Breve introdução a Clínica do Corpo sem Órgãos
Através desse escrito objetivo falar sobre a experiência de estágio que tive em uma Clínica-Escola de Psicologia. Durante o processo de aprendizado optei por trabalhar com o viés da filosofia da diferença introduzida por Félix Guattari e Gilles Deleuze fazendo uso em especial do conceito ferramenta Corpo sem Órgãos (CsO).
O desafio que se apresentava durate os atendimentos era propor formas em que a pessoa atendida permitisse acessar um campo desconhecido repleto de intensidades onde poderia chegar apenas através da experimentação, acessada por dispositivos clínicos que visavam desestratificar territórios existenciais rígidos a fim de proporcionar a criação de um CsO.
Essa tarefa evidenciou-se como materialidade importante, pois durante as experimentações também o psicólogo sentia-se tocado e também ele criava para si um Corpo sem órgãos. O que desejávamos durante os atendimentos era desestabilizar territórios, caotizar, para então proporcionar bons encontros.
Afim de descrever como ocorrem essa criação podemos fazer uso da ideia de Teixeira (2004) o autor faz alusão a história de Robinson Crusoé, ao analisar o personagem surgem importantes questões referentes ao campo da experimentação. Segundo o autor Crusoé atravessa por dois momentos o neurótico e o psicótico. Nesse sentido o que chama a atenção é que o personagem passa a produzir vida exatamente em seu momento mais crítico o psicótico, pois através do caos em que se encontra tem como única alternativa de sobrevivência experimentar aventura-se em territórios desconhecidos.
Levávamos esse pensamento aos pacientes onde propúnhamos que se aventurassem em territórios pouco conhecidos para então criar outras perspectivas as suas vidas. Devemos lembrar que essa proposta ocorre quando estabelecida relação de confiança entre os envolvidos. Sendo assim a cada experimentação ou tentativa passava-se a criar um Corpo sem Órgãos.
Ao final dos estágios concluímos que as pessoas que se deixaram levar pelo campo da experimentação tiveram sua autonomia aumentada e suas vidas passaram a tomar direções imanadas de intensidades atingindo resultados mais potentes.
Por Maria Luiza Carrilho Sardenberg
Olá Ederson,
O acesso às intensidades num encontro é fundamental para que se experimente a engrenagem do trabalho clínico. Como é bom quando isto se dá nas relações, abrindo novos mundos, novas possibilidades de vida.
Que tal colocar uma foto em teu post para promovermos maior visibilidade à tua experiência?
abraSUS,
Iza