Belo, solidário e humanizado…
A cena lotou as páginas das redes sociais. De que se trata? Quem e o que aqui trata? Como trata?
Fiquei emocionada pela atitude dele pelo gesto de humanidade.
Por Mais Humanos assim.
A visão da cena funciona como um bálsamo em tempos de uma espécie de reedição da vida nos moldes da Idade Média. Alguém poderá algum dia esquecer a exaltação da tortura feita por um deputado na praça pública do Congresso Nacional?
A narração do acontecido nos chega pelo testemunho da moça que a postou. “Gesto de humanidade”, diz ela. “Por mais humanos assim”, completa. Milhares de comentários trazem a dimensão angelical do homem apelidado de Farofa. “Tem o dom da bondade”, afirma um. “Foi um anjo na minha vida”. “Ser humano invejável”. “Tem pessoas que tem o dom da bondade, são essas pessoas que o Brasil está precisando, pessoas simples, mas com o coração enorme”. À medida em que leio os comentários, vou me contagiando pela beleza ingênua, mas totalmente legítima e sincera do povo brasileiro e em contraste com a sanha violenta e usurpadora de nossas potências de uma parte daqueles que nos representam nas instâncias de poder.
Ocorre que o poder instituído constitui apenas uma parte ou uma forma de poder. Aquela mais visível e supostamente mais forte. E é porisso que o gesto de Farofa ganha tanta potência. Ele se insere nos modos de resistir. Ele tem o dom de contagiar e nutrir outras forças em jogo na sociedade. Melhor dito, ele é o efeito destas outras forças em jogo na constituição de outras possibilidades de subjetivação.
A nobreza do gesto de Farofa aumenta em progressão geométrica a luta pela humanização dos cuidados em saúde, mais que isso, na vida. Nela vemos o funcionamento das forças invisíveis e poderosas de instituir outras práticas e que não esperam pela “implantação” de programas ou planos governamentais.
A nobreza do gesto de Farofa aumenta infinitamente ainda o contraste entre esta beleza e aquela do recato estéril e triste da vida circunscrita ao “lar”.
Por Erasmo Ruiz