Uma Boa Morte

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Uma Boa Morte

Não me deixes partir sem um bom dedo de prosa
Afinal, foram tantos anos
Que agora percebo tardiamente:
Tudo passou com a rapidez de um raio…
Tudo é tão lento
Quanto o espreguiçar de uma pedra…
Mas peço com firmeza
Olhe-me nos olhos
E perceba sabiamente
Quando for a hora
De me deixar ir embora
A conversa alegre é deleite
O diálogo burocrático uma tortura
O afeto forçado uma desfeita.
Quando for a hora
Um último abraço
De preferência em casa
Com Bach tocando no quarto
E eu já ouvindo no Céu
Não me prendas mais
Pois àquele que conquista
A plena liberdade na vida
Foi dada a alegria
De morrer mansamente

 

Erasmo Ruiz