DOULAS na humanização do parto e nascimento

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Olá,

copio aqui uma matéria sobre as DOULAS do Hospital Sofia Feldman,  publicada no dia 7 de julho, no Boletim da Integralidade em Saúde do LAPPIS.

Fonte: https://www.lappis.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1298&sid=1

 

 

Doulas Comunitárias: Humanização da assistência ao parto e nascimento

 

O Projeto Doulas Comunitárias, desenvolvido pelo Hospital Sofia Feldman em parceria com a Associação Comunitária de Amigos e Usuários do HSF, é pioneiro no Brasil como projeto hospitalar institucionalizado. Doula é uma palavra grega que significa "aquela que serve a outra mulher". Doulas são voluntárias da comunidade, que de segunda a segunda, 24 horas por dia, acolhem e acompanham as mulheres que vêm ao HSF em busca de assistência ao parto.

Baseado na literatura científica, tem como objetivo melhorar os indicadores assistenciais e os níveis de satisfação das usuárias e usuários. Priorizando as parturientes desacompanhadas, as doulas proporcionam apoio emocional, amparo e incentivo às mulheres em trabalho de parto e a seus familiares, estabelecem contato com os profissionais solicitados e, após o nascimento, incentivam a interação da mãe com seu bebê e a amamentação.

 A doula comunitária Terezinha cuida de uma mulher no pré-parto
A doula comunitária Terezinha cuida de uma mulher no pré-parto

O projeto, pioneiro no Brasil, começou em meados de 1997. Julia, coordenadora do setor de Psicologia e referência técnica do projeto das Doulas Comunitárias desde 2001, reitera a importância do apoio emocional e do suporte físico que essas mulheres proporcionam às parturientes. “A doula dessa instituição é uma mulher da comunidade, que a experiência delas vem da experiência de vida e de parturição. São mulheres capazes de proporcionar segurança a outra que está em trabalho de parto e durante o parto. Entendo perfeitamente que, para uma mulher ter um bom parto, ela precisa sentir-se segura”.

Mas o que deixa a mulher segura nesse momento? Segundo a psicóloga, depende. “A doula precisa ter sensibilidade para perceber as necessidades de uma mulher no parto. Algumas mulheres precisam apenas da presença de uma outra pessoa, outras gostam de ser tocadas, massageadas”, diz. “Ela atua bastante como interlocutora ou mediadora entre a parturiente e os familiares e a equipe de saúde. É uma pessoa que está próxima da usuária, mas também tem um contato com a equipe. Como parte integrante da equipe, tem uma presença efetiva do plantão – todos os plantões dessa maternidade têm a presença de pelo menos uma doula”.

Perfil e seleção das doulas

A porta de entrada das doulas é pela Associação Comunitária ou pelo SOS Saúde da Secretaria Municipal de Saúde. É realizada uma entrevista inicial com a candidata, primeiramente para saber a motivação para ser doula. “A própria equipe pode perceber que a acompanhante com uma característica de ser doula e convidou; perguntamos sobre a experiência de parto (é um dos quesitos mais importantes); a visão dessa mulher sobre parto (como ela vê a questão da mulher sentir dor no parto, quais suas necessidades). Conversamos sobre esses temas e percebemos se essa mulher tem um perfil para ser doula, que tem que ser tranqüila, firme, paciente”. A doula tem que despertar o empoderamento da mulher – sua capacidade de dar à luz. “A mulher precisa voltar a crer nessa capacidade e criar um ambiente saudável para que o parto possa acontecer”.

Selecionada, a doula passará por uma capacitação, na qual são oferecidos conhecimentos básicos sobre trabalho de parto, gestação e relações interpessoais. “Por lidar com diferentes tipos de pessoas, desde a parturiente e seus familiares a médicos e técnicos, a doula precisa saber transitar bem nesses ambientes, e entender qual é o papel dela, que é dar suporte físico e emocional à mulher. Esse lugar ficou um pouco vazio na história do parto dentro desse cenário institucional”.

A percepção das mulheres sobre o trabalho da doula é bastante positiva, contribuindo para a qualidade da assistência. Atualmente, existem 28 doulas em atividade no Hospital, que oferece uma ajuda de custo para ressarcir os gastos, e garantir efetividade. Uma delas é Dona Terezinha, que participou do projeto Mãe Substituta, durante dois anos. Após sua saída, foi convidada pela ACAU para fazer parte das Doulas Comunitárias. “Para mim, foi uma alegria muito grande, já queria ser doula. É um trabalho muito gratificante, muito bonita”. Teresinha conheceu o projeto após acompanhar uma amiga da família. Ela diz que a doula tem que respeitar a vontade da parturiente. “Às vezes, o contato com a parturiente continua após o parto. Algumas nos ligam meses depois, mandam fotos”.

Além do aumento da qualidade e na grande contribuição para a humanização do atendimento, a presença amigável e constante das doulas produz ainda os seguintes resultados:

• Redução do tempo de trabalho de parto;
• Redução do uso de medicação para alívio da dor
• Redução do índice de cesárea;
• Aumento da taxa de aleitamento materno, exclusivo ao seio;
• Resguardo de um tratamento individualizado personalizado à mulher, fortalecendo-a como cidadã diante do aparato médico-institucionalizado;
• Maior segurança e satisfação da mulher e de seus familiares durante o trabalho de parto e o puerpério, possibilitando singularidade e emoção no momento do nascimento de uma nova vida;
• Incentivo ao resgate da tradição, segurança e simplicidade do parto normal.

 

Fonte: https://www.lappis.org.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1298&sid=1