A Clínica
Olá pessoal,
Hoje vim falar um pouco de artigos que eu e minha turma fomos orientados a ler sobre a clínica. Dentre eles, o que me chamou atenção foi "Modelos tecno-assistenciais em saúde:da pirâmide ao círculo, uma possibilidade a ser explorada." de Luiz Carlos de Oliveira Cecilio, publicado no Caderno de Saúde Pública, 1997.
Nele o autor, trata e propõe um modelo de assistência à saúde diferente do que estamos acostumados a ver e estudar. Em vez de ser em formato piramidal, onde a assistência em sua base tem a atenção primária à saúde, com a famosa expressão que conhecemos de "porta de entrada do SUS" com suas UBS's; no meio da pirâmide, a atenção secundária, com os hospitais de referência, urgências, emergências e especialidades e por fim, no topo, a atenção terciária com os hospitais que atendam paciente com acometimentos de maior complexidade.
Ele traz um modelo de assistência em formato circular, onde o círculo dá a ideia de movimento, ou seja, de alternativas de entrada e saída múltiplas. Por exemplo, o que estamos acostumados a ver e fazer como usuários do SUS é tentar atendimento diretamente nas emergências de hospitais, sem antes passar pelas UBS's, "furando", de certa forma o fluxo de entrada do sistema, que seria no modelo piramidal, as unidades básicas de saúde. E é ai que me pergunto: Porque não ter acesso ao sistema de outra forma, sem ser pela atenção básica? É uma reflexão que merece ser feita. E é nesse ponto que o autor traz uma comparação que me chamou atenção por ser bem explicativa, de acordo com o trecho: "Pensar o sistema de saúde como um círculo é, em primeiro lugar, relativizar a concepção de hierarquização dos serviços, com fluxos verticais,em ambos os sentidos, nos moldes que afigura da pirâmide induz (…) Trabalhar com múltiplas possibilidades de entrada. O centro de saúde é uma boa entrada para o sistema, assim como também o são os pronto-socorros hospitalares, as unidades especializadas de pronto-atendimento e tantos outros serviços. A escola pode ser uma boa porta de entrada, assim como a farmácia do bairro, a creche, o quartel e qualquer outro equipamento social. A primeira estratégia nossa há de ser então a de qualificar todas estas portas de entrada, no sentido de serem espaços privilegiados de acolhimento e reconhecimento dos grupos mais vulneráveis da população, mais sujeitos a fatores de risco e, portanto, com mais possibilidade de adoecimento e morte, para, a partir deste reconhecimento, organizá-los no sentido de garantir o acesso de cada pessoa ao tipo mais adequado para o seu caso."
Achei o artigo interessante também, devido ao fato do autor colocar que essa proposta do modelo circular não vêm para extinguir o modelo já existente conquistado pela Reforma Sanitária. E sim, para que os usuários, leigos e profissionais de saúde reflitam sobre pontos chave de acesso ao sistema, e possam ser facilitadores do processo de assistência à saúde, levando em conta os determinantes sociais que levaram àquele usuário a determinado acometimento.
Se alguém se interessar, sugiro a leitura!
Abraços 🙂
Por Rejane Guedes
Boa noite, Bárbara.
Esse texto foi escrito em 1997 , mas seus argumentos continuam bastante atuais.
Gostei do trecho que diz:
"Repensar o sistema de saúde como círculo
tira o hospital do “topo”, da posição de “estar
em cima”, como a pirâmide induz na nossa
imaginação, e recoloca a relação entre os servi-
ços de forma mais horizontal. E que não se veja
aqui apenas um jogo de palavras. A lógica
horizontal dos vários serviços de saúde colocados
na superfície plana do círculo é mais coerente
com a idéia de que todo e qualquer servi-
ço de saúde é espaço de alta densidade tecnológica,
que deve ser colocada a serviço da vida
dos cidadãos."
https://www.scielo.br/pdf/csp/v13n3/0171.pdf