Conversando sobre o enfrentamento da violência infantil na Atenção Básica articulado à saúde mental
Conversando sobre o enfrentamento da violência infantil na Atenção Básica articulado à saúde mental
Luciane Régio*, Emiko Yoshikawa Egry**, Maíra Rosa Apostólico***
Trata-se de uma pesquisa qualitativa que buscou conhecer as formas de enfrentamento da violência infantil, de menores de três anos, junto aos trabalhadores da atenção básica de uma capital da região sul do Brasil. Objetivo: Especialmente, neste estudo, buscou compreender a articulação com o campo teórico e de práticas da saúde mental. Método: A população de estudo consistiu de 13 trabalhadores do nível local, regional e central do município considerado, sendo cinco enfermeiras, três médicos, um representante de odontologia, pedagogia, psicologia, técnico em patologia a clínica e técnico de enfermagem. Tratando-se de um município que conta com Rede de proteção à violência contra a criança e o adolescente, o critério de inclusão no estudo foi que os profissionais tenham experiência como partícipes desta Rede. Os dados foram coletados de abril a outubro de 2013. A entrevista foi semi-estruturada, contendo questões abertas e elas foram gravadas e transcritas. Os procedimentos éticos foram tomados, tanto relativos à aprovação dos Comitês quanto de TCLE. Os dados foram analisados software de análise de textos e outros materiais webQDA. Resultados: Ao articular a violência infantil com a área de saúde mental, os entrevistados remetem o cuidado aos serviços, tais como: Centro de Atenção Psicossocial Infantil, Centro de Atenção Psicossocial para usuários de álcool e outras drogas. reproduzindo a via tradicional de encaminhamentos (sistema de referência e contra-referência). Esse aspecto demonstra dificuldades em incorporar no cotidiano da atenção integral, dimensões de cuidado em saúde mental. A proximidade com o território (no seu sentido amplo, incluindo os modos de vida, a ideologia) possibilita a criação de vínculos solidários e afetivos entre a equipe de atenção básica e as pessoas, que potencializam o enfrentamento das situações de violência, à medida que, esses “entes” estabelecem uma dada relação de composição e confiança. Entretanto, nem sempre a intervenção mais adequada será feita pela equipe de Centro de Atenção Psicossocial, mas sim operada pelo grau de comunicação entre a equipe de AB e da saúde mental, permeada pelos vínculos estabelecidos, que são construídos (ou não) no plano singular. Conclusão: Superar esse padrão de “encaminhamentos” realizados na rede de proteção à criança em situação de Violência, determina o modo de acolhimento, que não cessa ao final de uma demanda, mas sim perdura no acompanhamento e corresponsabilização.
Eixo temático: 13. Infância e adolescência no contexto da saúde mental
*Mestranda do PPGE – Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo: [email protected]
**Professora Titular do PPGE – Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo: [email protected]
***Pós-doutoranda do PPGE – Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo: [email protected]
Trabalho apresentado em 2014.
Por Emilia Alves de Sousa
Oi Lu, muito importante compartilhar esse estudo sobre o enfrentamento da violência infantil na UBS. Um problema muito mais presente na sociedade do que se possa imaginar. E não basta o acolhimento no hospital de forma fragmentada. O cuidado deve ir muito mais além dos muros da unidade. Pouco adianta atender e devolver a criança para a família, sem a garantia de que ela não vai ser mais abusada, e que vai receber um cuidado adequado para um desenvolvimento saudável.
Recentemente, atendemos no HILP uma criança com suspeita de violência, que suscitou um atendimento multidisciplinar com discussões do caso em equipe, com participação dos cuidadores, da família, de representante da UBS, do CRAS e do Conselho Tutelar da área residencial, para identificação das necessidades da criança e pactuação de responsabilidades e compromissos de cada no tratamento no hospital, e pós alta hospitalar. Havia uma preocupação coletiva de garantir uma vida segura a essa criança sem qualquer possibilidade de sofrimento/violência, no seu retorno ao lar, possibilitando uma cuidado integral e monitorado.
Bjs!
Emília