( … ) se o meu perdão for a base para o recomeço, ele já tem isso.
Crime ocorreu na terça-feira (27) em rua de Uberlândia.
Homem está internado na ala da psiquiatria do Hospital de Clínicas da UFU.
'Eu o perdoo'. Essa foi a frase proferida pela aposentada Sueli Matias Rodrigues, de 63 anos, ao falar sobre o policial que matou sua filha, a professora Veridiana Rodrigues Carneiro, no meio da rua, no início da semana, em Uberlândia. Em entrevista exclusiva ao G1 e ao MGTV, concedida na noite de sexta-feira (30), a idosa afirmou que o homem não aceitava o fim do relacionamento com Veridiana, que chegou até a procurar a polícia para registrar Boletim de Ocorrência (B.O) por ameaça.
São dois lados, são duas famílias. Ele também é um ser humano, tem filhos, tem mãe. Eu o perdoo"
Sueli Matias, mãe da professora Veridiana
Segundo Sueli, a filha namorou por um ano com o policial, que era separado e tinha dois filhos. Há dez meses, o casal se separou e uma das razões teria sido o ciúme. "Ela sempre gostou de se arrurmar bem, de ficar bonita. Sempre foi fiel e nunca o desrespeitou. Com o tempo foi percebendo que a maneira de amar dos dois não era igual e por isso eles terminaram", disse.
A mãe de Veridiana afirmou que o policial não aceitava o fim do relacionamento e por diversas vezes chegou a procurar pela filha. "Ele não dava sossego. Ficava ligando, querendo saber com quem ela conversava e dizia que iria descobrir o real motivo que levou ela a terminar o namoro", relembrou.
Em uma das ocasiões, segundo Sueli, o policial chegou a ameaçar Veridiana e a professora procurou a Polícia Militar para registrar a ocorrência em meados de abril. "Quando ela foi fazer o Boletim de Ocorrência (BO) ficou sabendo que havia a necessidade de ser ouvido os dois lados. Um policial chegou a ir até o encontro do homem, enquanto Veridiana ficou no posto policial aguardando. Ao retornar, o militar disse que o ex-companheiro dela era uma pessoa serena e tranquila e que garantiu que não iria mais procurá-la. Como ele estava prestes a se aposentar e o BO poderia atrapalhá-lo, Veridiana decidiu por não fazer o registro e foi embora", contou.
Dez dias antes do crime, a filha procurou a mãe para contar que o homem estava indo até na escola onde trabalhava para procurá-la. "Quando ele namorava com minha filha ele tomava remédio controlado para depressão e não podia fazer uso de bebida alcoolica. Quando eles largaram, ele disse para Veridiana que não usaria mais os medicamentos. Os dois também faziam trabalho voluntário com moradores de rua, mas, com o fim, ele se afastou do voluntariado", afirmou.
Sueli soube, por um vizinho, que a filha havia sido baleada. A aposentada cuidava da mãe com Alzheimer quando recebeu a ligação. Quando chegou ao local, a filha já havia sido levada para o hospital, onde não resistiu aos ferimentos. A atitude do policial foi intitulada por Sueli como insana, mas mesmo com a dor de perder uma filha ela não guarda ressentimentos. "São dois lados, são duas famílias. Ele também é um ser humano, tem filhos, tem mãe. Eu o perdoo. Não é porque houve violência que tenho que agir com violência. A reconstrução para ele também vai ser muito difícil e se o meu perdão for a base para o recomeço, ele já tem isso", concluiu.
O crime
Veridiana Rodrigues Carneiro, de 36 anos, foi morta pelo ex-companheiro na terça-feira (20) no Bairro Santa Mônica. Imagens de câmeras de segurança flagraram a ação e mostraram o homem fugindo após atirar na vítima. Pelo menos 11 disparos atingiram a professora. Há suspeita que o autor ingeriu bebida alcoólica antes e depois do crime. A polícia cercou a região e o Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) chegou a negociar por duas horas com o policial até conseguir rendê-lo. Durante as negociações, o homem ainda ameaçou se matar. Após ser rendido, ele foi encaminhado ao Pronto Socorro do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (PS do HC-UFU). Segundo a assessoria de comunicação do hospital, o policial está internado na unidade de psiquiatria, sob escolta.
https://g1.globo.com/minas-gerais/triangulo-mineiro/noticia/2015/10/eu-o-perdoo-diz-mae-de-professora-morta-por-policial-em-mg.html