Conferências Livres de Saúde – DF
Há praticamente um mês, tenho feito parte de um grupo de pessoas que se conheceram através da Universidade de Brasília, muitos historicamente do movimento de Reforma Sanitária, assim como do Movimento Estudantil. Estamos vivenciando um processo de construção de uma Conferência Livre de Saúde a ser realizada no DF, as Conferências Livres são espaços autônomos e paralelos às Conferências com o intuito de organizar os vários segmentos da sociedade sem as amarras burocráticas das conferências e elaborar uma tese a ser apresentada na 15ª Conferência Nacional de Saúde.
Hoje em especial, tivemos um espaço aberto, com o intuito de agregarmos mais pessoas ao nosso grupo, e com isso, um debate muito enriquecedor e com questionamentos importantes para a nossa conjuntura atual de saúde, e que acredito que seja válido expor ao conhecimento de nós, atuantes do Sistema Único de Saúde.
Vivemos hoje, um cenário político complexo, com crises que não perpassam apenas a economia, e que nos é colocada a problematização em que para se avançar na pauta da Saúde, precisamos primeiramente avançar em pautas gerais do nosso país, como uma reforma política e tributária e democratização da mídia, para então assim, pensarmos nas dificuldades e iniquidades do sistema de saúde brasileiro, como o não financiamento de planos privados para servidores públicos, os subsídios na atenção primária, a garantia de financiamento público, a consolidação do SUS como Sistema Único e Universal, a denúncia à proposta de cobertura universal, que são pautas colocadas pelo Centro de Estudos Brasileiros em Saúde – CEBES atualmente.
Precisamos desta forma, analisar de maneira sensível, a transição epidemiológica atual, a crise e o esgotamento do modelo de Estado e bem-estar social, as reformas do sistema de saúde (alma-ata versus seletividade estrutural), os modelos universais versus focalização, e também o capital estrangeiro que hoje se faz inevitável, mas que devemos regular e controlar, pois suas consequências tem nos trazido problemáticas recorrentes, pensarmos também na associação público-privada, como as parcerias para o desenvolvimento produtivo no setor saúde (PDP) – vacinas HPV / Tamiflu -, e por último, mas não menos importante, a precarização que ocorre hoje do trabalho no setor público de saúde.
Com isto, fica a reflexão de que essa 15ª Conferência tem sentimento que nos referencia a 8ª, e potencial para que haja uma real disputa de interesses dentro dela, e dos espaços de construção da mesma. Visando a defesa do nosso Sistema Único de Saúde, e da Reforma Sanitária Brasileira, e buscando o entendimento de todas as peculiaridades, vivências e experiências diferenciadas de cada protagonizador de processos de saúde. E qual papel de cada um de nós, com a possibilidade, e diria até oportunidade de vivenciar e modificar esse espaço (Conferência Nacional de Saúde) posto a nós, e que deve ser democrático e popular.