Movimentos da luta antimanicomial ocupam Ministério da Saúde contra novo coordenador

11 Comentários

Por Carlos Rivorêdo

16/12/2015 às 10:14 am.

Oi, pessoas humanas.

Caminho árduo, tortuoso, cheio de troncos, pedras e abismos prontos a cercear o avanço.

Loucos, anormais, marginais, delinquentes, aleijados, voados, putas, sapatões, bêbados, negros, índios, malucos, todos malucos. As expressões do humano que se afastam do que os ditos normais imaginam de si mesmos tornam-se objeto do domínio, da conquista, da servidão da sujeição.

Vivemos em guerra, guerra contra o que não sou eu. Não há lugar, nesta sociedade psicopática, para nenhum comportamento que seja diverso do que pesamos que somos ou desejaríamos ser, segundo os ditames da moral excludente.

A nau dos insensatos ainda persiste como a solução para forçar a desumanização do humano.

Mesmo esses grupos almejam os mesmos ideais. O que mata o humano é exatamente a luta diuturna pela desumanização movida a essa moral que pretende aniquilar as manifestações dos instintos.

Insensato é o que se opõe ao sensato, racional, disciplinado, sujeitado. Insensato é aquele que diz do que somos e não queremos ser para obedecer. O "eu quero" está, a todo momento, em luta contra o "eu devo".

O silêncio é a marca do manicômio. O silêncio imposto pela impregnação, pela convulsão e torpor, pela desindividualização própria das instituições totais – entre elas o manicômio, é a solução para o diverso.

Afinal, quem nessa guerra é insensato?

Há que resistir sempre.

Beijo todos

Carlão

Por Raphael Henrique Travia

16/12/2015 às 3:45 pm.

Apenas alguns de muitos que existem por aí…

Nem com FHC coordenador de saúde mental era desvinculado da reforma psiquiátrica, diz ex-ministro Chioro

Coordenadora de CAPS fala sobre possível mudança na Política Nacional de Saúde Mental

Usuários do Sistema Público de saúde mental ocupam sala no ministério da saúde

Médico acusado de maus tratos é nomeado á coordenação de saúde mental; petição pede cancelamento

Centenas de pessoas marcham contra nomeação do coordenador geral de saúde mental

Ministro da Saúde diz que manterá a indicação de Duarte Filho para Saúde Mental

"Sou Psiquiatra, professor de psiquiatria. Imagina eu ter a oportunidade de ser ministro e não fazer uma coisa importante para a saúde mental" disse Marcelo Castro ao Estadão.

Peço a tod@s que puderem escrever alguma experiência sobre saúde mental, ou mesmo uma opinião sobre esse momento, por favor faça a postagem aqui na RHS e vamos juntos em defesa da Reforma Psiquiátrica neste momento! 

Gostaria do pronunciamento oficial da PNH sobre esse assunto, sei que a RHS prima por relatos de forma espontânea, mas acredito que esse é um momento em que um pronunciamento do coordenador da PNH pode fortalecer a Luta Antimanicomial. Pode ser? 

AbraSUS

                                                                                                             Raphael

 

Por Angela Vaz7

17/12/2015 às 8:36 am.

Raphael

Em 1992 surgiu uma oportunidade de conciliar meu emprego de servidora efetiva tb um outro como enfermeira plantonista.

A cidade ficava perto onde trabalho,então conseguia fazer dupla jornada ainda nova.Conseguir ficar 15 dias e sair.

O motivo?Vários:Pacientes segurando suas calças,comia com ás mãos,vários com aposentadoria os donos que recebiam.

Devido era uma familia pai e filhos que tinham vários hospitais psiquiatrios  nos estados de MG e SP.

O que fiquei 15 dias fechou e os outros alguns fiquei sabendo tb.

Agora,nesta bandeira a discussão em si é que não haja nenhum ou faz ressalva?

Eu mesma como enfermeira UBS um paciente da minha área com todo apoio.Não conseguimos o tratar na sua crise.A equipe teve que encaminhar para o hospital psiquiatria ficando 10 dias e continua novamente ao tratamento



Por Raphael Henrique Travia

17/12/2015 às 3:23 pm.

Oi Angela

Fico feliz e grato que você tenha compartilhado sua experiência. 

