Conferência Livre de Saúde dos Movimentos Sociais
Em 29/06/2015, tive a oportunidade de participar, como trabalhadora /militante do SUS, de uma Conferência Livre dos Movimentos Sociais, convocada pela CUT – Central Única dos Trabalhadores, em Belo Horizonte.
A Saúde do Trabalhador foi um dos temas abordados, tendo como convidada para abrir a conversa, Marta de Freitas, hoje Diretora de Saúde do Trabalhador / SES-MG (foto seguinte).
Dentre as várias questões levantadas em sua fala inicial, duas nos chamaram atenção, quais sejam: (1) esvaziamento das entidades sindicais, adoecimento dos dirigentes sindicais. A partir daí, Marta afirma: " A valorização do trabalhador passa pela valorização dos Sindicatos e seus dirigentes"; (2) "Saúde do Trabalhador não só dentro da empresa mas também fora desta" – transporte digno, não ao trabalho infantil e não à redução da maioridade penal, dentre outros determinantes da saúde, como moradia, educação, lazer.
Após fala inicial, os participantes se manifestaram, ressaltamos aqui o que disse Ronaldo Teodoro, militante do Núcleo de Saúde / PT-BH em torno do tema Sindicato e Saúde Pública: (…) "criar ampla base popular de defesa do SUS (…) Saúde do Trabalhador não pode ser setorial no SUS, mas sim estruturante do SUS"(…)
Importante debate sobre o SUS, o Movimento Sindical e a Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora.
Ressaltamos que para "cuidar bem das pessoas" os trabalhadores e trabalhadoras precisam se sentir "bem cuidados". Como nos aponta um dos princípios fundadores da Política Nacional de Humanização (PNH), não há como falarmos de Humanização da Atenção sem abordarmos a Humanização da Gestão do SUS, ou seja, refere-se aqui ao princípio da "indissociabilidade" entre Atenção e Gestão, entre clínica e política, entre produção de saúde e produção de sujeitos. Abrir o debate sobre as Conferências de Saúde, aqui, neste espaço criado pela RHS – Rede HumanizaSUS – é um modo de enfatizarmos que a PNH pode muito contribuir para construirmos uma Saúde Pública de Qualidade que cuide bem das pessoas e garanta o Direito do Povo Brasileiro à Saúde, a partir da implementação de suas diretrizes e dispositivos associados a estas nos diferentes serviços e instâncias do SUS, como as Diretrizes referentes ao Acolhimento e à Valorização do Trabalho e dos Trabalhadores da Saúde.
Conforme expresso em texto produzido pela PNH:
" O acolhimento como postura e prática nas ações de atenção e gestão nas unidades de saúde favorece a construção de uma relação de confiança e compromisso dos usuários com as equipes e os serviços, contribuindo para a promoção da cultura de solidariedade e para a legitimação do sistema público de saúde. Favorece, também, a possibilidade de avanços na aliança entre usuários, trabalhadores e gestores da saúde em defesa do SUS como uma política pública essencial da e para a população brasileira" ( "Cartilha" Acolhimento nas práticas de produção de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. Disponível aqui na RHS, Área PNH)
Como contribuição aos debates e elaboração de propostas de defesa e fortalecimento do SUS em Conferências de Saúde – Municipais (junho/julho/2015), Estadual (16,17 e 18/julho) e Nacional (01 a 04/dez) foi divulgada a Carta de Minas, elaborada por militantes / profissionais do SUS, durante Seminário do Núcleo de Saúde do PT MG e BH – Financiamento, Universalidade e Qualidade do SUS: estratégias para reafirmar sua condição pública – que se realizou em 15 e 16/maio/2015, em Belo Horizonte (ANEXA).
Ressaltamos os primeiros parágrafos desta importante Carta de Minas:
(…) “Considerando os desafios imperiosos que se colocam ao Sistema Único de Saúde na atual conjuntura, este setorial [Saúde] convida as diversas forças que compõem este Partido a refletir sobre suas responsabilidades quanto a implementação desse sistema. É comum à formação do Partido dos Trabalhadores e à narrativa histórica da Reforma Sanitária Brasileira, uma identidade de luta pela distribuição igualitária e coletivamente compartilhada de direitos e deveres de cidadania.
Há algumas décadas, no interior deste fundamento ético político, o lema “democracia e saúde” guiava a luta por uma concepção ampliada de bem-estar social. Contrapondo-se a uma herança corporativa e segmentada de acesso a direitos, a formação de um sistema público e universal de saúde, sintetizava a expressão avançada de uma luta maior por justiça social.
Como parte desse desafio civilizatório, a construção de uma assistência à saúde sobre bases públicas era indissociado do acesso à terra, à moradia, à segurança pública, da preservação do meio ambiente, da cultura e do trabalho decente. O direito à saúde estava acompanhado, portanto, de uma busca pelas condições concretas de autodeterminação política dos brasileiros e brasileiras, colocando-se, muito além de um modelo 'hospitalocêntrico' e 'medicocêntrico' de assistência”.
Momentos importantes de debates e construção de diretrizes / propostas nesses Encontros / Conferências de Saúde que acontecem por esse Brasil afora…contribuindo para prevalecer a participação direta dos cidadãos e cidadãs em Defesa de 'nosso' SUS, como patrimônio da Democracia brasileira!
AbraSUS!!! …….. HumanizaSUS!!!! ……….
Ana Rita Trajano
Por patrinutri
Que bom compartilhar com os diversos trabalhadores estas questões do trabalho em saúde. Aqui no médio Vale do Itajaí temos debatido e trocado experiências sobre a saúde do trabalhador da saúde e as diretrizes da Política Nacional de Humanização tem posto muita luz em nossas propostas de ação.
Em breve esperamos poder construir um plano com um conjunto de ações que nos permitam avançar neste sentido da humanização do trabalho em saúde.
Obrigada por compartilhar estas suas vivências por aí, assim vamos construindo espaços de conversa que consigam avançar para mudanças de modelo de gestão e atenção no SUS.
Bjs Patrícia