O conceito de Saúde
Aqui pretendo discutir o conceito de Saúde proposto pela OMS. Meu nome é Josiane, sou acadêmica do curso de Psicologia da FISMA – Faculdade Integrada de Santa Maria -, a proposta desta minha discussão no blog surgiu devido uma idéia do professor de uma disciplina de Introdução à Psicologia da Saúde – professor Douglas Casarotto – como forma de avaliação da disciplina, em vez das cansativas provas. Então li um artigo que falava sobre o conceito de saúde do autor Marco Segre e Flávio Ferraz (1997).
A OMS – Organização Mundial da Saúde – define Saúde não apenas como a ausência de doenças, mas como a “situação de perfeito bem-estar físico, mental e social” da pessoa. Esse conceito visa uma “perfeição inatingível”. Parece algo irreal. Realmente uma pessoa pode estar em um estado físico muito bom, ou pode ter um bom relacionamento social, ou ainda, pode até estar em boas condições mentais. Pode até ter todas essas três alternativas em bom estado, mas afirmar que é um “perfeito” bem-estar, aí já é algo mais longe da realidade. Ninguém consegue atingir uma perfeição total nessas três condições! Sempre há algo em nós que não está ou não foi bem-resolvido psiquicamente. E se for analisar essas três condições – físico, mental e social – são praticamente inter-relacionadas. Se uma dessas condições é afetada as outras também serão. Então para concluir, afirmo que seria uma boa alternativa pensar na reformulação desse conceito. Talvez pudesse ser assim: Saúde como a “situação equilibrada entre a condição física, mental e social da pessoa”. E você como acredita que poderia ser?
11 Comentários
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Por jaquelineduraes
Obrigada Rejane pela sua colocação.
De fato, enquanto ficamos perdendo tempo tentando conceituar estamos deixando de fazer o que deve ser feito na prática. Já foi dito aqui por alguns: ouvir, estar junto, dar atenção também traz saúde. Precisamos estar com todos os sentidos abertos para a necessidade dos outros (olhos, ouvidos, boca, nariz, tato…tudo). Pode ser que alguém ao nosso lado esteja precisando de nós… Vamos conceituar saúde ou vamos promover saúde?
Por Josiane Trojahn
Olá!!
Bem… pensei em equilíbrio, pois como já disse uma "situação de perfeito bem-estar" nas três dimensões (biopsicossocial) parece algo difícil de se perceber. Principalmente se pensarmos que somos seres humanos, somos seres faltantes (como diria a psicanálise), somos seres que busca a nossa falta, mas que essa falta nunca é encontrada totalmente. Pois, se conseguimos realizar algo que queremos, logo mais tarde sentiremos vontade por outra coisa que não temos também. E assim, sucessivamente, nunca atingiríamos a perfeição tão ansiosamente buscada por nós. Então como somos seres humanos faltantes e imperfeitos, pensei que esse conceito se saúde estaria um pouco equivocado. Então somente para reflexão, propus que em vez de "perfeito" coloca-se "equilibrio" entre essas condições. Porque se está equilibrada a situação, está bem, já que não existe a perfeição. Já se algo está desiquilibrado, como por exemplo, posso estar fisicamente saudável, sem nenhuma doença física, mas poderei ter algo não elaborado ou mal elaborado psiquicamente, como o luto por algo ou alguém, então isso pode afetar o meio de me relacionar socialmente. Então logo, o desiquilíbrio nessas três condições não me parecia saudável. Mas isso é somente uma forma de pensar saúde. Não estou querendo dizer que o termo equilíbrio seja mais ideal que o perfeito. E nem que essa minha visão seja a melhor. Por isso propus problematizar esse conceito de saúde da OMS, para que surgisse um debate, novas idéias de pensar diferente a saúde.
Obrigada por postar um comentario..
Boa semana!
Josiane Trojahn
Oi Josiane,
Um abraço!!!
Por Luciane Régio
Conceito de saúde?? Cada um sabe da sua saúde. Para mim o que me traz saúde, pode não ser o mesmo para outra pessoa, ou pelo menos pode estar fora da sua lista de prioridades/necessidades. Nós, que trabalhamos "em saúde" não entendemos nada sobre… se achamos que já sabemos as respostas. Para mim, que trabalho na área e foco muito mais na "produção de saúde", gostei muito de saber que o conceito é inatingível! Isso faz da "saúde" um horizonte… Porque assim, já percebo que as possíveis respostas não foram enclausuradas nas palavras que o definiriam: o tal de "conceito de saúde". Muito se produz de saúde na relação que construímos com as pessoas. Esse é um caminho delicioso de pensar e produzir saúde. Estar junto, conversar, colocar-se em relação com o outro, sem essa de que sou enfermeira, ou psicólogo, mas que somos pessoas que se encontram, com saberes diferentes, e que podemos trocar e nos divertir buscando a "inatingível saúde"! E não é que a encontramos em vários desses momentos?!!!! A vida é assim, também não conseguimos definí-la, estamos sempre a perseguindo, queremos viver! Pobre da morte, não queremos nem saber?? E ela… a morte, que também faz parte da vida, ainda vaga por aí com um conceito amedrontador, a que tira a vida, a eterna impossibilidade. E eis que surge o inusitado de também ser possível morrer com saúde… ou não seria saúde, decidir onde serão os últimos momentos, na situação de pessoas com doenças terminais, ou ainda aproveitar com certa alegria o conforto e a paz de fazer o que mais se gosta… eu viria me despedir na RHS, por exemplo! Acho mesmo pobre o conceito de saúde, até. Não é só inatingível, mas inimaginável. É singular, subjetivo, isso sim.