Acredito por experiência própria que o hospital psiquiátrico é sim a pura degradação de tudo o que conhecemos enquanto assistência e gestão hospitalar.

E sim meu enfoque nessa discussão é no sentido de que não haja mais nenhum desses hospitais, que de hospitais não tem nada além do nome, mas são fábricas de morte.

É um tanto utópico, mas é o caminho que se desenha com a RAPS, mesmo que lentamente e se isso for interrompido agora e desse jeito, só porque um ministro da saúde que sim é bem louco no pior sentido, quer fazer algo grande… pelo amor de Deus é admitir o quanto ele mesmo é pequeno e miserável por querer ter a fama de acabar com o trabalho de tantos outros.

AbraSUS 

Raphael



Por Angela Vaz7

17/12/2015 às 7:55 pm.

Raphael

Entendo,e vou ser sincera com você.

Depois desta experiência continue nas emergência com pós,administração tb.Depois de 22 anos transferir para UBS.Onde pude ser socióloga e enfermeira e gostar de saúde pública.

Mas,o tema de uma reforma não aquela fábrica dirigidas por familias que ficaram ricas a poder da exploração humana.

Onde o que eu vi em 15 dias entregava uma bola para aqueles que ficavam o dia todo correndo e a noite cozinha uns 10 chuchus e batia com água eles bebiam e era dopados com dosagens enormes.

Agora com sua experiência sou sincera que não tenho a experiência com trabalho em psiquiatria devido o fato acima.Questiono com sua experiência.Como tratar um paciente que tem um surto forte a familia chama a policia vai para UPA e retorna para casa e não tem pelo menos naquela crise ir para o caps?Estou realmente querendo saber sem abrir em defesa de internações.



Por Raphael Henrique Travia

18/12/2015 às 8:36 am.

Boas perguntas Angela,

1º Acredito que o SAMU deveria fazer o transporte do paciente no atendimento á crise e não a polícia como infelizmente ocorre em muitos casos. 

2º O problema não são as internações, mas sim o modo como elas são feitas… os manicômios são exemplos clássicos de desrespeito aos direitos humanos e todo tipo de maus tratos. Mas a lei 10.216 prevê as internações em leitos de hospitais gerais ou hospitalidade em dispositivos como os CAPS III.

3º Mas é claro que faltam investimentos tanto financeiros, quanto de recursos humanos, estruturais e de educação permanente para que o caminho apontado através das leis que fundamentam a Reforma Psiquiátrica se efetivem. Temos muito que andar, só não pode ser igual a caranguejo e é justamente isso que vai acontecer se a situação continuar como se desenha.

Abraço

Raphael



Por Angela Vaz7

18/12/2015 às 3:13 pm.

Raphael

Gostei da possibilidade do SAMU está fazendo esse trabalho?

Somente,fiquei em dúvida ao dizer poderia?Há uma portaria,resolução ou decreto que há essa assistência?

Por incrível  que pareça aprofundar um pouco na saúde mental está fazendo muito bem para mim por ser  um tema que envolve vários interesses conflitantes e quem vai defender.

Agora,você mostra os caminhos desta assistência e não somente faz a discussão,mas mostre outros caminhos como esse do SAMU.

É lógico que fiz a pergunta desta possibilidade!Além,do mais o preconceito rotulado até profissionais uma área crucial da saúde.Que são os readaptados sofrem com isso.Tenho profissionais em acompanhamento reclama do preconceito.



Por Raphael Henrique Travia

18/12/2015 às 10:04 pm.

Oi Angela,

Até onde eu sei, o relatório da IV Conferência Nacional Intersetorial de Saúde Mental prevê que a assistência á crise deve ser prestada pelo SAMU.

O grande problema das diretrizes e propostas das Conferências de Saúde reside justamente no seu caráter propositivo e não deliberativo, ficando a cargo de cada gestor implantar ou não essa ideia.

Em alguns locais isso acontece sim, inclusive em 2011 o Núcleo de Luta Antimanicomial de Joinville fez a campanha de conscientização SAMU SIM, polícia Não! 

AbraSUS Raphael

Por Stella Maris Chebli

16/12/2015 às 6:00 pm.

Raphael:

A PNH está sem coordenação no momento, mas não tenha dúvida de que a Política e seus apoiadores sempre estivemos e estaremos do lado da Reforma Psiquiátrica e seus serviços substitutivos aos manicômios!

