Tenho recebido muitas mensagens diferentes sobre a necessidade de combatermos a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, transmissor de doenças como Dengue, Chikungunya e Zika. Fico me indagando sobre o grande desafio linguístico e de mídia que representa esta necessidade comunicativa acerca deste vetor, que ameaça a saúde pública no Brasil. Este país multicultural, multifacetado, do ponto de vista geográfico e sociológico, precisa receber a informação completa, correta e efetiva para que estas doenças não se tornem epidêmicas. Embora em algumas áreas já tenham assumido esta característica, ainda acredita-se que é possível frear a disseminação destas viroses.
Uma propaganda veiculada no jornal, acabou por me dar esta ideia para o post: um anúncio de ponta cabeça no meio das notícias a serem lidas, é no mínimo curioso…
Bem como, tantos outros que passaram a conviver conosco nos últimos tempos:
Porém, é claro a todos os profissionais de saúde e pesquisadores que não basta diagnosticar as doenças e tratá-las adequadamente. É imprescindível frear o contágio. E para tanto se faz necessário eliminar a proliferação de mosquitos, o que não se faz somente através das ações de saúde tradicionais. É necessário comunicar-se com a população em geral e ampliar o conceito de saúde na prática. É preciso sair dos limites de espaços físicos dos serviços de saúde e ir pra comunidade e promover corresponsabilidade.
E para isso tem-se utilizado um amplo espectro de modos de comunicação: os tradicionais cartazes e folders seguem sendo aplicados, utilizando–se de linguagens populares, de fácil leitura e interpretação para ampliar a compreensão sobre as informações. Sua distribuição se dá de modo amplo e atinge espaços públicos desde praças e ruas, também como shoppings e escolas.
Não basta alarmar, tem que fazer entender a importância da atuação de cada um em seus espaços privados e também nos espaços públicos os quais frequenta. Precisamos corresponsabilizar os cidadãos e envolvê-los.
Os agentes de endemias seguem atuando nas comunidades de modo a estabelecer técnicas de vigilância epidemiológica. Mas unem-se a eles agora os agentes comunitários de saúde, que têm sido importantes protagonistas na criação de modos de comunicação com a população em geral. Não só nas visitas domiciliares, com a missão de identificar espaços que possam promover a proliferação dos mosquitos, como também na mediação entre informações de saúde e a cuidados com o meio ambiente e saneamento.
Com certeza a união da equipe de saúde tem sido um diferencial de força nesta luta contra os mosquitos. Planejam-se atividades, compartilham-se tarefas, criam muito… usam muita criatividade. Dia D, mutirão, entrevistas em TVs, rádios e jornais, divulgação de muita informação no Facebook e no Twitter e também pelos grupos de Whatsapp.
A partir disso, nascem peças de teatro que vão às escolas, músicas populares que circulam nas mídias sociais, informativos (folders e cartazes), maquetes do bairro ou cidade e vistorias nos espaços públicos e privados.
https://redehumanizasus.net/94059-em-indaial-sc-zika-0-x-0-dengue
Unem-se forças com as forças armadas, exército, marinha e aeronáutica. Colocam-se políticos a participar dos mutirões.
A grande mídia também tem atuado de modo bastante massivo na divulgação de informações em suas pautas regulares, embora abram espaço muitas vezes para questões polêmicas que acabam por gerar medo e controvérsias em meio a este grande desafio.
Alguns sites têm incluído chamadas para um olhar atento a este tema, utilizando-se da tecnologia a serviço da informação.
Sem dúvida os “memes” têm sido muito utilizados, fazendo paralelos e piadas desta situação da saúde e com o cenário político do país.
Ora trazem leveza e bom humor ajudando a comunicar em espaços mais desprovidos de informação, ora atrapalham no sentido de repassar informações sensacionalistas e não comprovadas.
Mas pouco se conta da experiência, do vivido no calor das ruas e comunidades. Pouco se noticia sobre o dia-a-dia do trabalho.
Quis reunir aqui alguns destes modos de comunicação que recebi para demonstrar a criatividade colocada a serviço de um bem público que é a saúde.
Seria muito bom se outras pudessem ser reunidas por aqui. Compartilhe outras campanhas que você conhece. Será um grande espaço de troca e ao mesmo tempo de demonstração da criatividade deste imenso país.
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
Mostremos a potência dos modos de organização colaborativa que são construídos justamente nas situações-limite pela ajuda mútua de cidadãos. As redes sócio-virtuais têm sido protagonistas privilegiadas desta visibilidade nem sempre presente nos meios de comunicação.