O acolhimento ainda é visto por muitos profissionais de saúde como uma atividade única que ocorre na entrada de serviço ou em uma sala específica com procedimentos como a classificação de risco, mas deve ser muito mais do que isso.
O acolhimento propõe uma mudança não só na porta do serviço ou no uso de pulseirinhas coloridas. O acolhimento propõe uma mudança na forma como as relações acontecem dentro de um serviço de saúde, o atendimento inicial é apenas uma parte – e muito importante – dele.
O acolhimento deve existir na recepção, nas reuniões de equipe, dentro dos consultórios, nos corredores, em todos os ambientes. E deve se expressar em relações mais humanas, na garantia do acesso, na escuta qualificada, na amorosidade, que pressupõe relações não mais pautadas apenas naquilo que é lógico ou racional, mas que levem em conta que existem emoções envolvidas no processo de cuidado, naquilo que se diz e naquilo que se vive. O acolhimento envolve o compromisso e a corresponsabilização, pois os problemas não são exclusivos dos profissionais de saúde, assim como não são exclusivos da população. Apenas o diálogo qualificado pode fazer transparecer essa noção.
Portanto, Seu Doutor, o senhor deve, também, acolher os usuários. Na forma da relação humana. Lembre-se que não são doenças, tampouco máquinas quebradas que se espremem em longas filas para conseguir um tempinho com o senhor. São seres humanos. Que merecem se sentir respeitados, cuidados, acolhidos.