Uma longa luta e mudança cultural que não pode parar!

Abraços

Stella Maris

Por Dsz oO

16/12/2015 às 8:31 pm.

   As vezes me espanto com o quanto evoluímos no campo tecnológico, politico e mesmo econômico, entretanto diante de tal desenvolvimento me entristeço ao pensar em quão insignificante o desenvolvimento social se deu até o momento. Reconheço que até progredimos neste quesito, mas em comparação aos outros fatores mencionados tais resultados são pífios, e ao contrário da propaganda amplamente difundida não deve-se considerá-lo meramente como a melhora do poder aquisitivo da população, fator que as vezes me parece o único a ser valorizado pela classe politica brasileira e pela sociedade em geral. Desconsidera-se por vezes a melhora na qualidade de vida resultante da paz, liberdade, justiça, democracia, tolerância, equidade, igualdade e solidariedade, como se esses fossem objetivos impossíveis de serem alcançados, por muitas vezes nos acomodamos com a ideia de que não é algo de dependa de nós, mas sim do Estado e ou mesmo dos outros. Esquecemos que um começo seria talvez praticarmos mais ações que busquem a integração e a inclusão daqueles que não consideramos nossos "semelhantes". Não excluo aqui o dever do Estado, pois acredito que devemos trabalhar em conjunto para alcançarmos o bem-estar social  que almejamos, é para tal é faz-se necessário que a sociedade como um todo cobre de seus governantes mais ações com essa finalidade.

    Infelizmente ainda nos atrelamos a figura do "sujeito com utilidade social", limitando ou isolando aqueles que não se adequam ao nosso conceito moral vigente, tentando determinar  quem está apto ou não a participar da sociedade, como se mantendo-os a margem da sociedade fizesse com que o "problema" desaparece-se. Muito se fala sobre a inclusão, principalmente entre as políticas públicas, mas infelizmente muito do que ouvimos ainda se encontra belamente floreado papel, sem muitas condições ou mesmo esperanças de introdução na prática, seja por falta de recursos físicos, financeiros ou humanos (capacitados para tal) que impossibilita muitos brasileiros de assumirem seu papel de cidadão.

      Dentro deste contexto é preocupante que a pauta da Saúde Mental no Brasil, tratada muito mais como um plano de corte de custo (já que saúde é um gasto e não investimento no bem-estar da população) do que propriamente de reabilitação e/ou reinserção social, seja agora tratada como "joguete" político a fim de livrar cabeças da guilhotina, sem ao menos considerar o histórico e a ideologia de seu novo coordenador, abertamente anti-reformista e acusado de maus tratos justamente contra o público alvo das ações que ele deve direcionar.

      É fato que a Reforma ainda não atingiu plenamente seu objetivo, mas a mudança da então assistência predominantemente hospitalar, com base na internação de longa permanência, para a ambulatorial alicerçada nos CAPs foi de fato uma grande conquista. Espero sinceramente que ao contrário do minha visão pessimista diante dos fatos apresentados (e já vivenciados) não se cumpra, mas é difícil de acreditar que guiada por um gestor retrógrado, aparentemente fiel aos seus meios assistenciais contestáveis e antiquados, não se instale o retrocesso já no então lento processo de reforma do sistema de saúde mental brasileiro, e que não venhamos a sofrer ainda mais graças a disparates de gestores inadequados, que na minha humilde opinião é o maior mal do qual sofre o SUS.

        Rezo para que meu ideal de uma sociedade igualitária, em que seja possível que todos os que desejam possam contribuir para o desenvolvimento de sua comunidade ao mesmo tempo em que possam usufruir livremente de todos os bens aos quais tem irrevogável direito, não se torne mais uma de minhas utopias, é que tenhamos, quem sabe em breve, o tão sonhado bem-estar social.

 

                                                                                                 Denise Faria

 

 

 

         

           

 

Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg

19/12/2015 às 8:15 am.

Olá Denise,

Teu comentário foi de grande relevância por aqui. E acreditamos que a vida em redes e o consequente desenvolvimento do coletivo em nós é o maior aditivo para a tomada de atitudes na busca de direitos. Não é utopia pois está acontecendo agora.

Seja muito bem-vinda à RHS!

Iza