Cabeça virada no avesso
Cabeça virada no avesso
Construindo a Tese
Patologia ?!
Cabeça virada no avesso.
O que acontece?
Minhas ideias pulam para fora da minha cabeça.
Quando vou capturar elas fogem.
Umas criam pernas, saem em busca do sol.
O doutor mandou eu me proteger do sol.
Outras rolam, procuram a lua.
Minha mãe ensinou que sair a noite sozinho é perigoso.
Há sempre alguém à espreita.
Tem ideia que sai voando, adora sentir o vento.
Menino fecha a janela, vai pegar friagem nas costas.
E aquelas que mergulham no ralo em busca do rio?
Essas eu perco mesmo….
A correnteza leva.
Outro dia teve idéia que se transformou em bola, quicou e saiu pela janela.
Não pude buscar era hora de fazer a lição,
Acho que encontrou outra criança.
E assim vou ficando sem ideia.
Minha cabeça está vazia!
E se eu virar a cabeça no avesso?
Vai ver tem alguma ideia grudada…
Tire essa ideia da cabeça menino!
Mais essa doutor??
Tô lascado, sem ideia fico louco!!
É melhor o senhor me dá um remédio.
Que remédio?
Sei lá, um que tire a única ideia que me restou.
Qual?
De gritar, fugir, voar, nadar, pular, sentir o sol, passear com a lua, enfim viver!!!!
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
Oi Elaine, como vai?
Muito legais os teus poemas e este me fez lembrar que "poesia é brincar com palavras", como dizia o José Paulo Paes.
E brincando com as palavras, coisa que você sempre faz de modo tão interessante, fui cair no título do livro de Mário Quintana, o Baú de Espantos. Daí caminhei pro baú de idéias ou caixa de ferramentas que nos deixou Deleuze e cheguei naquela tão sintética quanto genial: no lugar de idéias justas, justo uma idéia!
No lugar de idéias justas, justo uma idéia, ou seja, essa na qual você desemboca e que parece dizer dos devires de uma vida plena de invenção. Plena porque conserva a liberdade em meio a todas as outras formas, necessárias mas não suficientes.