A Solidão e o Profissional de Saúde do SUS

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O trabalho tem sido considerado uma das coisas mais edificantes para o ser humano ao longo da história. Ele representa não só uma recompensa meritocrática como consequência de um esforço sistematicamente canalizado, como também dá um propósito e identidade ao sujeito na sociedade. O trabalho, para muitos, é sinônimo de arte, catarse, libertação, autonomia, purificação, felicidade, inclusão, e principalmente, satisfação.

No entanto, a significação do trabalho foi se alterando ao longo da história, com o desenvolvimento do capitalismo e suas respectivas instituições alicerçadas aos processos de racionalização, burocratização, fragmentação e centralização a favor de uma sistematização do trabalho e do lucro.

 

 

Quando colocamos o contexto do profissional do SUS em questão, a racionalização e individualização do trabalho pode se tornar algo muito debilitante para a saúde mental, uma vez que, este está constantemente lidando com a fragilidade humana e, consequentemente, pousando sobre uma visão de impotência sobre si em relação ao mundo, e ao futuro.

Então, tendo em mente que o trabalho interfere na vida do profissional como um fenômeno organizador e motivador, é preciso que debatemos sobre a dinâmica de trabalho do SUS, afim de verificar se essa está produzindo saúde ou adoecimento ao profissional.

 

 

Em diversos locais de criação e manutenção de grupos (empresas de trabalho, escolas, hospitais, clínicas, instituições, etc) se colocou em pauta a necessidade de se ter um espaço acessível para que os profissionais responsáveis pudessem falar e aprender a se cuidar enquanto grupo, para que assim ocorra a manifestação e validação dos sentimentos expressos. Dessa mesma forma, será possível que a sensação de solidão, desamparo e isolamento do profissional do SUS, frente as frustrações diárias percebidas no campo, se manifeste e, consequentemente, seja aliviada.