klimt.