Saúde Mental do trabalhador

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Esta é uma atividade da disciplina SUS, da professora Cátia Paranhos, do Programa de Residência Multiprofissional do HU/UFGD/EBSERH de Dourados -MS. 

As definições de Saúde e Saúde Mental propostas pela OMS (2001) consistem respectivamente, em um estado de bem-estar físico, mental e social e um estado de equilíbrio entre o indivíduo pessoa e seu meio, tendo a capacidade de realizar funções laborais e sociais, as habilidades emocionais e cognitivas bem como responder de forma adequada às atividades cotidianas. Cabe destacar que não basta apenas a ausência de doença para que o indivíduo goze de boa saúde/ saúde mental levando a entender que essas definições dificilmente serão atingidas dentro da realidade atual da sociedade em que vivemos.

Com o desenvolvimento tecnológico oriundo da globalização aumentaram as exigências no âmbito do trabalho caracterizadas por rapidez e competitividade. O indivíduo passa a ter necessidade de inovar sua maneira de trabalhar e na maioria das vezes, causa impactos relevantes em sua integridade física, nas relações pessoais, familiares, sociais e até mesmo com seus colegas de trabalho. O exercício laboral dos trabalhadores é permeado por vários fatores de risco, dos quais os autores Camargo e Oliveira (2010) citam: os físicos (ruídos e radiação); os químicos (efeitos tóxicos); os biológicos (agentes biológicos nocivos); os ergonômicos (condições psicofisiológicas); acidentes ou mecânicos (inadequação mecânica e do espaço físico); os psicossociais, ligados às tarefas, organização do tempo e estrutura (relações interpessoais, significado do trabalho, sobrecarga, hierarquização e cansaço físico e mental).

Dentro dos fatores psicossociais de risco existe um tema que atualmente vem sendo muito discutido por conta de sua recorrência como causadora de sofrimento mental em trabalhadores, o estresse ocupacional. O estresse pode ser definido e sentido de diversas maneiras pelos indivíduos e pode ser considerado como normal e saudável no aumento do desempenho e capacidade cerebral, porém depende da forma como o indivíduo o utiliza podendo tanto se beneficiar quanto se prejudicar. De acordo com Carlotto e Câmara (2008 apud SCHMITZ, 2015, p. 17), o estresse ocupacional, em sua forma patológica, pode causar a Síndrome de Burnout e que denota maior incidência entre profissionais que lidam diretamente com pessoas. Essa síndrome consiste na exaustão emocional, despersonalização e perda da realização pessoal, expressa numa série de sintomas de esgotamento físico e mental causado pelas atividades laborais, como dor de cabeça, tensão muscular, irritabilidade, distúrbios de sono entre outros e que costumam afetar os relacionamentos social e familiar.

Portanto, o trabalho pode colaborar tanto no desenvolvimento psicossocial quanto na causa de sofrimento do indivíduo, pois além de operar na construção de sua saúde e identidade se estende para a sua vida familiar e social uma vez em que, suas interferências não se limitam ao ambiente de trabalho. É preciso a busca de novas concepções de organização do trabalho e o estabelecimento de um compromisso entre a gestão e o trabalhador, desde os aspectos físicos até as relações interpessoais, a fim de gerar a adaptação e transformação necessária para a promoção de saúde e qualidade de vida dos indivíduos que constituem esse contexto do trabalho.  

Diante do exposto, deixo em aberto a seguinte questão: que mudanças no cotidiano ocupacional poderiam contribuir para a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores da área de saúde e os desafios encontrados para efetivação dessas mudanças?

REFERÊNCIAS

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Relatório sobre a saúde no mundo 2001: Saúde Mental: nova concepção, nova esperança. Organização Mundial da Saúde, 2001.

CAMARGO, D. A.; OLIVEIRA, J. I. Riscos ocupacionais: repercussões psicossociais. In: GUIMARÃES, L. A. M.; GRUBITS, S. (Orgs). Série de Saúde Mental e Trabalho, vol II. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.

SCHMITZ, G. A. Síndrome de Burnout: uma proposta de análise sob enfoque analítico-comportamental. 2015. 59 f. Dissertação (Mestrado em Análise do Comportamento) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina. 2015.