Bem-vinda, Josiane!
Luciane – Grupo de cuidadores RHS
Por Josiane Trojahn
Muito bom seu comentário!! Faz-nos refletir um pouco mais sobre o "não falar somente em saúde, mas pensar na morte como fazendo parte da vida". Concordo contigo sobre a perspectiva da morte fazer parte da vida, e ninguém gostar dela, de evitarem-a. Todos nós sabemos que além de ser algo natural nos traz certo repúdio, ninguém gosta de pensar em sofrimento. Isso pelo menos em nossa cultura, que chora a perda de um ente querido. Uma pessoa poder morrer com saúde, ou de aproveitar com saúde seus últimos momentos de vida! Pode-se pensar o conceito de saúde por esse viés, de incrementá-lo a partir dessa noção. Foi muito boa sua reflexão.
Obrigada…
Josiane Trojahn
Por Luciane Régio
Josiane, tem um cara muito legal na rhs, um cuidador muito querido (psicólogo) do CE. Dê uma espiada nos posts dele sobre a morte e o morrer… Duas dicas para encontrá-lo: ou tu digitas o nome dele na barra laranja acima, em "buscar"; ou, quando encontrares o nome dele na rede, seja em post ou comentário, clique sobre o nome… verás o perfil dele e os "posts do blog". Procure por Erasmo Ruiz. Também se digitares no espaço de busca do google aqui da rhs, também o encontra, ok? Lembre, que para isso deverás estar "logada".
Caso não consiga, diga help que te mando uns links 🙂
Bjs, Luciane
Por jaquelineduraes
Josiane, como vai,
Gostaria apenas de acrescentar uma dimensão que foi esquecida. A OMS vê as dimensões BIO-PSICO-SOCIAL E ESPIRITUAL. É claro que não se tem uma pessoa 100% em todas as dimensões. Não é isso que se pretende. A proposta é tentar fazer o máximo possível para que todas as dimensões estejam num equilíbrio razoável. Ou seja, não é só a ausência de doença física que significa saúde. A saúde pressupõe o equilibrio entre as quatro dimensões que vão além da doença, a causa da doença pode estar em uma outra dimensão que não a física, biológica…Pode ser relacional (social), espiritual, ou mental (psíquica)…
Josiane,
Cuide bem dos comentários feitos a partir da tua postagem. São como pedras preciosas.
Não concordo tb com a perspectiva apresentada pelo autor, apesar dele já fazer uma coisa interessante ao problematizar o conceito da OMS. Mas numa disciplina introdutória, problematizar a noção de saúde é fundamental pra forma como irá pensar sua atuação como psico.
Seja bem vinda!!
Douglas
Por Josiane Trojahn
Obrigada professor Douglas!
Tenho cuidado sim com os comentários que respondo!
É muito bom esse local onde trocamos idéias.. Foi uma ótima escolha de avliação feita por você!
Abraço!!
Oi Josi!!
Gostei bastante da tua proposta para o conceito de saúde. O equilíbrio é, sem dúvida o ideal, ainda mais porque, em se tratando de ser humano, nada pode ser considerado 100%.
A pessoa é afetada por tudo o que acontece em seu meio e desta forma, é realmente impossível ter a "saúde perfeita", como nos prpõe a OMS.
Beijos!!
Por Rejane Guedes
Caríssima Josiane.
Sua chegada à rede é muito bem vinda.Por aqui temos compartilhado muitas informações, idéias, experiências, afetos e muito mais.
Navegue um pouco pelos posts e verá inúmeros modos de produção de saúde que podem servir para a questão trazida por você.
Me atrai a idéia de que Pensar a Saúde é pensar modos de existir.
Concordo que é preciso considerar a diversidade no conceito ampliado de saúde. Só fico me perguntando sobre a questão do ‘equilíbrio’ (último parágrafo) , pois esse apregoado termo pode excluir o descomedimento necessário em certos momentos da vida. Não estou fazendo aqui uma apologia ao desequilíbrio, mas ao longo de minha trajetória enquanto nutricionista encontrei certas situações nas quais a pessoa precisa sair do seu eixo para reapropriar-se do seu auto-cuidado, de sua auto-estima, de seu direiro de SER. Por isso, mais do que pensar em conceito de saúde, tenho lançado o olhar sobre as práticas. Essas são curiosamente desequilibradas e ora fomentam excessos, ora exaltam a carência. O que vem a ser equilibrio nesse contexto? É uma questão que precisa ser muito mais pensada individual e coletivamente.
Os alunos do Prof.Douglas estão de parabéns.
Saudações nutritivas. Rejane Guedes- Natal/RN