Compartilho com vocês o meu discurso na abertura da 1ª Conferência Municipal de Saúde das Mulheres de Joinville:
Eu bem que poderia ler um poema, mas apesar de ser bela, a vida não me fez recatada e do lar.
Hoje é dia de defender a democracia, porque saúde é democracia então antes de iniciar os trabalhos digo em alto e bom som:
#FORATEMER.
A integralidade do SUS está mais do que nunca ameaçada e o retrocesso presente em propostas onde a saúde é vendida como produto para quem pode pagar planos populares.
O atendimento á saúde da mulher é o exemplo perfeito da aplicação do princípio da equidade, onde cada usuária do SUS deve ser atendida conforme suas demandas.
Pra não ir muito longe falo das muitas mulheres que assim como eu fiz um dia, precisam ir á luta disputando espaços no mundo do trabalho para garantir o sustento de seus filhos, e nesse sentido é importante garantir estratégias de atendimento em todos os serviços de saúde para além do horário comercial, onde em muitos casos usuárias e usuários, mulheres e homens estão trabalhando.
Não poderia deixar de citar a saúde mental que neste ano ocupa posição de destaque em campanhas da OPAS e do Conselho Nacional de Saúde.
Então vamos conversar sobre depressão e saúde da mulher, que muitas vezes é vítima de violência doméstica e no trabalho e precisa ter coragem para denunciar os abusos, mas precisa também encontrar escuta qualificada e atendimento humanizado nos serviços de saúde.
Vamos falar que não é só o machismo que me afeta, o racismo que está presente no hospital, em casa e na sociedade em geral também me afetam.
A mulher negra necessita de igualdade em seu tratamento, pois temos casos de mulheres que recebem menos anestesia porque são negras, acaso alguém deve sentir dor por causa da cor de sua pele, deixo a questão.
Equidade em saúde é chamar a mulher trans por seu nome social e oferecer respeito e compreensão ao invés de violência e maus tratos que também se expressam em palavras e atos do dia a dia.
Equidade é promover a acessibilidade ás mulheres com deficiência para lhes proporcionar independência.
Equidade é reconhecer a usuária como um agente produtor de saúde em sua família, considerando os novos arranjos familiares.
Conclamo a todas para que venham comigo construir durante os dias da conferência, propostas para a melhoria do SUS em nossa cidade, pois não importa se estamos em seguimentos diferentes: na gestão, na atenção e trabalho, na prestação de serviços ou usuárias, hoje somos todas mulheres na luta e na defesa da Saúde Pública como direito de todos e dever do Estado.