Prostituição: Um assunto adormecido?
Quando falamos de saúde, redes de atenção, atenção básica e outras ramificações, nos esquecemos de tratar o preconceito, estigmas e outras conotações existente na sociedade que, por vergonha, por falta de instrução, por falta de preparo das equipes multiprofissionais ou até mesmo pela má receptividade nos centros e postos de saúde, não são atendidos.
Como exemplo dessa minha fala, posso citar as profissionais do sexo, onde possuem ao seu redor um contexto histórico e social imenso por ser considerado a primeira profissão do mundo e, além disso, lidar com o preconceito iminente no seu cotidiano, tanto pessoal quanto social.
Ser prostituta, sob a visão da sociedade, é uma opção de mulheres “a toa” e a maneira mais fácil de se ganhar dinheiro e, por não se enquadrarem no modelo cristão/europeu que a maioria das famílias vivem, são colocadas às margens da sociedade.
Não devemos excluir o fato que de existem famílias que por gerações e gerações exercem esse tipo de trabalho e, desta forma, considerado como opção, de fato, mas e as mulheres que se colocam em situação de risco, que possuem somente o corpo como sua única fonte de sustento (quando não da sua família)?
Estudos comprovam que a maioria das prostitutas que trabalham nesse ramo para sobrevivência são mulheres negras, viúvas ou divorciadas, que moram em locais de risco e, onde a única saída é a prostituição o que já não é considerado uma opç ao e sim uma sobrevivência. Por um outro lado, as mulheres que optam pela prostituição são mulheres brancas, com condições financeiras estáveis, em sua maioria são graduadas, ou seja, possuem melhores condições de vida e, ainda assim, querem ser prostitutas .
Onde entra o Estado nessas duas realidades opostas? O Estado, por sua vez, tem o papel de conscientizar e prevenir estas mulheres, seja por meio de campanhas, de visitação in loco na “zona”, intervenção médica ou qualquer outro tipo de tomada de decisão que seja eficiente e que instrua as profissionais para o cuidado com o corpo.
Caso contrário, o aumento das contaminações e transmissões de DST`s serão cada vez maiores nesta população chave e, obviamente, dissipando para os demais cidadãos, uma vez que, as prostitutas não possuem parceiros fixos e resultando no aumento constante da “bola de neve”do sistema único de saúde.
Por laismonteiro
Thomaz, você trouxe à tona um tema realmente bastante sub julgado e hostilizado pela sociedade. Devemos também lembrar que não há apenas um preconceito da sociedade em relação às profissionais do sexo mas, há também um preconceito das próprias mulheres (prostitutas) em relação à essa atividade. Acho que nunca paramos para pensar como essas mulheres se sentem se submetendo a esse tipo de trabalho mesmo que seja por motivos de escolha própria ou não! Pois existem muitos sentimentos envolvidos por trás disso (desde a vergonha da profissão até o medo justamente dos julgamentos da sociedade) então, sem dúvida alguma essas mulheres precisam muito de ajuda e apoio dos serviços e muito além disso, precisam se sentir acolhidas! Não devemos nos esquecer também que muitas vezes o sistema encontra dificuldades para identificar essas mulheres (devido à omissão de informações) o que atrapalha os trabalho desenvolvidos em relação à campanhas contra DST, violência sexual, por exemplo. Assim, temas como essa são bastante delicados e sem dúvida merecem uma discussão mais detalhada e aprofundada.