Belo, solidário e humanizado…

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A cena lotou as páginas das redes sociais. De que se trata? Quem e o que aqui trata? Como trata?

 

 

 

 
 

15 de abril

 

 

 

Hoje vim passar o dia com minha amiga no hospital, em um certo momento do dia, uma senhora de (86anos) que está internada no leito ao lado do da minha amiga, a senhora começa a sentir fortes dores pelas feridas criadas nas costas pelo tempo que tem deitada na mesma posição, precisava de um colchão especializado pra amenizar a dores. No mesmo momento o Maqueiro veio pegar outra paciente pra fazer um exame, E viu toda a situação o mesmo saiu na mesma hora conseguiu o colchão especial pra senhora, ainda pegou a senhora no colo e ainda cantou uma linda canção pra ela, pra ela se acalmar enquanto sua nora, trocava o colchão. 
Fiquei emocionada pela atitude dele pelo gesto de humanidade. 
Por Mais Humanos assim. 
 
 
 
 

 

A visão da cena funciona como um bálsamo em tempos de uma espécie de reedição da vida nos moldes da Idade Média. Alguém poderá algum dia esquecer a exaltação da tortura feita por um deputado na praça pública do Congresso Nacional? 

A narração do acontecido nos chega pelo testemunho da moça que a postou. “Gesto de humanidade”, diz ela. “Por mais humanos assim”, completa. Milhares de comentários trazem a dimensão angelical do homem apelidado de Farofa. “Tem o dom da bondade”, afirma um. “Foi um anjo na minha vida”. “Ser humano invejável”. “Tem pessoas que tem o dom da bondade, são essas pessoas que o Brasil está precisando, pessoas simples, mas com o coração enorme”. À medida em que leio os comentários, vou me contagiando pela beleza ingênua, mas totalmente legítima e sincera do povo brasileiro e em contraste com a sanha violenta e usurpadora de nossas potências de uma parte daqueles que nos representam nas instâncias de poder. 

Ocorre que o poder instituído constitui apenas uma parte ou uma forma de poder. Aquela mais visível e supostamente mais forte. E é porisso que o gesto de Farofa ganha tanta potência. Ele se insere nos modos de resistir. Ele tem o dom de contagiar e nutrir outras forças em jogo na sociedade. Melhor dito, ele é o efeito destas outras forças em jogo na constituição de outras possibilidades de subjetivação.

A nobreza do gesto de Farofa aumenta em progressão geométrica a luta pela humanização dos cuidados em saúde, mais que isso, na vida. Nela vemos o funcionamento das forças invisíveis e poderosas de instituir outras práticas e que não esperam pela “implantação” de programas ou planos governamentais. 

A nobreza do gesto de Farofa aumenta infinitamente ainda o contraste entre esta beleza e aquela do recato estéril e triste da vida circunscrita ao “lar”.