A defesa do nosso SUS.
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No site do Conselho Nacional de Saúde já pode acompanhar quem não foi para a 15° Conferência.
https://conferenciasaude15.org.br/?page_id=666
https://datasus.saude.gov.br/index.php/multimidia
15ª Conferência Nacional de saúde Plenária Final
Data: 01 a 04/12/2015
Hora: 08 às 18h
Local: Centro de Convenções Ulisses Guimarães – Brasília – DF
Tempo real somente E.
Por Angela Vaz7
Uma vez ouvi o meu professor de saúde pública contar de como o SUS foi construído com muita luta e sonho.
Dizia ele sobre o dia em que o hospital em que ele trabalhava abriu suas portas:
– Depois de muita militância, chegamos para trabalhar e nos deparamos com um hospital lotado. Era muita gente para ser cuidada. Era gente saindo por todos os lados, nas camas, nas macas, nas poltronas, no chão e onde mais pudesse ter espaço. Não nos importávamos, estávamos eufóricos. É bem verdade que não tínhamos estrutura física alguma para receber tanta gente, mas tínhamos o semblante de quem acredita que o país pode ser diferente. Era um sonho conquistado com muita luta. Foi o dia que mais trabalhei na minha vida, mas não importava. Todos tinham direito à saúde.
A cerimônia de abertura da 15ª Conferência de Saúde acordou esse encontro com o meu professor, há muito tempo adormecido pelo dia a dia que pode consumir a nossa capacidade de acreditar na mudança. O tambor batendo forte o despertou para o compromisso que temos em construir a saúde pública brasileira. Se a tarde marchamos pela esplanada até o Congresso Nacional no escaldante sol do cerrado, acreditando na mudança, à noite nos reunimos para dizer que é preciso sonhar.
E tem sido o sonho coletivo que tem possibilitado tantos encontros ao longo desses dias. Pude conhecer uma senhorinha que veio de Goiás, mesmo sem ser delegada, convidada ou ouvinte, porque queria poder ver e fazer parte desse momento histórico. Encontrei, também, com uma senhora que, ao contrário de mim, achava que não fazia sentido algum o falatório todo do Galeano sobre sonhar, mas que mesmo assim estava ali, lutando. Pude reencontrar militantes conterrâneos e rememorar histórias, pude assistir às reinvindicações que nem mesmo entendi. Definitivamente uma pluralidade intensa tem nos atravessado nesses dias e, por vezes, nos causando muito desconforto.
Desconfortos mobilizados em plenária, na busca pelo lugar, no diferente que me desvela, no tambor que bate e reverbera no corpo, no olhar do outro que me diz que estamos juntos.
Temos muito trabalho a fazer, disso não tenho dúvidas, até porque as pessoas não nos deixam esquecer por nenhum segundo. Agora, mais do que nunca, o sonho precisa nos colocar em movimento para que não nos esqueçamos do dia em que o país pode gritar e reivindicar a saúde a todo o povo brasileiro.
Bárbara Zwetsch
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