Parto Humanizado – Processo ou Produto?
Falar sobre o parto humanizado é complicado nos dias atuais, por ser um assunto comentado com mais freqüência quando está visível na mídia, quando algum fato aconteceu e foi divulgado nos mecanismos de divulgação em massa, porém, é um assunto presente no cotidiano de milhares de mulheres e famílias, que são abruptamente atingidas pelos profissionais de saúde ou até pela ignorância sobre o tema, no sentido literal da palavra.
Buscando algumas literaturas acerca do tema, me deparei com a fala de uma psicóloga que em seu pensamento sobre parto humanizado, diz que não pode ser considerado como um tipo de parto ou como um “conforto” na hora do parto, mas “a humanização do parto é um processo e não um produto que nos é entregue e pronto”.
Como prova de que este tema está presente no cotidiano das mulheres, tenho como exemplo minha irmã que, sofreu violência obstétrica em um hospital militar do Distrito Federal, por não ter tido muita dilatação, ela ficou por horas internada (já com pouco líquido amniótico) e, os profissionais forçando sua dilatação com os dedos, com um agravante, o meu sobrinho estava enrolado por duas voltas em seu cordão umbilical, ou seja, atitude que estava resultando na violência contra a mãe e colocando a vida do bebê em risco, conseqüência da falta de preparo ou na tentativa de amenizar o “sofrimento” da mãe.
A conscientização ainda é pouco presente na população, mas quando se faz presente, não tem a divulgação correta ou podemos pensar pelo desinteresse da população, já que não é um assunto corriqueiro. A exemplo, em Brasília está tendo uma exposição denominada “sentidos do nascer” onde coloca o adulto em situações e posições que remetem a gestação ou a maneira como o bebê está e se comporta dentro do ventre de sua mãe. Quando o olhar para esse tipo de exposição é macro parece ser desinteressante ou irrisório, mas quando nos colocamos no lugar do outro, mesmo que de forma diferenciada, mudamos em nós a concepção de vida e de atitudes sobre este assunto.
Por fim, a conscientização é um “trabalho de formiginha”, com um resultado demorado e uma caminhada árdua, porém com um resultado impactante, impressionante e inovador para a população, colhendo frutos tardios, de fato, mas frutos saudáveis.