Psicologia Hospitalar (Psicologia FISMA – Noturno 4º semestre)
A psicologia ao ser inserida no hospital reviu seus próprios postulados adquirindo conceitos e questionamentos que fizeram dela um novo escoramento na busca da compreensão da existência humana. Assim, não se pensa num curso de graduação de psicologia onde questões como morte, saúde pública, hospitalização e outros temas, não tenham prioridade ou não sejam exigidas como necessárias para a formação do psicólogo (ANGERAMI-CAMON, 1995).
Despersonalização do paciente
O paciente ao ser hospitalizado sofre um processo de total despersonalização. Passa a ser identificado como o diagnóstico/patologia que possui. O estigma de doente – paciente até mesmo no sentido de sua própria passividade frente aos novos fatos e perspectivas existenciais – irá fazer com que exista a necessidade imediata de uma total reformulação até mesmo de seus valores e conceitos de homem, mundo e relação interpessoal em suas formas conhecidas. Ao trabalhar no sentido de estancar os processos de despersonalização no âmbito hospitalar, o psicólogo estará ajudando na humanização do hospital, pois seguramente esse processo é um dos maiores aniquiladores da dignidade existencial da pessoa hospitalizada. Um trabalho de reflexão que envolva toda a equipe de saúde é uma das grandes necessidades para fazer com que o hospital perca seu caráter meramente curativo para transformar-se numa instituição que trabalhe não apenas com a reabilitação orgânica mas também com o restabelecimento da dignidade humana.
Humanização no hospital
O movimento de humanização nos hospitais é voltado para o processo de educação e treinamento dos profissionais de saúde, mas também para intervenções estruturais que façam a experiência da hospitalização ser mais confortável para o paciente. Podemos dizer que a rede de humanização em saúde é uma rede de construção permanente de laços de cidadania, de um modo de olhar cada sujeito em sua especificidade, sua história de vida, mas também de olhá-lo como sujeito de um coletivo, sujeito da história de muitas vidas. Pesquisas realizadas em hospitais (Martins, 2001; Mazzetti, 2005) mostram que quando se trabalha com humanização a melhora do ambiente hospitalar traz benefícios como a redução do tempo de internação, aumento do bem-estar geral dos pacientes e funcionários e diminuição das faltas de trabalho entre a equipe de saúde, e, como consequência, o hospital também reduz seus gastos, trazendo benefícios para todos.
Uma experiência em Programa de Humanização de Hospitais
Face aos inúmeros problemas referentes à pouca atenção oferecida aos aspectos subjetivos da atividade assistencial nos hospitais, o Ministério da Saúde tomou a iniciativa de convidar profissionais da área de Saúde Mental para elaborar uma proposta de trabalho voltada à humanização dos serviços hospitalares públicos de saúde. Esses profissionais elaboraram o Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH), com o objetivo de promover uma mudança de cultura no atendimento (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). O Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar (PNHAH) foi criado no ano de 1999, pela Secretaria da Assistência à Saúde do Ministério da Saúde, com os objetivos de:
- Melhorar a qualidade e a eficácia da atenção dispensada aos usuários da rede hospitalar;
- Recuperar a imagem dos hospitais junto à comunidade;
- Capacitar os profissionais dos hospitais para um conceito de atenção à saúde baseado na valorização da vida humana e da cidadania;
- Conceber e implantar novas iniciativas de humanização beneficiando tanto os usuários como os profissionais de saúde;
- Estimular a realização de parcerias e trocas de conhecimentos;
- Desenvolver um conjunto de indicadores/parâmetros de resultados e sistemas de incentivos ao tratamento humanizado.
O PNHAH propõe um conjunto de ações integradas que visam mudar o padrão de assistência ao usuário nos hospitais públicos do Brasil, melhorando a qualidade e a eficácia dos serviços hoje prestados por estas instituições. É seu objetivo fundamental aprimorar as relações entre: profissional de saúde e usuário, profissionais entre si, profissionais e gestores, hospital e comunidade. Uma das diretrizes do Programa é o desenvolvimento técnico e emocional dos profissionais de saúde, de forma a aperfeiçoá-los para o atendimento ao usuário.
Angerami-Camon, Waldemar A., et al. “Psicologia hospitalar: teoria e prática.” Psicologia hospitalar: teoria e prática. Pioneira, 1995.
MOTA, Roberta Araújo; MARTINS, CG de M.; VÉRAS, Renata Meira. Papel dos profissionais de saúde na política de humanização hospitalar. Psicologia em Estudo, v. 11, n. 2, p. 323-330, 2006.
MARTINS, M. C. F. N. Humanização da assistência e formação do profissional de saúde. Psychiatry on line Brazil, v. 8, n. 5, 2003.
Por Emilia Alves de Sousa
Olá caroline,
Muito importante o texto trazendo esse resgate sobre o Programa Nacional de Humanização Hospitalar-PNHAH, um programa criado com a proposta de disseminar uma cultura de humanização no âmbito hospitalar e que em 2003 deu lugar ao lançamento da Política Nacional de Humanização-PNH, uma política transversal que busca por em prática os princípios do SUS no cotidiano dos serviços de saúde, produzindo mudanças nos modos de gerir e cuidar, fomentando a autonomia e o compromisso de corresponsabilidade dos profissionais de saúde nos processos de trabalho.
Compartilho aqui algumas postagens publicadas na Rede que trazem um pouco sobre a PNH.
https://web.redehumanizasus.net/59496-um-pouco-sobre-pnh
https://redehumanizasus.net/90942-humanizacao-em-saude
https://redehumanizasus.net/node/80906
Existe aqui no site o Acervo Digital Nacional de Humanização onde estão hospedados vários documentos da PNH, como cartilhas, cadernos de humanização, dentre outras publicações, que valhem a pena dar uma conferida.
Aguardamos o seu retorno com novas contribuições!
AbraSUS!
Emília