Resenha do artigo, “Entre Cárceres e a Liberdade: Aposta na Produção Cotidiana de Modos Diferentes de Cuidar.

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TRABALHO REFERENTE A INTRODUÇÃO A PSICOLOGIA DA SAÚDE, DO CURSO DE PSCIOLOGIA, 4º SEMESTRE, FACULDADE INTEGRADA DE SANTA MARIA (FISMA).

 

RESENHA DO ARTIGO:

ENTRE O CÁRCERE E A LIBERDADE: APOSTA NA PRODUÇÃO COTIDIANA DE MODOS DIFERENTES DE CUIDAR. (De Silvio Yasul)

 

            O Artigo busca refletir sobre o desafio da Reforma Psiquiátrica (RP) e Política Nacional de Humanização em mudar os modos de cuidar e produzir saúde no cotidiano dos serviços. O material usado para a observação, do autor, sobre o cenário atual foram jornais e a mídia em geral, que trazem como, por exemplo, denúncias sobre a precariedades das condições de um hospital psiquiátrico na região de Sorocaba e as ações para recolhimento e a internação compulsória que autoridades municipais estão implementando.

            No início do artigo, mostram-se 4 cenas, de experiências pessoais, do autor, referentes a hospitais psiquiátricos, aos quais ele visitou, em diferentes épocas de sua carreira. A primeira em 1976 e a última em 2012. Foi chamada atenção, pois 36 anos, entre a primeira e a última visita, mesmo acontecendo a Reforma Psiquiátrica, no Brasil, mas mesmo, assim as características dos manicômios com o destrato e a violência, para com seus pacientes se manteve a mesma. A Reforma em teoria veio para ampliar a rede de serviços e as ações de saúde mental, reduzindo os leitos psiquiátricos, aumentando o investimento na rede extra-hospitalar.

            Isso leva a outro ponto, em que prefeituras investem recursos para criação de clinicas para dependentes químicos, propondo internação compulsória. Essas medidas são aplaudidas pela população, mas em sua maioria, o descaso, com os pacientes internados é o mesmo, esquecendo suas dores, sofrimento, as singularidades e a complexidade de suas vidas. Virando, mais uma vez, o paciente um meio obtenção de lucros, do que uma real preocupação para com tratamentos.

            Na perspectivas Basagliana, não é possível pensar o cuidado, ao paciente, em hospitais psiquiátricos, considerando apenas um diagnóstico e tampouco usando praticas que restrinjam sua liberdade. Temos sempre de considerar a individualidade dos pacientes. E as condutas, de restrição de liberdade são historicamente péssimo e conhecido: segregação, violência institucional, isolamento e degradação humana.

            As melhores soluções, para uma busca de inovações, e busca do bem-estar de pacientes, com doenças mentais, seriam levados em conta a autonomia. Levando em conta que os mecanismos são lugares de pouca interação social, e assim sendo, baixa expectativa de melhoras, ou de volta do paciente a liberdade. E com pacientes, em liberdade, haveria mais possiblidade de interações, então teriam a subjetividade no modo de viver. Tanto para o paciente, quanto para a sociedade, seria algo benéfico. Trazendo uma série de benefícios terapêuticos. É uma aposta da PNH e da RP, o reposicionamento dos sujeitos, acreditando no coletivo, na importância das redes de cuidados compartilhados, assim podendo respeitar a autonomia, sendo assim, não se perderia as interações sociais, que são tão importantes a todos nós.

            Claro que tais medidas possuem resistência e obstáculos. Pois ainda estamos sobre olhares bastante conservadores, que ainda dominam a sociedade e refletem nos modos de pensar e de fazer a gestão na saúde, preservando ainda, internações compulsórias, principalmente, hoje em dia, de dependentes químicos. Mesmo estes métodos, mostrando-se ineficazes, observando-se a história, esses continuam sendo utilizados, retrocedendo a medidas que através do cárcere tiram o paciente da interação social, como se fosse um ato de higienização pública. As internações são como máquinas de reprodução de assujeitamento, heteronomias, subjetividades servis e tristes, ou seja, criando sujeitos que nunca saíram destas instituições.

            Quando aplicadas as propostas da Reforma Psiquiátrica, se criam amplas e diversificadas ofertas de serviços e de ações, que contemplam diferentes dimensões e necessidades. Assim buscando maneiras mais eficazes de tratamentos, com melhores êxitos e meios mais humanizados de beneficiar, os pacientes. Se isso, fosse mais proliferado e não se mantesse a cultura do encarceramento, menos pessoas estariam expostas a esses lugares mortíferos e estariam recebendo uma real possibilidade de viver de forma saudável.

            É necessário que serviços, como o psicológico, saiam desse modo clássico de trabalhar apenas em clinicas, de maneira individual e busquem novas formas de intervenção. O SUS como política pública é fundamental, para os cidadãos, e sendo assim, faz por tomar experiências coletivas, como aquela geradora de processos singulares. Os processos de subjetivação se dão num plano coletivo, plano das multidisciplinidades, plano público, então é importante ser observado. Para nosso curso de psicologia, é muito importante o entendimento de tal artigo, pois é impossível se pensar na prática dos psicólogos que não estejam engajados com o mundo, com o país em que vivemos, com as condições de vida da população e que impliquem na produção de sujeitos autônomos, protagonistas, co-participantes e co-responsáveis por suas vidas e pelo coletivo. Deixar de lado estas atitudes pouco eficientes de cárcere, que pouco tem eficácia.