ATELIÊ DE AUTOFORMAÇÃO HUMANESCENTE
Esse Ateliê teve como objetivo estimular, nos profissionais do nível central da Secretaria de Estado da Saúde Pública do RN-SESAP, a tomada de consciência em relação às suas potencialidades como ativadores de mudança nos espaços do trabalho em saúde. Para isso, foi elaborada uma programação específica, com Experiencialidades Vivenciais e um formulário para arquivo existencial. Acolhimento humanescente: Os profissionais foram acolhidos de forma humanescente em um ambiente de aprendizagem que foi cuidadosamente organizado com cangas coloridas espalhadas pela sala. No centro da sala, uma tolha branca com depósitos plásticos cheios de variadas miniaturas (pessoas, plantas, objetos pessoais, casas, carros etc), lápis coloridos e papel alumínio envolvendo massas de modelar com cores e cheiros.. Ao chegarem à sala, os participantes iniciaram uma caminhada pelo local, conduzidos por uma experiencialidade sensorial corporal de exercícios bioenergéticos que objetivavam o encontro consciente com sua corporeidade.
Momento de Individuação – Após vivenciarem o acolhimento, os educadores foram convidados a se recolherem em um lugar aconchegante, deitar-se e fechar os olhos, iniciando uma viagem interior de resgate autobiográfico (autoconectividade) e inspirado por um fundo musical de acalento que estimulava o processo imaginativo. Os participantes fizeram uma regressão histórica de suas vidas, vendo-se como sujeitos existenciais, cidadãos e profissionais da saúde, identificando os paradigmas dominantes do cuidado no âmbito da atenção integral. O processo vivencial oportunizou a identificação dos momentos significativos de ativação e autonomia no processo do cuidar em saúde.
Vivência Projetiva- Após o intervalo, os participantes do Ateliê foram orientados a reconectar-se consigo mesmo, ainda movidos pela memória imaginativa da vivência, e se dirigirem aos depósitos plásticos escolhendo as miniaturas apropriadas para projeção, através de desenho e modelagem, do cenário vivenciado por eles, a partir do processo regressivo de suas historias, expressando as sensações vividas no momento de individuação, ou seja, como está se dando, no cotidiano, a relação consigo mesmo e com o contexto do trabalho. Foi a possibilidade do reconhecer-se como ser humano, cidadão e profissional no espaço da vida e do trabalho em saúde. Permitiram fluir a criatividade e a ludicidade a partir de uma reflexividade histórica expressa pelos cenários construídos com as miniaturas expressas de forma projetiva,
Mandala Humanopoiética: Ao final, os participantes, sentaramm-se com seus cenários expostos na roda (mandala humanopoiética) para socializar os sentimentos, emoções e percepções relacionadas às experiências vivenciais. Foi possível abrir um espaço e um tempo de ressonância para que os participantes elaborassem a emergência do sentido, a partir dos conceitos de integralidade e equidade, sentido e significação do cuidado em saúde. Ao final, os profissionais da saúde foram levados a tomar uma decisão em relação à sua prática pessoal e profissional, enquanto ser autônomo, capazes de autoestruturar-se (autopoiese), e a identificar suas âncoras no contexto sócio-político do trabalho em saúde.
Por Rejane Guedes
Querida Ana Tânia.
Seu relato ativa conexões com algumas reflexões que hoje ocupam meu cenário mental, num domingo de ‘quase novembro’.
A questão de apenas pensar, não basta para compreender o que o cenário de nossa vida está refletindo. Os discursos são estratégias poderosas para forjar em nós os pensamentos que nos aprisionam, como uma teia invisível. Nessa teia nos enovelamos, em parte consciente, em parte inconscientemente.
Dai a importância do experienciar, do sentir e do agir, que você conduz tão bem.
Agradeço e me considero privilegiada por ter participado.
Lembro de um efeito posterior ao encontro vivencial da SESAP, que foi a aproximação de pessoas que antes se esbarravam pelos elevadores e corredores e não percebiam a presença do outro (que, de certo modo, é o espelho de nós mesmos).
Nesse espaço e tempo pudemos sentir a reverberação de nossas vibrações, de nossas emanações, de nossas conexões com histórias e memórias individuais e coletivas.
Abraço aquecido pela alegria. Rejane Guedes