A prática do ouvir
Desde que estávamos no útero de nossas mães, sempre ouvíamos o que era dito no meio externo, quando nascemos, partimos para as primeiras balbuciadas, depois, progredimos para a fala, o incentivo à ela, e hoje, só a executamos, mas por um instante, perdemos a capacidade de ouvir, pois fomos ensinados a falar mais alto.
A partir disso, fomos vivenciando várias situações, em que intercalamos a falar e a ouvir, mas em um belo dia, alguém fala mais alto, nossos ouvidos não entendem, ficam surdos por um instante e você fala: pode repetir novamente? Porém, não consegue entender e pergunta a alguém ao seu redor: você entendeu o que fulano disse? Essa pessoa diz que sim e acaba por deixar a indireta de sua surdez. Naturalmente, fica preocupado com a situação, se pergunta como parou de ouvir as coisas do nada e decide ir a um Fonoaudiólogo.
Chegando no dia de sua consulta, se dirige ao local, chegando lá, encontra uma recepcionista que realiza seu acolhimento e te pede para esperar sentado que daqui a pouco será chamado.
Na angústia da espera, pessoas e mais pessoas vão chegando, decide que para não ficar muito entediado é preciso interagir com os demais, então, começa a participar de uma conversar com um grupo ao seu lado. Nesse momento, deparamos com pacientes chorosos, poliqueixosos, de repente, sua audição se reativa, quando eleva seu ego transmitindo que seu problema é maior que o dos outros, que seu problema ali é o mais grave, mas uma discussão toma conta do lugar, até que o especialista aparece na porta, por um minuto, tudo se cessa e seu próximo paciente é chamado.
Seu paciente entra, desde já é pedido para se sentar e falar qual o ocorrido, seu paciente vai expondo o porquê de estar ali, enquanto o especialista o ouve com muita atenção,com um olhar humanizado, vai anotando na ficha de anamnese o caso. Após a resposta do diagnóstico, descobrimos que o problema do paciente era nunca ter dado ouvido aos problemas dos outros, nunca ter escutado um desabafo, nunca ter ficado em silêncio pro outro falar.
Portanto, ouvir os outros nunca é demais, dar atenção ao que o outro tem de ensinar também não é demais, o silêncio que é pedido por alguém nunca será demais, além disso, praticar o acolhimento aos que te pedem ajuda/pedem apoio, ao mesmo tempo aos que te pedem para ser mais humanizado em suas ações, não se torna algo que possa ser impossível. Dessa forma, vemos que cada problema é diferente, nenhum é maior que o outro, só temos de evoluir/alcançar a deuteroaprendizagem.
Por Emilia Alves de Sousa
Oi Rafaela,
A escuta é sem dúvida uma potente aliada na qualidade do atendimento do usuário.
Para alguns pesquisadores sobre o assunto, aproximadamente 80% dos problemas de saúde que chegam na atenção básica seria resolvido na primeira consulta, se houvesse uma escuta adequada das queixas apresentadas pelo usuário.
Infelizmente, o que se vê na prática de alguns profissionais é a prescrição exagerada de exame e de medicamentos, o que além de submeter o usuário a procedimentos desnecessários, produz às vezes uma dependência médica crônica.
Um abraço!
Emília