O essencial é invisível aos olhos

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O que diabos acontece quando crescemos? Sempre disseram que iríamos assumir responsabilidades, estudar, trabalhar – no melhor dos cenários. A castração da infância (não exatamente no sentido freudiano) é imposta o mais cedo possível. "Cresça", dizem. E aí, sem sentir o tempo passar, nos tornamos adultos tristes, sem saber bem o que fazer com a vida e com os afetos. Por que tudo isso – eu escrevendo, você lendo esse artigo e tudo mais – tem que ser debalde?

Não é, meu caro. Porque o essencial é invisível aos olhos. Essa passagem soa familiar? O Pequeno Príncipe foi escrito pelo aviador francês Antoine de Saint-Exupéry e narra a história de um piloto cujo avião sofre uma pane no meio do deserto africano. Enquanto tenta consertar a máquina, conhece um jovem príncipe que lhe conta viagens feitas por outros planetas onde encontrou pessoas tristemente excêntricas – e, ao mesmo tempo, comuns.

Apesar de ser classificado como um livro infantil, uma releitura na idade adulta revela um aspecto importantíssimo à luz da experiência: a maneira como gastamos nosso tempo. Em uma sociedade fundamentada no sistema econômico capitalista, é natural que o valor das coisas seja atribuído de maneira empírica – como o empresário em seu pequeno planeta, um dos sete mostrados no livro. "Tenho tanto trabalho. Sou um sujeito sério, não me preocupo com futilidades".

Em uma narrativa singela e curta, o autor mostra que o verdadeiro valor das coisas – e, especialmente, das pessoas – não pode ser mensurado com números ou algoritmos. Cativar pessoas exige paciência e tempo, um tempo que preferimos dedicar a outras coisas que julgamos mais importantes por seu aspecto. "Foi o tempo que perdestes com tua rosa que a fez tão importante". Não a rosa em si.

Hoje as marcas tentam a todo custo criar um laço com os clientes. As empresas tentam atrair os melhores profissionais. E as pessoas gostariam de um amigo para compartilhar qualquer história boba. Estranhamente tudo isso é cada vez mais raro. Leiam O Pequeno Príncipe, pode valer mais do que mil livros de negócios. Depende do tempo que você perde com ele.

O Pequeno Príncipe foi publicado em 1943, no Estados Unidos, e já vendeu 143 milhões de exemplares. As ilustrações no livro foram feitas pelo próprio Saint-Exupéry. Uma animação baseada no livro irá chegar aos cinemas brasileiros no dia 20 de agosto.

https://www.youtube.com/watch?v=WsvAf7eBlZA

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