Lawane ajudou José Avelino, que tem paralisia cerebral, a tomar um sorvete.
Você vai conhecer a adolescente mineira que é movida a solidariedade. Entre ficar no posto de trabalho, ou parar tudo para ajudar o próximo, ela não teve dúvida. Foi uma cena de gentileza comoveu o Brasil.
A vida é cheia de imprevistos, mas às vezes parece que existe um plano secreto para unir as pessoas de bem. Lawane tem 17 anos e estuda, mas precisa trabalhar.
Cinco meses atrás, se ela não tivesse conseguido emprego em uma lanchonete, no domingo passado não estaria trabalhado em um shopping. Nem teria ajudado o Avelino.
“Na hora que eu vi eu já estava lá. Eu não pensei nem duas vezes”, conta Lawane.
José Avelino tem 49 anos e sofre de paralisia cerebral. Não pode andar, os movimentos dos braços e das mãos são restritos, e ele tem dificuldade para falar.
Mesmo assim, gosta de passear sozinho. No domingo passado, se ele não tivesse tido vontade de tomar sorvete no shopping, não teria conhecido Lawane. “Ela viu eu com dificuldade e pediu para ajudar”, diz José Avelino.
Esta história toda, este gesto de carinho, de amor ao próximo só chegou a muita gente porque alguém parou, registrou e colocou na internet.
O Thiago tem 31 anos e é músico e professor. Se ele estivesse na mesma lanchonete, no mesmo dia e na mesma hora, talvez não tivesse visto a gentileza de Lawane. Mas ele estava fora, descendo por uma escada rolante. E viu tudo. “Eu só pensei em pegar o telefone e registrar porque eu achei que foi uma cena muito bonita”, afirma Tiago.
A cena de gentileza correu o Brasil pelas redes sociais. Menos de uma semana depois da postagem, a foto já tinha sido compartilhada quase 12 mil vezes só em uma rede social.
Se o mundo fosse diferente, melhor, essa gentileza não ia chamar atenção. Ia ser uma coisa normal. Bem, para Lawane foi, sim, uma coisa normal. “Podia ser um amigo, um parente, algum familiar; podia ser eu no futuro, então aí eu não queria deixar alguém assim. Sempre a gente tem que ajudar o próximo”, afirma Lawane.
Na quinta-feira passada (4), ela pegou a mãe o irmão e foi conhecer a casa do José Avelino. Ele mora com o pai e a irmã. A mãe já faleceu.
Mãe de Lawane: Prazer em conhecê-lo.
José Avelino: Prazer é meu.
Fantástico: E aí, José, emocionou?
José Avelino: Um pouco.
Por pouco esse reencontro não acontece.
Na verdade, no que dependesse do José Avelino, nada disso teria acontecido.
Fantástico: No começo você não aceitou, não.
José Avelino: Não.
Fantástico: Por quê?
José Avelino: Porque eu queria tomar sozinho.
O José Avelino faz bastante coisa sozinho.
“Às vezes eu fico pensando, falo assim: é Deus que guarda a vida dele porque eu não consigo segurar ele, meu pai já está de idade, então o negócio dele é passear”, afirma Zenaide Gomes da Silva, a irmã de José Avelino.
E ele vai sozinho à terapia em uma instituição de Uberlândia. Foi assim, com esforço próprio, que conseguiu ganhar, de outra instituição, que uma cadeira de rodas motorizada. Bem melhor para passear. Depois que a história do sorvete se espalhou na internet, ele passou a ser reconhecido nas ruas.
Com a Lawane, mesma coisa. Na lanchonete, agora todo mundo faz festa para ela. A começar pela chefe. “A gente vê o dia a dia como é a atitude das pessoas, e vê uma grandeza dessas, é de ficar pensando – passa um filme, assim, ‘Será que estou tomando a atitude certa no dia a dia, com as pessoas?’”, afirma a gerente Luana Beatriz
Volta e meia aparecem na internet exemplos como a da Lawane em todo o mundo. Um menino americano de 8 anos foi notícia porque deixou o cabelo crescer durante dois anos, sofrendo bullying na escola, mesmo os colegas sabendo que ele só fez isso para cortar e doar os cabelos para uma instituição que ajuda crianças com câncer.
“A coisa que nós precisamos nesse mundo é ajudar a quem precisa”, diz Manoel Guilherme, pai de José Avelino.
Pode contar com a Lawane. “Eu quero que ele vá lá na minha casa também. Vai ser sempre bem-vindo, ele e a família dele”, diz Lawane.
https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2015/06/fantastico-reune-homem-e-atendente-de-lanchonete-que-comoveram-o-pais.html