A contribuição do Apoio Matricial ao modelo assistencial de Saúde Mental

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Dos muitos sujeitos acometidos por sofrimento mental no Brasil, estima-se que a maioria deles não necessitam de cuidados especializados, o que significa ser a Atenção Básica a acolhedora desses sujeitos. Nisso se baseia a fundamentalidade e a importância desse nível de atenção no que se refere à saúde mental.

A Atenção Básica atua a favor da integralidade das ações e, dessa forma, é contrária à fragmentação dos cuidados dentro das instituições assistencialistas. Diante disso, o Apoio Matricial (AM) tem papel fundamental na interseção da saúde mental com a Atenção Básica, pois a utilização do AM é voltada para mudanças infraestruturais nos serviços de saúde.

O Apoio Matricial é um arranjo que viabiliza o compartilhamento de casos entre Saúde Mental e equipes de atenção básica. Nesse sentido, há uma corresponsabilização pelos casos, seja através de discussões, de intervenções ou de atendimento conjuntos. Esse arranjo acaba por desfazer a hierarquização da configuração organizacional dessas instituições para se tornar um espaço de diálogo, estimulando o compromisso e a atenção voltados para o usuário.

Sendo o AM um arranjo que vêm possibilitando novas configurações e relações, ele é uma forma disparadora de mudança no modelo assistencial, pois ao criar mudanças estruturais que rompem com a hierarquia organizacional e concebem o sujeito de uma maneira sistemática, o AM potencializa a desinstitucionalização desse sujeito.

A partir disso, entendemos que o AM é pensado, principalmente, para que sejam possíveis novas formas de se relacionar com sujeitos acometidos por sofrimento mental. No entanto, acaba abrangendo outras questões fundamentais no que tange a efetivação da reforma do modelo assistencial de saúde mental, pois seus movimentos são estruturados fora das regras institucionalizadas, procurando novas vias de reinventar as relações.

 

CAMILA GUDOLLE DE ALMEIDA E CAROLINE ILHA